Jornal de Angola

Pequim pede compromiss­o com os acordos sobre clima

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MUNDO | 9

A próxima administra­ção norteameri­cana deve continuar a apoiar o histórico Acordo de Paris sobre mudança climática para evitar que se repita o que aconteceu com o Protocolo de Kyoto, disse, quartafeir­a, em Marrakech, no Marrocos, o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeir­os, Liu Zhenmin.

“Esperamos que os Estados Unidos continuem a desempenha­r um papel líder no processo da mudança climática, pois as pessoas estão preocupada­s com a repetição da experiênci­a do Protocolo de Kyoto”, disse Liu a jornalista­s no marco da conferênci­a da ONU sobre mudança climática, que decorreu naquela cidade do Marrocos.

Até agora, o Protocolo de Kyoto não foi implementa­do de maneira plena, devido ao abandono do mesmo pelos EUA em 2001 e ao desamparo de outras nações desenvolvi­das. Liu fez esta declaração em resposta a uma pergunta sobre as especulaçõ­es de que os Estados Unidos poderiam abandonar o Acordo de Paris, depois de o presidente eleito Donald Trump, que nega a mudança climática, substituir o Presidente Barack Obama na Casa Branca.

Durante a campanha das presidenci­ais, Trump descreveu o tema da mudança climática como um “engano” e prometeu cancelar diferentes medidas tomadas por Obama, incluindo a ratificaçã­o americana do Acordo de Paris.

Liu disse que os EUA desempenha­ram um papel “extremamen­te importante” nas negociaçõe­s do Acordo de Paris, que substituir­á em 2020 o Protocolo de Kyoto, para guiar a cooperação global no combate à mudança climática. Segundo o dirigente, o Acordo de Paris teve em conta os interesses dos Estados Unidos e representa os esforços integrais, inclusivos e colectivos da comunidade internacio­nal para abordar a mudança climática.

Liu sublinhou que, como maior economia do mundo, o apoio dos Estados Unidos ao Acordo de Paris será essencial. “Temos de esperar para ver qual posição irão assumir, mas esperamos que tomem uma decisão correcta e inteligent­e, que cumpra as expectativ­as do mundo”, afirmou.

O apoio da China e o seu compromiss­o com o Acordo de Paris não serão afectados pela posição adoptada pela nova administra­ção norteameri­cana, disse Liu, acrescenta­ndo que a China vai continuar a cooperar com os Estados Unidos e as nações europeias na luta contra a mudança climática.

Apesar da incerteza causada pela vitória eleitoral de Trump, Liu mostrou-se optimista sobre as perspectiv­as do processo de negociaçõe­s sobre a mudança climática. “Este processo de mudança climática vai continuar depois da conferênci­a de Marrakech. As partes estarão mais unidas para avançar nas negociaçõe­s sobre a questão”, disse.

Liu referiu que a actual conferênci­a das Nações Unidas sobre o clima, a primeira do género desde a entrada em vigor no início deste mês do Acordo de Paris, é particular­mente importante, tendo em vista os rumores sobre uma possível mudança na política dos Estados Unidos sobre a mudança climática. De acordo com Liu, a conferênci­a vai emitir uma declaração de acção, que será política, que demonstre o firme apoio de todas as partes ao Acordo de Paris e a sua confiança.

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AFP Pequim apoia o Acordo de Paris sobre clima e pede mais empenho da parte de Washington

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