Privados promovem o emprego
Ministro da Economia anuncia que a taxa de inflação em Junho ficou acima dos 30 por cento
O ministro da Economia, Abraão Gourgel, disse ontem em Luanda que o apoio ao investimento privado na indústria transformadora é fundamental para o desenvolvimento equilibrado da economia e crescimento do emprego em Angola. Abraão Gourgel falava numa conferência sobre o investimento privado na indústria transformadora.
O ministro da Economia, Abrahão Gourgel, disse ontem em Luanda que o apoio ao investimento privado na indústria transformadora é fundamental para o desenvolvimento equilibrado da economia e ao crescimento do emprego em Angola.
Abrahão Gourgel, que falava numa conferência sobre o investimento privado na indústria transformadora, afirmou que o Executivo está atento e considera a promoção de condições para o crescimento do investimento privado sem o apoio directo do Estado uma prioridade na ordem da política económica e industrial do país.
“A aceleração da diversidade exige uma parceria do Estado com o sector privado para partilha do conhecimento tecnológico e empresarial, mas também para diversificar as fontes de investimento para além do Estado”, disse Abrahão Gourgel. O ministro informou que em Angola a formação bruta do capital fixo privado representa uma cifra abaixo dos cinco por cento do PIB, abaixo, segundo o Banco Mundial, dos valores entre 10 e 15 por cento na África do Sul e superiores a 15 e 20 por cento na Namíbia e no Botswana. “O crescimento do investimento privado na indústria transformadora é crucial para acelerar a diversificação da economia nacional e vai permitir a substituição de importações no futuro e a criação de novas exportações. Estes factores são determinantes no equilíbrio da balança de transacções e na balança de pagamentos”, frisou o ministro.
O governante destacou que existem excelentes oportunidades de investimentos na indústria transformadora para aumentar o valor acrescentado nacional ao longo da cadeia de petróleo e gás e “clusters” associados, como as unidades de produção de petroquímica, metanol e amoníaco quando a Refinaria do Lobito entrar em funcionamento.
Sobre as oportunidades de aumento do valor acrescentado nacional na cadeia da indústria mineira, o ministro referiu os projectos integrados siderúrgico-mineiros que existem no ferro de Kassinga, Kassala e Kitungo, quanto aos fosfatos nos projectos do Zaire e Cabinda e o reforço do peso nacional no corte, polimento e processamento de diamantes.
No sector agrícola, citou as oportunidades em desenvolver o potencial da indústria transformadora agro-alimentar, com a exploração do enorme potencial do nosso país na agricultura e no mar. Os investimentos nas fazendas agrícolas integradas e nos projectos avícolas, bem como nos projectos integrados nas pescas e do mar, fizeram baixar a importação de ovos e “actualmente existe uma produção nacional muito grande na avicultura”, disse Abrahão Gourgel.
O ministro da economia referiu que existem oportunidades adicionais em outros sub-sectores da indústria transformadora, onde se tira partido da Pauta Aduaneira e de activos já existentes com elevado potencial, desde as indústrias têxteis ao fabrico de componentes para a distribuição de energia e de água.
“O Executivo considera ser fundamental atrair investimento privado de duas origens: a nacional, de forma a promover o empresariado nacional a médio e longo prazo e manter centros de decisão nacional, e a internacional, para atrair divisas, tecnologia e conhecimento organizacional e empresarial”, sublinhou o ministro.
Para a atracção de investimentos, o Executivo, através do Ministério da Economia, aprofunda o esforço de desburocratização, facilitando a abertura de empresas, o pagamento dos impostos e no comércio internacional, ao mesmo tempo que trabalha com as associações empresariais e industriais.
Abrahão Gourgel reconheceu que com a queda do preço do petróleo verificou-se uma forte quebra na tendência de crescimento, que desacelerou para três por cento em 2015 e que causou um impacto brutal nas principais variáveis macro-económicas, incluindo a despesa do Estado. Segundo o ministro, a taxa de inflação atingiu 29,2 por cento no mês de Maio de 2016 e situou-se acima dos 30 por cento em Junho, devido à desvalorização desde Setembro de 2014 do Kwanza em 40 por cento face ao dólar norte-americano.
Situação sob controlo
Na conferência sobre o investimento privado, a ministra da Indústria, Bernarda Martins, disse que o Executivo “tem sob controlo e está a gerir melhor” os problemas da economia, disponibilizando divisas para a economia produtiva e prosseguindo o caminho da diversificação da economia, da substituição das importações e do fomento das exportações.
“Esta conferência vai abordar os objectivos de reforço do investimento privado e mostrar os programas de apoio que o Estado está disponível para prestar à indústria nacional, visando o estímulo aos empresários para continuarem a investir no país”, disse a ministra da Indústria.
Bernarda Martins informou que a indústria nacional encontra-se abaixo da sua capacidade instalada de produção e algumas unidades estão paralisadas ou próximas de paralisar por dificuldades de importação de matérias-primas e de peças de reposição.
“Novos investimentos aguardam disponibilidade de moeda estrangeira para que possam avançar na sua materialização, mas tenho confiança na capacidade criativa e de inovação e mesmo de resistência às circunstâncias menos favoráveis do contexto global e específico angolano dos industriais que operam no nosso país”, afirmou Bernarda Martins.
A conferência contou com vários empresários nacionais e estrangeiros que aproveitaram a ocasião para ouvirem as discussões sobre como alavancar a produção nacional na perspectiva da Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025.