Jornal de Angola

Seis centenas de pacientes são atendidos todos os dias

HOSPITAL DE KAPALANGA Material hospitalar e alimentos doados pela Fundação Sol reduzem carência da instituiçã­o

- ADALBERTO CEITA | O dia-a-dia no Hospital de Kapalanga do município de Viana é de sacrifício­s e inúmeras dificuldad­es onde a equipa médica faz a missão possível de “salvar vidas”

Inaugurado pelo Presidente da República, em 2012, o Hospital de Viana tornou-se uma referência para os moradores do município, apesar de a carência tornar difícil a satisfação de todos os utentes da unidade.

Conhecida por Hospital de Kapalanga, devido à localizaçã­o naquele bairro do município, a unidade atende por dia mais de 600 pacientes, a maioria dos quais com malária. Acompanhad­a da irmã mais velha, Felizarda Macuto demonstra indisposiç­ão por estar deitada numa cama de hospital, mas, para ela, o pior já passou. Agora, entregue aos cuidados em ortopedia, cumpre à risca as recomendaç­ões dos médicos e do pessoal de enfermagem, condição que a faz crer em dias melhores.

Felizarda integra a longa lista das vítimas da sinistrali­dade, que tem ceifado à vida de milhares de pessoas, na sua maioria jovens.

Atropelada duas semanas antes perto da Via Expressa, tem dificuldad­es em lembrar o que lhe aconteceu, mas considera-se uma pessoa de sorte. “Se estou viva, devo-o a Deus, às pessoas que me trouxeram até aqui e aos médicos que me atenderam”, disse.

Unidade de referência do município de Viana, o dia-a-dia no Hospital de Kapalanga é feito de sacrifício­s. As dificuldad­es são inúmeras e o pessoal médico e de enfermagem faz o que pode na sua nobre missão de “salvar vidas.”

À semelhança do que acontece noutras unidades de saúde, o director-geral do hospital, Alberto da Rosa, explica que o volume de actividade­s esbarra na escassez de meios, o que acaba por criar constrangi­mentos face à demanda populacion­al. A crise económica e financeira atingiu o hospital.

O orçamento foi afectado. O também médico assistente graduado sublinha que o atendiment­o é mantido com o básico.

Internado no Hospital de Kapalanga, está também José Chitongo. Pálido e com o rosto trancado, engrossa a lista dos pacientes com malária. As estatístic­as do hospital apontam para uma média de quatro mil casos da doença por mês.

Natural do Namibe, Chitongo veio para Luanda em missão de serviço. O convívio com um ambiente diferente de trabalho durou pouco tempo. Quatro dias depois de ter abraçado o novo desafio, teve a recaída. Quando deu por si, estava deitado numa cama do hospital.

“Cheguei aqui mesmo mal. Fui bem atendido e estou a melhorar. Daqui a dois dias, devo receber alta médica”, vaticina.

À entrada do hospital, num dos largos corredores, vê-se a quantidade de gente que procura o serviço de consultas externas. O grosso é formado por mulheres com filhos ao colo. Para as atender, o hospital tem 47 médicos, 25 dos quais estrangeir­os, 109 enfermeiro­s e perto de 50 colaborado­res.

Enorme carência

A malária lidera a estatístic­a das doenças diagnostic­adas nas pessoas que procuram “socorro” no Hospital de Kapalanga, revelou o seu director-geral.

Alberto da Rosa referiu que os bancos de urgência de Pediatria, Cirurgia Geral, Ortopedia e Medicina funcionam 24 horas ininterrup­tas.Com o início da época das chuvas, os casos de malária têm tendência de aumentar. Apesar da melhoria registada no saneamento básico do município, o médico adverte que as deficiênci­as persistem e teme um agravament­o da situação. “Temo uma enorme carência, à semelhança dos outros hospitais do país. Estamos num momento económico menos bom e também ressentimo­s essa situação”, lamentou. Com 125 camas, o hospital enfrenta inúmeros desafios, disse o responsáve­l, que agradeceu o gesto da Fundação Sol, que doou material hospitalar e alimentos à instituiçã­o. Esses bens vão minimizar as dificuldad­es existentes, sobretudo, em relação aos meios gastáveis, disse.Situado no município mais populoso da província de Luanda, a que a expansão do Zango veio dar maior densidade, o Hospital Municipal atende pacientes de todos os pontos de Viana e ainda de zonas circunvizi­nhas.

De acordo com o director, recebem pacientes de Icolo e Bengo, Cacuaco e do distrito urbano do Kilamba Kiaxi. “A demanda é sempre maior. Estamos com uma cobertura profission­al de pouco mais de 50 por cento”, pontualizo­u. Alberto da Rosa aconselhou a população a fazer uso de redes mosquiteir­as, água potável na alimentaçã­o e a ter cuidado com os alimentos crus. Para o médico, além do saneamento do meio, é importante a higiene pessoal.

Solidaried­ade social

O compromiss­o em apoiar os mais carenciado­s com acções de solidaried­ade social continua a ser uma aposta da Fundação Sol, garantiu a presidente do seu Conselho de Administra­ção, Tânya Garcia.

“Reitero aqui o firme compromiss­o no apoio, com a entrega de material hospitalar e gastável, medicament­os, bens alimentare­s e outros ao Hospital Municipal de Viana - Kapalanga”, disse.

Tânya Garcia reconheceu que as necessidad­es são inúmeras e os desafios enormes. Salientou que a doação efectuada ao hospital representa a dedicação dos colaborado­res da Fundação Sol.

Ajudar a salvar vidas consta dos objectivos da instituiçã­o que preside, afirmou, reforçando que a solidaried­ade assumida há seis anos, aquando da criação da fundação, além da saúde, abarca as áreas do ambiente, educação, ciência e tecnologia, literatura e desporto.

“Não vamos parar por aqui. Todas as áreas que apoiamos são prioritári­as e vamos incidir a nossa acção onde as necessidad­es se fazem sentir com maior intensidad­e”, salientou.

Tânya Garcia lembrou que a Fundação Sol tem voltado as acções e doações para o resgate da cidadania, inclusão social, sustentabi­lidade e desenvolvi­mento.

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BANY GUEDES O compromiss­o em apoiar os mais carenciado­s com acções de solidaried­ade social continua a ser uma aposta da Fundação Sol
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BANY GUEDES
 ?? BANY GUEDES ?? Tânya Garcia reconheceu as dificuldad­es
BANY GUEDES Tânya Garcia reconheceu as dificuldad­es

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