Jornal Cultura

TEREZA DE BENGUELA A RAINHA NEGRA DE MATO GROSSO

- CLÁUDIA VITALINO |

Tereza de Benguela foi uma liderança quilombola que viveu no século XVIII. Mulher de José Piolho, que che iava o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Quando seu marido morreu, Tereza assumiu o comando daquela comunidade quilombola, revelando-se uma líder ainda mais implacável e obstinada Benguela comandou a estrutura política, económica e administra­tiva do Quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou resgatadas das vilas próximas.

Os objectos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transforma­dos em instrument­o de trabalho, visto que dominavam o uso da forja.

O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheir­o para a rainha, desenvolvi­a agricultur­a de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comerciali­zados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes alente e guerreira ela comandou o Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, não se sabe se africana ou brasileira. Dizem que liderou um levante de negros e índios, instalando-se próximo a Cuiabá, não muito longe da fronteira com a actual Bolívia. Durante décadas, Teresa esteve à frente do quilombo, o qual sobreviveu até 1770, século XVIII.

No período colonial e pós-colonial no Brasil, os quilombos, espaços de resistênci­a de homens e mulheres negros, reuniam milhares de habitantes, dentre eles negros/as, indígenas e brancos pobres. Estes habitantes eram denominado­s de quilombola­s ou mocambeiro­s. Estes termos aparecem na documentaç­ão desde o século XVI.

O quilombo mais conhecido entre nós é o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. Este quilombo é considerad­o por muitos especialis­tas um “estado africano no Brasil”, por outros é considerad­o a “República de Palmares” devido sua extensão territoria­l. Seu líder Zumbi dos Palmares foi decapitado, no entanto a historiogr­a ia não sabe precisar ao certo como se deu sua morte.

O que sabemos é que Zumbi faleceu no dia 20 de novembro de 1695. Por isso, o dia da Consciênci­a Negra é comemorado nesta data, com a inalidade de homenagear toda a população negra que lutou bravamente pela libertação do açoite, que liderou levantes em busca da liberdade e que construiu o patrimônio social e cultural brasileiro.

A Coroa Portuguesa, junto à elite local agiu rápido e enviou uma bandeira de alto poder de fogo para eliminar os quilombola­s. Tereza de Benguela foi presa. Não se submetendo a situação de escravizad­a, suicidou-se.

Nossa homenagem, em especial, às mulheres negras quilombola­s que resistiram bravamente à opressão e lutaram pela libertação de seu povo.

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