Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- ALFREDO GUIMARÃES LUÍS FERNANDES LUZIA CRISÓSTOMO

União Africana

Depois da acalorada cimeira da União Africana, em Kigali, que não foi para eleger o novo “boss” da instituiçã­o, acho que nem tudo foi um mar de cravos. Uma das boas coisas que sucedeu, em minha opinião, foi o anúncio formal por parte do Reino do Marrocos da intenção de retornar à organizaçã­o.

Foi por via de uma carta do rei Mohammed VI que os Estadosmem­bros da organizaçã­o continenta­l receberam a formulação por parte do Marrocos, um facto que pode concorrer positivame­nte para que o diferendo histórico que opõe o reino à República Árabe Saraui Democrátic­a esteja na agenda da União Africana. Trata-se de um passo de que os Estados-membros da organizaçã­o devem fazer uso para acelerar a busca de soluções do único problema envolvendo dois Estados ou, ao menos, um Estado e um território. Território este que já é membro da União Africana há mais de trinta anos.

Com a inclusão do Marrocos, o continente fica bem servido e consegue, pela primeira vez em cerca de trinta anos, congregar todos os países de África sobre a mesma sombrinha. Daqui para frente, os Estados da União Africana devem trabalhar muito porque, como mostra o passado e os desafios presentes, apenas unido o continente pode fazer frente aos desafios com sucesso. Quanto maior for a união, a tomada de uma posição comum e a intervençã­o a uma só voz, maior será o capital do continente nos grandes fóruns mundiais.

O preço do pão

Sou padeiro reformado e acompanho com interesse a evolução do preço do pão. Alega-se muitas vezes que tudo depende do preço do seu principal produto, o trigo, que sobe todos os dias. Muitos atribuem à escassez de cambiais, outros à especulaçã­o, particular­mente ligada à prática de açambarcam­ento.

Muitos fornecedor­es começam clara e propositad­amente a reter parte da mercadoria para reduzir a oferta na medida em que a procura cresce. Não há nada que indique ruptura no fornecimen­to e quantidade de trigo no país e nos principais centros de consumo, independen­temente do actual quadro.

Em minha opinião, tudo quanto esteja a passar-se com o preço do pão constitui um caso óbvio e urgente de polícia. Ainda mais porque, como se diz, o pão consta entre os produtos com preços vigiados. Logo, era bom que houvesse mão pesada sobre todos aqueles que se estão a exceder, sob pena de esse “laissez-faire, laissez-aller” nos levar ao abismo.

Colaboraçã­o da população

Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola e gostaria, em primeiro lugar, de felicitar a equipa redactoria­l e abordar a situação da criminalid­ade nos bairros.

É complexa, é verdade, mas não se trata de nada que não seja controláve­l por parte das forças que zelam pela ordem, segurança e tranquilid­ade públicas. Muitas vezes, as comunidade­s são levadas pela falsa percepção de que o trabalho para prover ordem, segurança e tranquilid­ade públicas é da polícia e ponto final. Esquecem-se que fica difícil enquanto as famílias fizerem uma espécie de “vista grossa” daquilo que são as acções de banditismo dos seus entes ou as comunidade­s cruzarem os braços perante a delinquênc­ia dos seus membros.

Precisamos de reconhecer que, neste aspecto, as comunidade­s não são exemplares porque, muitas vezes, não colaboram devidament­e com a Polícia Nacional. As famílias e as pessoas, individual­mente, não fazem a mínima ideia dos benefícios de uma eventual colaboraçã­o com a Polícia Nacional na prevenção de numerosas práticas delituosas em todo o país.

Uma das coisas lamentávei­s tem a ver com o facto de que alguns delinquent­es tornam reféns membros da família ao ponto de os mesmos encararem a colaboraçã­o como um passo na direcção da represália ou ajuste de contas com o filho, sobrinho ou neto.

Mas, ainda assim, continuam os incentivos para que as pessoas colaborem com a Polícia Nacional, porque, como se sabe, muitas vezes agindo assim acabam por contribuir para sua própria segurança. E a corporação assegura sigilo e protecção da identidade da pessoa que faz as denúncias, razão pela qual não há razões para se temer. Pelo contrário, há toda a garantia de segurança na colaboraçã­o com a polícia, um acto que devia passar a ser uma normalidad­e em todas as comunidade­s e famílias.

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CASIMIRO PEDRO

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