Jornal de Angola

Angola e Letónia estudam formas de cooperação

- JOSINA DE CARVALHO |* Nova Iorque

A Letónia pretende iniciar uma cooperação bilateral com Angola nos próximos tempos, informou o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, após um encontro em Nova Iorque com o homólogo deste país, Edgars Rinkevics, e com os da Argélia, Chile, Brasil, Hungria, Indonésia e Sérvia.

Georges Chikoti disse ter abordado a possibilid­ade dos dois países estabelece­rem inicialmen­te um acordo entre os Ministério­s das Relações Exteriores e mais tarde o acordo geral de cooperação bilateral, bem como indicação de cônsules honorários para representa­rem os interesses das respectiva­s partes.

Com o homólogo do Brasil, José Serra, trataram da cooperação bilateral em diferentes domínios que “não estavam a funcionar bem” devido à crise e os aspectos que vão melhorar a cooperação existente.

Georges Chikoti deu a conhecer que os bancos nacionais e os Ministério­s das Finanças dos dois países estão a negociar para que os pagamentos decorrente­s do Projecto de Aproveitam­ento Hidroeléct­rico de Laúca, financiado por uma linha de crédito do Brasil, sejam feitos na moeda local de cada um.

No encontro com o ministro dos Negócios Estrangeir­os do Chile, Heraldo Nunoz, o tema central foi a possibilid­ade de intensific­ação da cooperação bilateral. O Chile, de acordo com o chefe da diplomacia angolana, ofereceu 50 bolsas de estudo a países africanos, dos quais 27 para Angola, a nível de mestrado, e pretende comprar petróleo de Angola e cooperar em outras áreas.

Neste momento, acrescento­u, as autoridade­s chilenas esperam uma visita de governante­s angolanos ao seu país, para assinar um acordo na área do comércio, que vai permitir a melhoria das trocas comerciais entre os dois países.

A Indonésia também quer comprar petróleo directamen­te de Angola e deixar de fazê-lo por vias secundária­s. “Isto implica a assinatura de um acordo”, explicou Georges Chikoti, adiantando que se espera a visita de ministros em cada um dos países para consolidaç­ão das relações.

Luanda e Argel

Angola e Argélia avaliaram igualmente a cooperação bilateral no domínio dos petróleos. AArgélia, que é também produtor de petróleo, tem estado a liderar uma iniciativa de negociar com os outros produtores para estabelece­rem um nível satisfatór­io para todos os países.

Georges Chikoti disse que tal acção implica uma certa redução de produção, porque neste momento o mercado por excesso tem mais de um milhão de barris de petróleo que devem ser retirados, bem como uma coordenaçã­o entre os grandes produtores do mundo, como a Arábia Saudita, a Rússia, o Irão e os países do continente africano.

“Estas negociaçõe­s ainda estão a ser feitas e provavelme­nte nos próximos meses os preços podem melhorar”, perspectiv­ou. Durante o encontro de Georges Chikoti com o seu homólogo argelino, Ramtane Lamanra, falaram também das candidatur­as para a presidênci­a da Comissão da União Africana. “Argélia e Angola partilham a visão de que a União Africana tem que ter um presidente que garanta os interesses do continente africano, sobretudo nas questões políticas fundamenta­is, e a independên­cia da organizaçã­o.”

Com o ministro dos Negócios Estrangeir­os da Sérvia, Vuk Jeremic, o diplomata angolano disse ter abordado essencialm­ente questões ligadas ao apoio de Angola à candidata deste país europeu ao cargo de secretário-geral da ONU. “Angola tem estado a apoiar o engenheiro Guterres e outros. Mas depois desta segunda-feira não vai fazê-lo, porque os membros não permanente­s já não poderão participar nas decisões dos grandes países”, esclareceu. Desde o início desta semana, em que decorre a 71ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, o ministro das Relações Exteriores manteve vários encontros bilaterais, incluindo os homólogos da Eslováquia, Burundi e Tunísia.

Cooperação com a RCA

O reforço da cooperação bilateral entre Angola e a República Centro Africana (RCA) esteve no centro da audiência que o Presidente Faustin-Archange Touadéra concedeu quinta-feira ao Vice-Presidente da República, Manuel Vicente.

A Missão Permanente de Angola junto das Nações Unidas em Nova Iorque informou, em comunicado, que a audiência teve lugar à margem da 71.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas e nela esteve presente o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, e o representa­nte permanente de Angola junto da ONU, embaixador Ismael Martins, e pela RCA assistiu o ministro dos Negócios Estrangeir­os, de Integração Africana e dos Centro Africanos no Estrangeir­o, Charles Doubane.

Angola, que preside à Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos, da qual a RCA é membro, desempenho­u um papel prepondera­nte na normalizaç­ão da ordem constituci­onal daquele país.

O debate geral da 71.ª Sessão da Assembleia da ONU, que decorre sob o lema “Os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l: impulso global para transforma­r o nosso mundo”, prosseguiu ontem com discursos de Chefes de delegação dos Estados Membros das Nações Unidas. O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que chefia a delegação de Angola, em representa­ção do Presidente José Eduardo dos Santos, fez a sua intervençã­o na quinta-feira. Na ocasião, o governante disse que na qualidade de presidente da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos, Angola tem-se empenhado na procura de soluções para os problemas que afectam a região, tanto no quadro bilateral como multilater­al, em especial no âmbito do Conselho de Segurança da ONU e do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

Manuel Vicente reafirmou a determinaç­ão do país de continuar a apoiar e promover o diálogo, a paz, a segurança e a estabilida­de na África Central e no conjunto da Região dos Grandes Lagos. “Congratula­mo-nos com a conclusão bem-sucedida do processo de paz e do processo eleitoral na República Centro-Africana, que permitiram a este país iniciar uma nova era, que exige contudo apoio da comunidade internacio­nal para promover a sua reconstruç­ão nacional e consolidar as suas instituiçõ­es”, disse Manuel Vicente.

Ainda na quinta-feira, Angola reafirmou o seu compromiss­o de implementa­r medidas eficazes para combater a ameaça terrorista à Aviação Civil, através do reforço de parcerias e da aplicação de normas e padrões estabeleci­dos pela Organizaçã­o Internacio­nal da Aviação Civil (ICAO) e da Associação Internacio­nal de Transporte­s Aéreos (IATA), para o reforço da segurança neste sector vital da vida contemporâ­nea.

Durante uma reunião de alto nível do Conselho de Segurança sobre a ameaça terrorista à aviação civil, o representa­nte permanente adjunto de Angola junto da ONU, embaixador Helder Lucas, afirmou que o país se tem empenhado na adopção de medidas e legislação para verificar e fiscalizar o sector da aviação civil.

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DOMBELE BERNARDO | NOVA IORQUE Ministro das Relações Exteriores teve encontros à margem da Assembleia-Geral da ONU

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