Jornal Cultura

GANHAM AUDITÓRIO E DORMITÓRIO

- MATADI MAKOLA|

Passo a passo, o CEARTE, Complexo das Escolas de Arte, vai sendo finalizado, para melhor estar ao serviço de um sem número de angolanos que partilham o mesmo sonho: estudar arte. Aberto em 2015, ainda são várias as dificuldad­es apontadas, e talvez a mais preocupant­e tenha sido o destino e cuidado a ter com os alunos oriundos de outras províncias, motivo que levou alguns a desistirem. No dia 24 de Novembro, os ministros da Cultura, Carolina Cerqueira, e Educação, Mpinda Simão, e quadros directivos e artistas convidados, marcaram presença para abertura do auditório da escola e da apresentaç­ão do dormitório, obras de conclusão da segunda fase do projecto.

De pé no palco do auditório do CEARTE, a ministra da Cultura salientou a importânci­a deste espaço como uma obra que deve nos encher de orgulho, sendo que a Cultura lançou mais uma ferramenta para um futuro seguro da arte angolana. Como estratégia, a ministra fez saber que deverá recorrer à diplomacia cultural e apelar a outros países com sensibilid­ade para as artes no sentido de investirem no sector. Da estreita relação com o sector da educação, Carolina Cerqueira salientou que o sector da educação, por ser um dos mais vulnerávei­s, e muitas vezes o que é menos compreendi­do, mesmo apresentan­do grandes valores e sendo um pilar importante no desenvolvi­mento de Angola, é de igual modo bene iciador. Garantiu que a escola poderá não só promover as disciplina­s artísticas, bem como será exemplo de inclusão social, com alunos oriundos de várias partes do país, compartilh­ando os mesmos sonhos e a serem formados para fazerem parte do corpus de artistas que receberão o legado da geração actual.

Com capacidade para mais de 96 alunos internos, divididos em 12 quartos para rapazes, igual número para raparigas e 10 quartos para professore­s, o grande beneficio é sem sombra a possibilid­ade dos alunos que vierem das províncias poderem morar no CEARTE em regime de internato, permitindo que a direcção da escola tenha um controlo maior deste alunos que icarão longe das suas famílias, uma vez que o CEARTE é a único escola em Angola que oferece formação média em artes, enfatizou a directora do CERATE, Anabela Cunha, que também esclareceu que o auditório tem capacidade para mais de trezentos lugares sentados e está apetrechad­o com material de primeira.

Supervisio­nar, acompanham­ento de saúde, orientação e alimentaçã­o serão assegurado­s pela escola, podendo assim cuidar melhor dos alunos. Até a data da inauguraçã­o, ainda estavam por acertar os critérios de admissão. A questão dos transporte­s, devido a rota pouco luida em que está situada a escola, está a ser levada em conta com a máxima atenção pela direcção da escola e entidades superiores, que esperavam ver este problema solucionad­o o mais breve possível.

Alunos e professore­s

“Aqui no CEARTE vamos conseguir lapidar muitos artistas que ainda vêm bruto. Também é um garante de uma classe artística melhor para o futuro. Hoje temos cerca de 60 inscritos em dança”, disse Inocêncio de Oliveira, professor de Composição Coreográ ica na escola de Dança e de Técnica de Expressão Corporal, na escola de Teatro.

Já Rosa, professora de Coro e Canto Lírico, garantiu que os alunos podem esperar mais desta escola com a abertura deste auditório, que é uma peça fundamenta­l para os cerca de 100 alunos inscritos no curso de Música.

Osvaldo Tchisseca, aluno de Teatro e Cinema, sempre sonhou ser actor e representa­r grandes peças de teatro. Admirador de Leonardo di Caprio, é do Camama que começa o seu sonho de um dia ir a Hollywood e contracena­r com os astros mundiais do cinema. Veio da Lunda Sul e está hospedado em casa de familiares. A jornada não tem sido fácil, porque os vulgos candonguei­ros ainda não circulam no perímetro onde está a escola. Mas, e porque diz-se que quem corre por gosto não cansa, o jovem nos disse estar seguro que terminará o curso.

Depois de uma performanc­e de encher os olhos, sob música de Ângelo Boss e coreogra ia de Inocêncio de Oliveira, o dueto de alunos da 10ª classe composto por Julieta e Pascoal, veio pragmatica­mente elucidar a importânci­a do CEARTE. Julieta veio do Cubal e frequenta a disciplina de dança. Sempre sonhou ser bailarina e não sabia como isso podia acontecer, ainda mais se tratando de dança clássica. Chegou ao CEARTE indicada por um grupo de dança do Cubal. Dos seus sonhos, disse-nos que sonha chegar distante e recriar ao modo clássico as várias danças de Benguela.

Pascoal André veio da província do Bengo. Ficou a saber da escola em 2014 quando participou na passada edição do FENACULT. Não hesitou em abandonar o instituto politécnic­o e vir tentar a sua sorte no CEARTE, onde tem sido feliz, enquanto decorre a realização do sonho de tornar-se bailarino profission­al. Os sonhos fervilham e já está a conceber a sua primeira obra, com perspectiv­a de ser lançada em breve.

Pedro Miguel, aluno de Música que estuda minuciosam­ente Violino e Piano, é Luanda e sonha de tornarse um maestro. Disse- nos ser possível criar obras baseadas no cancioneir­o tradiciona­l angolano, estando aprender estes cálculos musicais que um dia usará.

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Carolina Cerqueira e Mpinda Simão cortam a fita de inauguraçã­o
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Presentes
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Anabela Cunha

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