Continuidade é prioridade na planificação
Selecção deve dar sequência ao aprimoramento das rotinas e princípios tácticos
Por altura da última participação angolana numa fase final do CAN Sub-17, os actuais jogadores comandados por Simão Languinha tinham acabado de nascer, ou nem sequer existiam ainda. Por aquilo que acompanhamos, em mais de década e meia, pouco mudou em relação a ténue aposta feita nos escalões de formação do nosso futebol, com as Selecções Nacionais mais ou menos entregues à sua sorte.
Em relação aos clubes, a realidade é bem diferente. 1.º de Agosto, Petro de Luanda, AFA, Norberto de Castro, para só citar algumas, são instituições que realizam processos de formação com qualidade assinalável. Um exemplo que deveria ser seguido pela instituição que rege o próprio futebol do País, e tem a responsabilidade de levar à mais alta expressão, no capitulo internacional, aquilo que internamente está a ser bem feito.
Em termos semânticos, programa e plano são vocábulos que se identificam. Quando, no entanto, o âmbito de abordagem se refere à Metodologia do Treino Desportivo, ambas palavras adquirem significados que podem ser muito distintos. Não temos dúvidas de que, no âmbito de um de médio a longo prazo que deve (ria) ser suportado pela Federação de Futebol, a equipa técnica dos Sub-17 tem a obrigação de alargar ao máximo a população alvo, para identificar os integrantes da Selecção Nacional. Sendo assim, faria todo o sentido, pesquisar potenciais talentos em todas províncias do país.
No entanto, Simão Languinha e sua equipa técnica trabalham nesta altura, num ou Macrociclo, desportivo que visa preparar a componente competitiva, nas vertentes apuramento e participação na fase final do CAN. Presumindo que, na derradeira etapa da prova africana estarão as melhores selecções, faz todo o sentido que Angola, tal como outras Nações, esteja engajada em aprimorar rotinas e princípios de jogo, com as unidades da etapa precedente, salvo raras excepções.
Evidentemente que não se descarta a possibilidade de incluir mais jogadores ao grupo até aqui identificado. Porém, essa eventual inclusão nunca é o foco, caso se procure boa representatividade. A noção de Selecção Nacional não fica descurada, se os jogadores forem de poucas províncias. Isso porque, em termos desportivos, não é prioritário incluir praticantes de toda extensão do território nacional, para garantir a competitividade da Selecção.
O essencial é sempre seleccionar aqueles que, na óptica da equipa técnica, são os melhores do momento e apresentem indicadores para o Alto Rendimento, em termos de futuro, tendo em conta que se trata de um escalão de formação. Se estes (melhores) jogadores estiverem todos num clube ou numa província, do ponto de vista técnico só há vantagens.
A preocupação por este facto, deve estar a cargo daqueles que regem a política desportiva, tendo em conta que o tamanho da amostra pode sempre constituir um indicador de obtenção de maior qualidade.
Insistimos, portanto que a tarefa iminente da equipa técnica é elaborar um plano de preparação para o CAN de Sub-17. Caso haja disponibilidade para a elaboração de um programa permanente de pesquisa e detecção de talentos, suportado pela federação, aí sim, os treinadores devem virar atenções para as dezoito províncias, e mesmo para os praticantes na diáspora.
Preparação da equipa para a competição deve começar já para ter uma boa representatividade