LAMENTOS DO MWANGOLÉ
Eis mais uma referência a um país africano. Uma sempre a quente do Julius Consules. «Um governo que privilegia as empresas estrangeiras e delas se faz sócio: assima contratos que nunca são conhecidos do domínio público, apesar de publicitar ao mundo que é um país democrático, eleito por esmagadora maioria, sempre em eleições livres, justas, democráticas e transparentes. Do outro lado, uma oposição que declara fraude eleitoral, mas que depois se acoita no covil da Assembleia Nacional, a todos os ventos anunciada como sendo democrática. Os trabalhadores nacionais são obrigados a aceitar salários de escravos, quando os recebem, nas modernas fazendas da escravatura a que os seus capatazes chamam de empresas. O FMI, de vez em quando vem a terreiro e comunica que a economia, o tal PIB, está a subir, todos os anos sobe. Os sindicatos estão corrompidos, obedientes aos empresários e fazendeiros. E quando alguns escravos ousam levantar-se contra as infames condições, há sempre alguém que diz não, NÃO !, e chamam-lhes de tudo, até de terroristas. E logo carregam sobre eles as forças especiais com cães, cavalos, tanques, helicópteros, tudo… e depois de caçados e bem torturados, levam-nos para prisões desconhecidas, onde o seu desaparecimento é, esse sim, puro e total, nem sombra mais se lhes vê – lançados de avião na maré-alta? -. Dantes eles tinham um hino e uma bandeira, agora já não é necessário porque foram substituídos pelas bandeiras e hinos do grande aparato militar».