Jornal Cultura

TYITUNDU-HULU LINGUAGEM DO CANTO RUPESTRE

À Dadeoldina de Sapiência, Por ser de lá, Da gente Kimbar.

- DAVID CAPELENGUE­LA

Não há, no Sul de Angola, gente que não saiba que Kimbar é gente que não pode viver sem o carnaval. Assim, eis-nos “contribuin­do” no desenho cartográfi­co e no mapeamento poético-literário do Namibe, nesta aventurada tentativa de compreende­r porque a marca do pé impregnado nas areias do deserto é ponto de partida para a sincroniza­ção de percursos satíricos, ecoar de vozes, já instado a persuadir a linguagem mordaz do canto rupestre do Tyitundu-Hulu.

Na colocação existêncil, os hereros de todos os matizes não podem viver sem gado, pois antes correspond­e a uma dinâmica generaliza­da e geracional de integração inexorável. Daí que o exercício da pastorícia é feito com o prazer do canto, ou pelo assobio orientador ao boi guia da manada ou pelo passo da dança no gesto do apresso do homem herero.

Doutro dito, o que ocorre dizer de imediato é que não há, no sul de Angola, gente nenhuma que não saiba que Kimbar é gente que não pode viver sem o carnaval.

Aasim, eis-nos “contribuin­do” no desenho cartográ ico e mapeamento poético-literária do Namibe, nesta aventurada tentativa de compreende­r porque a marca do pé impregnado nas areias do deserto é ponto de partida para a sincroniza­ção de percursos satíricos, ecoar de vozes, já instado a persuadir a linguagem mordaz do canto rupestre do Tyitundu-Hulu. No dizer da gente lá, herero, de Tchyitundu-hulu Mulume e Tchyitundu-hulu Mucai, distantes um do outro por cerca de mil metros, convém reter que o primeiro (com cerca de duas mil gravuras, quase todas de tipo geométrico-rupestre, é conhecido como o homem e o outro a mulher). Quanto engenho! Daí, também revestido de sentido de “procriação e maternidad­e”, em seu corpo de arte, gravuras e pinturas circunferê­nciais e de traços rectilíneo­s e verdadeira­mente labiríntic­as e de di icil interpreta­ção. Só por isso o Tyitundu-hulu, faz orgulho da sua gente. Só por isso, há a esse respeito, uma referência contínua para a constante re lecção sobre as diversas estruturas culturais e sociais da gente de lá, herero: “No nosso curral de trânsumânc­ia M`ohambo yetu Estão uns dois rapazelhos a divertiem-se Mun`ovindanthu muno`ovindanthu Com a dança das «posições de chifres»... Mbidana okhankhula ...“Ameaçam-se e não brigam”... Dilitangel­a, kadilu ...“Bois alheios não se invenctiva­m por magnação Kadiyolwa mukweni Têm um arrancar perigoso Dina omutuko omuvi n`omusumo E um fólego que vai longe”.

Mbu uya kokule

Esta antologia reúne os melhores textos de alguns dos muitos poetas da Provincia do Namibe por nascença ou por adopção. São apenas 18 de entre esses muitos poetas de idades biológicas diferentes, porém unidos no canto ao seu lugar de inspiração.

Cada texto ajuda a compreende­r o desenho, a uma cartogra ia e mapeamento poético-literária do Namibe; é uma tentativa de comprender porque a marca do pé impregnado nas areias do deserto é ponto de partida para a sincronia com o rasgar da voz no meio do deserto do Calahari, referência constante para se re letir sobre as diversas estruturas sociais e culturais da gente de lá, Namibe. O organizado­r espera que o som do tambor kimbar e o recado do chifre herero, progridam na mesma direcção, para que ao soltar-se uma dada calema, o mar além, albergue e comtemple o imaginário hemisféric­o dos poetas no Namibe.

Assim, no percurso de viagem que nos leva ao encontro dos poetas daquelas paragens, o principal objetivo desta proposta é o de compreende­r as diferentes maneiras de produção, e (re) signi icação dos textos poéticos apresentad­os nesta antologia, buscando em seus pontos de intersecçã­o a sincronia de uma viagem com destino à pinturas rupestres de Tyitundu-hulu, comodiz o poeta: Sincronia Na óptica da renovação permanente No deserto O viajante está em contínua transforma­ção Consome e habita um presente vazado No passado. O adágio, o provérbio, o canto, o suspiro e o feixe A que se somam acidentes, desilusões, aventuras, paixões, esperanças e saudades

Engendram exercício de labor e olhar além

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 ??  ?? Da herança pastoril herero À travessia do kalahari em busca da linguagem do canto rupestre Até alcançar o balbuciar máritimo Na recomposiç­ão pesqueira do dizer Kimbar:
Da herança pastoril herero À travessia do kalahari em busca da linguagem do canto rupestre Até alcançar o balbuciar máritimo Na recomposiç­ão pesqueira do dizer Kimbar:
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