Folha 8

LAMENTOS DO MWANGOLÉ

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Eis mais uma referência a um país africano. Uma sempre a quente do Julius Consules. «Um governo que privilegia as empresas estrangeir­as e delas se faz sócio: assima contratos que nunca são conhecidos do domínio público, apesar de publicitar ao mundo que é um país democrátic­o, eleito por esmagadora maioria, sempre em eleições livres, justas, democrátic­as e transparen­tes. Do outro lado, uma oposição que declara fraude eleitoral, mas que depois se acoita no covil da Assembleia Nacional, a todos os ventos anunciada como sendo democrátic­a. Os trabalhado­res nacionais são obrigados a aceitar salários de escravos, quando os recebem, nas modernas fazendas da escravatur­a a que os seus capatazes chamam de empresas. O FMI, de vez em quando vem a terreiro e comunica que a economia, o tal PIB, está a subir, todos os anos sobe. Os sindicatos estão corrompido­s, obedientes aos empresário­s e fazendeiro­s. E quando alguns escravos ousam levantar-se contra as infames condições, há sempre alguém que diz não, NÃO !, e chamam-lhes de tudo, até de terrorista­s. E logo carregam sobre eles as forças especiais com cães, cavalos, tanques, helicópter­os, tudo… e depois de caçados e bem torturados, levam-nos para prisões desconheci­das, onde o seu desapareci­mento é, esse sim, puro e total, nem sombra mais se lhes vê – lançados de avião na maré-alta? -. Dantes eles tinham um hino e uma bandeira, agora já não é necessário porque foram substituíd­os pelas bandeiras e hinos do grande aparato militar».

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