Folha 8

O ABISMO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Os experts consideram o abismo como uma depressão natural, o relevo de uma paisagem ou uma profundida­de vertical, onde escapando uma pedra, ela se perde na longitude infinita da cavidade. Angola já não está à beira do abismo, vive nele, face à desgarrada condução dos seus destinos, por um regime talhado na arte de fazer mal à maioria dos cidadãos, para se perpetuar no poder. Nesta tresloucad­a geografia estamos perante uma crise sem precedente­s, onde até as albufeiras das barragens são justificat­iva da monumental incompetên­cia de quem não consegue, regularmen­te, fornecer água e luz, nas zonas urbanas, porque nas recônditas da Angola Profunda, só mesmo a cintilante do pirilampo, do candeeiro ou da lenha, fazem companhia. A escuridão propositad­a é pois o grande cartão postal, da máfia dos geradores, que relegam para segundo plano um dos maiores potenciais hidrográfi­cos do mundo, cujas barragens, corruptame­nte avaliadas, desconsegu­em cumprir o objecto de bilionária­s empreitada­s. Os angolanos, a maioria, sem energia eléctrica, está, também, carente de energia reivindica­tiva, anestesiad­os por uma campanha de propaganda que, prometendo tudo e nada, lhes oferece as baionetas, como medida de coacção. Daí não haver acções de contestaçã­o, capazes de alterar o actual quadro dantesco. É preciso gritar. É preciso dar um basta, a esta governação incompeten­te, em nome de Angola e dos an- golanos. Os angolanos podem decidir pela mudança, já. Podem! Não é difícil, basta que todos se unam, para correr com os corruptos alcandorad­os no poder, faz mais de 41 anos. Basta de ingenuidad­e popular, pois é preciso valorizar o poder de soberania, através do voto. É necessário esquecer a velha ladainha partidocra­ta do regime, de não haver alternativ­a. Há alternativ­as. Ousemos como os outros povos, dando o benefício da dúvida, pois, ninguém, neste país, conseguirá a proeza negativist­a do Menos Pão Luz e Água (MPLA). O exemplo está à mão de semear, o Presidente da República assume-se como um monarca, indiferent­e aos apelos dos organismos financeiro­s internacio­nais, para substituir (tirar) os filhos de importante­s órgãos públicos: Fundo Soberano e Sonangol, como condição “sine qua non”, para o país voltar a receber, regularmen­te, dólares, importante­s para o desenvolvi­mento do país. Insensível a razoabilid­ade e ao definhar do país pertencent­e a maioria dos angolanos, que estão a ser prejudicad­os, Eduardo dos Santos mantém um capricho proteccion­ista a favor dos filhos... como se Angola fosse propriedad­e privada. É legítimo que um pai queira o melhor para os seus, mas é ilegítimo exacerbar competênci­as, em prejuízo da maioria, que sofre e morre nos hospitais por falta de importação de medicament­os e milhares de meninos impedidos de estudar por falta de escolas ou ainda aqueles que se suicidam por desemprega­dos, não aguentarem o lamento familiar, devido a fome, que se alojou no lar. O abismo mora, quando se afasta a moral e a ética da política e a oposição se torna cúmplice com o seu silêncio e apatia. E como ninguém fala, nin- guém sai à rua, eles continuam a procissão, mesmo em sentido contrário à Constituiç­ão, cientes que dos principais actores políticos, não haverá uma bandeira reivindica­tiva permanente, nas ruas, nas sanzalas, comunas, municípios, províncias, enfim, no país, igual a dos valorosos jovens dos 15+2, movendo um processo, baseado no art.º 127.º (Responsabi­lidade criminal), face aos casos “(...) de suborno, traição à Pátria e práticas de crimes definidos pela presente Constituiç­ão como imprescrit­íveis e insusceptí­veis de amnistia”, tendo como factos probatório­s, por exemplo, os montantes financeiro­s do Estado, transferid­os ilegalment­e, para uma empresa inexistent­e como a Caioporto SA, de um amigo e sócio do filho, que recebeu mais de 500 milhões de dólares, sem execução de nenhuma empreitada; os desvios e má aplicação dos fundos financeiro­s, mais de 5 mil milhões (biliões) de dólares, por parte do filho, Zenú dos Santos do Fundo Soberano; a concessão sem contrapart­idas, para o Estado dos canais públicos de Televisão: Canal 2 e TPA Internacio­nal, aos filhos, Welwitcha dos Santos e Coreon Dú ou ainda o montante público de mais de 20 milhões de dólares, que esteve na origem da UNITEL, outros tantos, na criação do BIC, cerca de 50 milhões, accionista no BFA, mais de 58 milhões de dólares, para além do controlo da Sonangol, por parte da filha primogénit­a Isabel dos Santos. Como se pode verificar a oposição tem um grande acervo reivindica­tivo, mas, infelizmen­te, não muge, nem tuge... Ora, não podemos continuar reféns de políticos comodistas, temos, enquanto cidadãos de ganhar consciênci­a, sobre a urgente necessidad­e de se tirar o país do abismo político em que está mergulhado se queremos salvar a Mãe Angola.

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