A WEBNOTÍCIA COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO DA LITERATURA
notícia é hoje vista como uma mercadoria a ser vendida para um grupo-alvo heterogéneo, nas mais variadas sociedades que con iguram o puzzle da chamada Aldeia Global. Consequentemente, emerge à velocidade da luz uma cultura imposta pelos média cujas imagens, sons, símbolos e mitos ajudam a forjar o modo de vida das pessoas. A cultura dos média, para além de lapidar opiniões e ditar comportamentos sociais, tem fornecido as bases com que os indivíduos criam sua identidade.
Deste modo, os média, quer queiramos quer não, têm sido o móbil da indústria cultural. Através das suas informações noticiosas e publicitárias ditam modas, regras, valores, símbolos e mitos; fornecem os modelos comportamentais, bem como os recursos que ajudam a construir uma cultura comum para a maioria das pessoas em muitas sociedades do mundo contemporâneo. Assim, de forma consciente ou inconsciente, dolosa ou não, os “fazedores” de notícias, pautando- se pelateoria hipodérmica, vão divulgando informações persuasivas e com panos de fundo propagandistas cujos objectivos consistem em vender um produto mediático. Com isso, a cultura dos média tem oferecido, subliminarmente, as directrizes com que certas pessoas edificam o seu senso de “classe”, de “nós” e “eles”, define o que é visto como culto ou ignorante, bom ou mau e moral ou imoral.
A existência de várias rádios, jornais of line e cadeias televisivas e o surgimento massivo de sítios da internet e média online, faz com que as pessoas, por falta de tempo e devido à correria diária que os grandes centros urbanos impõem, comecem a distanciar-se cada vez mais dos serviços prestados pelos mass media tradicionais. Em contrapartida, vão acedendo às informações a partir de um smartphone, tablet ou qualquer dispositivo portátil. E é tudo feito de forma rápida, instantânea e interactiva. Facebook—
a montra da webnotícia sobre literatura
Tal como já a irmámos, actualmente o indivíduo quase não tem tempo nem disponibilidade para se sentarno sofá, ler um jornal of line, assistir a um programa de televisão ou mesmo ouvir rádio. Tendo conhecimento deste facto, escritores, jornalistas e os grandes conglomerados mediáticos têm vindo desde há algum tempo a investir em plataformas digitais que permitem divulgar informações de consumo fácil e imediato. Estas têm ajudado esses actores a conquistar uma audiência que aos poucosse vai desligando dos média tradicionais e conectando-se cada vez mais aos meios de comunicação online. Assim sendo, para a nossa abordagem sobre a webnotícia como ferramenta de divulgação da literaturaescolhemos o Facebook, visto que esta rede social espelha, em boa medida, o que acontece nos outros média.Além disso, a partir de partilhas, congrega desde vídeos do YouTube e músicas doiTunes, entre outras plataformas audiovisuais, e linksinformativos derivados de agências, sites, jornais, revistas e portais noticiosos e de entretenimento online, que por ora não é de tamanha importância referenciá-los aqui.
O Facebook, por causa da sua facilidade de acesso e interacção entre os seus utilizadores, já deu sem sombra de dúvida mostras de que é a rede social que mais internautas conquista na web. Por outro lado, traz à baila informações de vária ordem que o torna um centro de opinião pública, uma fonte, um meio de divulgação de notícias e uma ferramenta de web marketing credível. E é neste espaço virtual da internet que por meio de postse tagsse con igura a comunicação de informações (webnotícias) mais ágeis, instantâneas, interactivas, personalizadas e autónomas.
Em Angola há a emergência de uma classe de jovens, e não só, que aos poucos vai ganhado cada vez mais o gosto pela leitura e, consequentemente, pela escrita de literatura artística. Nesse diapasão, muitos são os escritores que por falta de cifrão, in luência, contactos e até mesmo lóbis junto de jornalistas dos média tradicionais, vêem no Facebook como o meio de comunicação e marketing mais e icaz para dar a conhecer a sua arte (produto a ser vendido) e o seu nome ( enquanto marca), junto dos internautas que compõem o mosaico de amigos virtuais. Assim, paralelamente aos contactos com os jornalistas, os escritores têm cada vez mais recorrido a esta plataforma digital para dar a conhecer, a Angola e ao mundo, trabalhos literários que vão desde a simples partilha de um poema, a agendas de futuras publicações de títulos e a veiculação de notícias sobre eventos de lançamentos de livros (ficção poética ou narrativa), trabalhados de forma independente ou sob a chancela de uma casa editora.
Os escritores mais atentos já perceberam que a informação (webnotícia) veiculada no Facebooka partir de umsmartphone ou tablet, quando bem trabalhada do princípio ao im, tem a capacidade de criar um efeito “multidão” nas pessoas. Efeito esse que visa persuadir o amigo digital mais próximo ou distante para que, embora sem ser obrigado,venha a partilhar a informação. Quanto mais partilhado for o poema ou a notícia sobre a publicação de um livro, o per il ou a página do escritor, poderá em muito pouco tempo alcançar milhares de visualizações e seguidores. Para isso, a notícia publicada no Facebook deve captar a máxima atenção dos utilizadores, a im deos levar a tomar uma atitude positiva perante o conteúdo partilhado, partilhando-o de novo.
O Facebook é sem sombra de dúvidas uma montra de divulgação da webnotícia sobre literatura e por meio dele os escritores têm tido, mesmo sem a ajuda dos média tradicionais, grandes benefícios. Estes podem ir desde um simples like à partilha da informação, saída do anonimato, reconhecimento dentro e fora do país, internacionalização de trabalhos, intercâmbios com escritores de outras nações, patrocínios para publicação de livros, vendas de eBooksnos sítios da internet, etc.
Portanto, o escritor deve ter consciência de que a informação na era das TIC tornou-se portátil, podendo aceder-se a ela com um simples clique. O que exige da parte de quem faz e divulga estas notícias o uso correcto das melhores técnicas de redacção e persuasão. Além disso, exige- se deste profissional a procura de uma “linguagem amiga” que faça da webnotícia uma informação mais adaptada às exigências de um público que se quer divertir e informar, mas com o maior rigor, concisão e objectividade. A ser assim, todo aquele que publica um poema ou divulga uma notícia com o fim de informar ou simplesmente entreter as pessoas nos média online deve encontrar a melhor forma de levar o webleitor, espectador ou ouvinte a desprenderse do hábito de ler, ver ou ouvir notícias construídas com base na técnica da pirâmide invertida.
Mas não há belas sem senão, pelo que o maior desa io que se coloca hoje em termos de redes sociais está na veracidade da informação. Com a proliferação de notícias falsas, propagandistas e manipulativas, cabe ao leitor digital o cuidado acrescido de prestar atenção às fontes da notícia, procurando sempre as mais credíveis e de renome. Neste sentido, seria importante, desde os bancos da escola, formar crianças, jovens e até adultos em literacia digital e mediática.