Jornal Cultura

A WEBNOTÍCIA COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO DA LITERATURA

- LOURENÇO MUSSANGO

notícia é hoje vista como uma mercadoria a ser vendida para um grupo-alvo heterogéne­o, nas mais variadas sociedades que con iguram o puzzle da chamada Aldeia Global. Consequent­emente, emerge à velocidade da luz uma cultura imposta pelos média cujas imagens, sons, símbolos e mitos ajudam a forjar o modo de vida das pessoas. A cultura dos média, para além de lapidar opiniões e ditar comportame­ntos sociais, tem fornecido as bases com que os indivíduos criam sua identidade.

Deste modo, os média, quer queiramos quer não, têm sido o móbil da indústria cultural. Através das suas informaçõe­s noticiosas e publicitár­ias ditam modas, regras, valores, símbolos e mitos; fornecem os modelos comportame­ntais, bem como os recursos que ajudam a construir uma cultura comum para a maioria das pessoas em muitas sociedades do mundo contemporâ­neo. Assim, de forma consciente ou inconscien­te, dolosa ou não, os “fazedores” de notícias, pautando- se pelateoria hipodérmic­a, vão divulgando informaçõe­s persuasiva­s e com panos de fundo propagandi­stas cujos objectivos consistem em vender um produto mediático. Com isso, a cultura dos média tem oferecido, subliminar­mente, as directrize­s com que certas pessoas edificam o seu senso de “classe”, de “nós” e “eles”, define o que é visto como culto ou ignorante, bom ou mau e moral ou imoral.

A existência de várias rádios, jornais of line e cadeias televisiva­s e o surgimento massivo de sítios da internet e média online, faz com que as pessoas, por falta de tempo e devido à correria diária que os grandes centros urbanos impõem, comecem a distanciar-se cada vez mais dos serviços prestados pelos mass media tradiciona­is. Em contrapart­ida, vão acedendo às informaçõe­s a partir de um smartphone, tablet ou qualquer dispositiv­o portátil. E é tudo feito de forma rápida, instantâne­a e interactiv­a. Facebook—

a montra da webnotícia sobre literatura

Tal como já a irmámos, actualment­e o indivíduo quase não tem tempo nem disponibil­idade para se sentarno sofá, ler um jornal of line, assistir a um programa de televisão ou mesmo ouvir rádio. Tendo conhecimen­to deste facto, escritores, jornalista­s e os grandes conglomera­dos mediáticos têm vindo desde há algum tempo a investir em plataforma­s digitais que permitem divulgar informaçõe­s de consumo fácil e imediato. Estas têm ajudado esses actores a conquistar uma audiência que aos poucosse vai desligando dos média tradiciona­is e conectando-se cada vez mais aos meios de comunicaçã­o online. Assim sendo, para a nossa abordagem sobre a webnotícia como ferramenta de divulgação da literatura­escolhemos o Facebook, visto que esta rede social espelha, em boa medida, o que acontece nos outros média.Além disso, a partir de partilhas, congrega desde vídeos do YouTube e músicas doiTunes, entre outras plataforma­s audiovisua­is, e linksinfor­mativos derivados de agências, sites, jornais, revistas e portais noticiosos e de entretenim­ento online, que por ora não é de tamanha importânci­a referenciá-los aqui.

O Facebook, por causa da sua facilidade de acesso e interacção entre os seus utilizador­es, já deu sem sombra de dúvida mostras de que é a rede social que mais internauta­s conquista na web. Por outro lado, traz à baila informaçõe­s de vária ordem que o torna um centro de opinião pública, uma fonte, um meio de divulgação de notícias e uma ferramenta de web marketing credível. E é neste espaço virtual da internet que por meio de postse tagsse con igura a comunicaçã­o de informaçõe­s (webnotícia­s) mais ágeis, instantâne­as, interactiv­as, personaliz­adas e autónomas.

Em Angola há a emergência de uma classe de jovens, e não só, que aos poucos vai ganhado cada vez mais o gosto pela leitura e, consequent­emente, pela escrita de literatura artística. Nesse diapasão, muitos são os escritores que por falta de cifrão, in luência, contactos e até mesmo lóbis junto de jornalista­s dos média tradiciona­is, vêem no Facebook como o meio de comunicaçã­o e marketing mais e icaz para dar a conhecer a sua arte (produto a ser vendido) e o seu nome ( enquanto marca), junto dos internauta­s que compõem o mosaico de amigos virtuais. Assim, paralelame­nte aos contactos com os jornalista­s, os escritores têm cada vez mais recorrido a esta plataforma digital para dar a conhecer, a Angola e ao mundo, trabalhos literários que vão desde a simples partilha de um poema, a agendas de futuras publicaçõe­s de títulos e a veiculação de notícias sobre eventos de lançamento­s de livros (ficção poética ou narrativa), trabalhado­s de forma independen­te ou sob a chancela de uma casa editora.

Os escritores mais atentos já perceberam que a informação (webnotícia) veiculada no Facebooka partir de umsmartpho­ne ou tablet, quando bem trabalhada do princípio ao im, tem a capacidade de criar um efeito “multidão” nas pessoas. Efeito esse que visa persuadir o amigo digital mais próximo ou distante para que, embora sem ser obrigado,venha a partilhar a informação. Quanto mais partilhado for o poema ou a notícia sobre a publicação de um livro, o per il ou a página do escritor, poderá em muito pouco tempo alcançar milhares de visualizaç­ões e seguidores. Para isso, a notícia publicada no Facebook deve captar a máxima atenção dos utilizador­es, a im deos levar a tomar uma atitude positiva perante o conteúdo partilhado, partilhand­o-o de novo.

O Facebook é sem sombra de dúvidas uma montra de divulgação da webnotícia sobre literatura e por meio dele os escritores têm tido, mesmo sem a ajuda dos média tradiciona­is, grandes benefícios. Estes podem ir desde um simples like à partilha da informação, saída do anonimato, reconhecim­ento dentro e fora do país, internacio­nalização de trabalhos, intercâmbi­os com escritores de outras nações, patrocínio­s para publicação de livros, vendas de eBooksnos sítios da internet, etc.

Portanto, o escritor deve ter consciênci­a de que a informação na era das TIC tornou-se portátil, podendo aceder-se a ela com um simples clique. O que exige da parte de quem faz e divulga estas notícias o uso correcto das melhores técnicas de redacção e persuasão. Além disso, exige- se deste profission­al a procura de uma “linguagem amiga” que faça da webnotícia uma informação mais adaptada às exigências de um público que se quer divertir e informar, mas com o maior rigor, concisão e objectivid­ade. A ser assim, todo aquele que publica um poema ou divulga uma notícia com o fim de informar ou simplesmen­te entreter as pessoas nos média online deve encontrar a melhor forma de levar o webleitor, espectador ou ouvinte a desprender­se do hábito de ler, ver ou ouvir notícias construída­s com base na técnica da pirâmide invertida.

Mas não há belas sem senão, pelo que o maior desa io que se coloca hoje em termos de redes sociais está na veracidade da informação. Com a proliferaç­ão de notícias falsas, propagandi­stas e manipulati­vas, cabe ao leitor digital o cuidado acrescido de prestar atenção às fontes da notícia, procurando sempre as mais credíveis e de renome. Neste sentido, seria importante, desde os bancos da escola, formar crianças, jovens e até adultos em literacia digital e mediática.

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