Política nacional do livro é importante
A política nacional do livro e da promoção da leitura em Angola regula um conjunto de disposições que permitem uma maior interacção com a sociedade civil em programas que visam colocar, cada vez mais, livros no mercado, respeitando as diversidades culturais e áreas socioculturais.
A afirmação é do secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), durante a Maka à Quarta-Feira, realizada na Faculdade de Letras na Universidade de Lisboa.
Ao intervir no encontro, subordinado ao tema “Novos caminhos da literatura angolana”, perante responsáveis da referida instituição estudantil, representantes da Casa de Angola, estudantes e intelectuais angolanos residentes em Portugal, Carmo Neto destacou a importância do Decreto Presidencial nº 105/11, de 24 de Maio, referente à política nacional do livro e da promoção da leitura, por ser um diploma que defende a formação de promotores de leitura, a redução de taxas e sobre quem deve incidir a implementação do pacote, no qual se destacam a família, a escola e as bibliotecas.
O decreto, referiu, vai permitir que a leitura em Angola seja mais barata, beneficie um maior número de angolanos e garanta uma maior circulação do livro e a intervenção das indústrias livreiras, editores e de todos dos profissionais que atendem à problemática do livro. Segundo o secretário-geral da UEA, o crescimento da família estudantil angolana é um indicativo da potencialidade de leitores que o mercado livreiro poderá abarcar, uma vez que o país tem mais de 10 milhões de estudantes distribuídos pelas 18 províncias de Angola.
Carmo Neto deu a conhecer que a União dos Escritores Angolanos assume a necessidade de contactar e assinar acordos com editoras brasileiras e portuguesas de referência, para estabelecer uma ponte de contacto com os autores angolanos para uma possível publicação das suas obras inéditas.
De acordo com Carmo Neto, a literatura deve ser suportada por estruturas dispostas a servir o mundo da arte literária, através da promoção e projecção do escritor, do livro e do produto literário, da criação de editoras e da crítica de obras, culminando com a promoção de uma rede de receptores que garantem ao escritor a possibilidade de ver como as suas obras não se convertem em meros objectos comerciais.
Casa do Livro da CPLP
O crítico literário Jomo Fortunato, um dos membros da delegação angolana que participou na primeira “Maka à Quarta-feira” no exterior, defendeu a necessidade da criação da Casa do Livro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Convidado pela UEA, Jomo Fortunato apresentou a ideia para que seja dinamizada em todos os países membros da CPLP, para que a futura instituição congregue vários segmentos das artes e da literatura.
“Além da promoção da literatura, a Casa do Livro da CPLP deve ser extensiva para outras actividades culturais, cuja base criativa assenta num texto enquanto elemento primário de criação artística, tais como teatro, música, cinema, artes plásticas e dança”, referiu o crítico Jomo Fortunato.
Também participaram na “Maka”, os escritores António Quino, José Luís Mendonça, os professores universitários Francisco Soares e Manuel Muanza, bem como a académica portuguesa Helena Buesco.
A “Maka à Quarta-feira”, em Lisboa, foi co-organizada pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pela UEA e teve apoio da Embaixada de Angola em Portugal e patrocínio da Fundação Sol.
A Maka à Quarta-Feira é um acontecimento regular de debate de ideias, com o objectivo de estimular discussões que contribuam para o crescimento e valorização das artes, em particular, e dos bens supremos da humanidade, em geral.