Mulheres realizaram marcha contra a violência doméstica
Marcha tomou conta das ruas da cidade de Menongue
Mulheres de vários estratos sociais marcharam sábado na cidade de Menongue para manifestar a sua indignação contra os casos de violência doméstica, que ganharam um novo patamar de horror com o acto cometido por um cidadão de nome João Quintas, que por ciúmes queimou os órgãos genitais da mulher, Benvinda Tchitula, 40 anos.
O incidente em referência aconteceu no dia 01 de Novembro, no bairro Kamoço, arredores da cidade de Menongue, quando João Quintas, de 45 anos, chegou embriagado a casa por volta das 20 horas e encontrou a mulher a dormir na cama, sem roupa. Presumindo que ela tivesse mantido relações sexuais com outro homem, amarroulhe os braços e introduziu-lhe uma lenha acesa nos órgãos genitais, causando-lhe queimaduras do segundo grau. Os vizinhos ao ouvirem os gritos da mulher, quiseram levá-la ao hospital na manhã seguinte, mas João Quintas opôs-se, preferindo procurar os serviços de uma enfermeira do bairro.
Passados alguns dias, os vizinhos denunciaram o caso ao Serviço de Investigação Criminal, que de imediato tomou conta da situação. Benvinda Tchitula foi levada ao Hospital Central de Menongue, onde até agora está a receber os cuidados médicos. João Quintas está sob custódia das autoridades policiais.
O Jornal de Angola apurou que esta é a terceira vez que João Quintas queima os órgãos genitais da mulher, com quem teve treze filhos, seis dos quais em vida. Florinda Alberto Catongo, directora provincial da Família e Promoção da Mulher, reprovou o crime e lamentou o facto de muitas mulheres no país, e em particular no Cuando Cubango, serem alvo de agressões físicas por parte dos maridos e continuarem caladas, sem denunciarem a situação aos órgãos competentes.
Defendeu que o diálogo deve ser a solução para resolver qualquer problema no lar ao invés de se partir para a violência. “Organizámos a marcha para desencorajar os homens que pensam que as mulheres são escravas”, disse Florinda Alberto Catongo, acrescentando que a instituição que dirige não vai poupar esforços para mudar o actual quadro de violência doméstica.
A responsável pediu à população da província do Cuando Cubango, em particular às mulheres, para doarem bens alimentares e vestuários a Benvinda Tchitula, para tentarem minimizar o seu sofrimento.
A marcha de repúdio à violência doméstica levou às ruas da cidade Menongue várias centenas de mulheres de diversos estratos sociais