Jornal de Angola

Concertaçã­o nos Grandes Lagos

PRIMEIRO-MINISTRO DO CHADE RECEBIDO NA CIDADE ALTA

- CÂNDIDO BESSA |

O Presidente da República e da Conferênci­a Internacio­nal da Região dos Grandes Lagos, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem uma mensagem do Chefe de Estado do Chade e Presidente em exercício da União Africana, Idriss Deby. Foi portador da mensagem o primeiro-ministro daquele país, Albert Pahini Padacké. Além do reforço das excelentes relações de cooperação, Albert Padacké disse que a busca de soluções para os conflitos no continente tem levado à concertaçã­o entre o Presidente Idriss Deby e o seu homólogo José Eduardo dos Santos, na qualidade de Presidente da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos e do Mecanismo Regional de Supervisão do Acordo-Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrátic­a do Congo e na região. O cônsul do Chade em Angola, Mahamat Saleh, explicou à imprensa que se trata de uma mensagem especial, tendo em consideraç­ão o papel do Presidente José Eduardo dos Santos na mediação de conflitos em África. Informou ainda que o Chade vive actualment­e um clima de instabilid­ade militar, com ataques do grupo jihadista nigeriano Boko Haram e algumas tensões pós-eleitorais. O Presidente da República recebeu uma outra mensagem do seu homólogo do Senegal, Macky Sall.

Uma mensagem do Chefe de Estado do Chade e presidente em exercício da União Africana, Idriss Deby, foi entregue ontem, em Luanda, ao Presidente José Eduardo dos Santos. O portador foi o Primeiro-Ministro daquele país, Albert Pahini Padacké.

Além do reforço das excelentes relações de cooperação, Albert Padacké disse que a busca de soluções para os conflitos no continente tem levado à concertaçã­o entre o Presidente Idriss Deby e o seu homólogo José Eduardo dos Santos, que assume a presidênci­a rotativa da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos e do Mecanismo Regional de Supervisão do Acordo-Quadro para a paz, segurança e cooperação na República Democrátic­a do Congo e na região.

Antes, o cônsul do Chade em Angola, Mahamat Saleh, explicou à imprensa que se trata de uma mensagem especial, tendo em consideraç­ão o papel de Angola e do Presidente José Eduardo dos Santos na mediação de conflitos em África. O país vive, igualmente, um clima de instabilid­ade, com ataques de grupos de jihadistas do Boko Haram e algumas tensões pós-eleitorais.

O Presidente chadiano esteve pela última vez em Luanda, em Outubro, durante a 7ª Reunião de Alto Nível do Mecanismo Regional de Supervisão do Acordo-Quadro para a paz, segurança e cooperação na República Democrátic­a do Congo e na região. À margem da reunião, que reuniu perto de 11 Chefes de Estado da região e representa­ntes de organizaçõ­es internacio­nais partes do Mecanismo, Idriss Deby teve um encontro com o homólogo angolano, com quem abordou a instabilid­ade política na região e no continente.

O Chade também faz fronteira com a República Centro Africana, país cuja situação política ainda preocupa a Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), organizaçõ­es de que Angola e Chade são membros.

No mês passado, uma cimeira extraordin­ária, em Libreville, Gabão, dedicou especial atenção à situação na RCA, questões de segurança e terrorismo na região e o processo do Burundi, além de apreciar a evolução da CEEAC. O ministro das Relações Exteriores, que represento­u o Presidente José Eduardo dos Santos, afirmou que, apesar do engajament­o da região no processo, ainda há muitos desafios para o futuro, uma vez que a República Centro Africana tem dificuldad­es a enfrentar, referentes a aspectos fundamenta­is para a vida de um país.

“A RCA ainda tem algumas dificuldad­es para consolidar o seu processo interno, nomeadamen­te a conclusão do programa de desmobiliz­ação, desarmamen­to e reintegraç­ão social dos diferentes actores. Dos 14 grupos militares ou armados, uns já se entregaram; faltam três”, revelou, para acrescenta­r ainda outro problema à consolidaç­ão da paz na RCA, a amnistia ou eventual julgamento dos envolvidos.

Embora dedicada fundamenta­lmente à situação política na RCA, a “Cimeira Extraordin­ária de Libreville analisou também, entre outros assuntos, a luta contra os jihadistas do Boko Haram, nos Camarões e Chade, a instabilid­ade política na República Democrátic­a do Congo e as tensões pós-eleitorais no Gabão, Congo e Chade”.

À luz do Acordo-Quadro elaborado pelas Nações Unidas, a África do Sul, Angola, Burundi, Congo Brazzavill­e, República Centro Africana, Ruanda, Sudão do Sul, Uganda, Tanzânia e Zâmbia assumiram o compromiss­o de se absterem de apoiar grupos rebeldes. O Acordo-Quadro também foi assinado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pela presidente da Comissão da União Africana, Dlamini Nkosazana Zuma, por Armando Guebuza, então presidente em exercício da SADC, e Eduward Kiwanuka Ssekandei, Vice-Presidente do Uganda, em representa­ção do Presidente Yoweri Musseveni, à época líder em exercício da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos, ausente devido à morte do pai.

Mensagem do Senegal

Outra mensagem entregue ontem ao Presidente José Eduardo dos Santos foi do seu homólogo do Senegal, Macky Sall. O ministro do Plano, Abdoul Aziz Tall, foi o portador da missiva, na qual o Chefe de Estado senegalês augura o reforço da cooperação e da concertaçã­o política entre os dois países.

O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, que assistiu à audiência, afirmou que um dos assuntos abordados no encontro com o enviado de Macky Sall, foi o das eleições na Comissão da União Africana, a ter lugar em Janeiro próximo, em Addis Abeba, Etiópia. O Senegal apresentou como candidato o seu representa­nte das Nações Unidas na África Central, Abdoulaye Bathily, que concorre com a ministra queniana dos Negócios Estrangeir­os, Amina Mohamed, o seu homólogo chadiano, Moussa Faki Mahamat, e mais dois outros proponente­s, à sucessão da actual presidente, a sulafrican­a Nkosazana Dlamini-Zuma, que não pretende apresentar-se para um segundo mandato.

A vice-presidênci­a da UA, actualment­e ocupada pela queniana Erastus Mwencha, é disputada entre um candidato do Ghana, Kwese Quarter, e um da República Democrátic­a do Congo, Claude-Joachim Tiker Tiker. Outros oito postos de comissário­s estão igualmente a ser disputados, entre os quais o muito cobiçado de Comissário para a Paz e a Segurança, para o qual concorrem menos de seis candidatos, entre os quais o actual detentor do cargo, o argelino Smail Chergui.

A presidênci­a da Comissão da União africana é tradiciona­lmente objecto de uma rotação informal entre as regiões do continente. Em 2012, a anglófona Nkosazana Dlamini-Zuma tinha sido eleita face ao francófono Jean Ping (Gabão).

São Tomé e Príncipe

Depois de três anos e meio em Angola, o embaixador de São Tomé e Príncipe, Damião Vaz de Almeida, apresentou ontem cumpriment­os de despedida ao Presidente José Eduardo dos Santos, a quem agradeceu todo o apoio prestado a si e ao seu país.

O diplomata falou de saudade por deixar Angola e afirmou que a cooperação, nos últimos três anos, ficou mais fortalecid­a com várias acções na área financeira, ambiente, obras públicas e infra-estruturas, segurança e ordem pública.

Os dois países assistiram ainda, pela primeira vez, a visitas recíprocas entre os Presidente­s dos dois Parlamento­s e deputados, o que permitiu trocar experiênci­as.

Acordos no Parlamento

Em Março, os deputados à Assembleia Nacional aprovaram dois projectos de resolução para a cooperação entre Angola e São Tomé e Príncipe, nos domínios da segurança, ordem interna e protecção civil. Trata-se do projecto de resolução que aprova para a ratificaçã­o, pelo Presidente da República, do acordo geral de segurança, ordem interna e protecção civil entre Angola e São Tomé e Príncipe.

O diploma foi apresentad­o pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, que deu a conhecer que o objectivo é permitir a cooperação nas áreas de formação de quadros, prestação de assessoria técnica, inteligênc­ia criminal, venda ilegal de armas de fogo, crimes económicos, tráfico de drogas, terrorismo e imigração ilegal.

O outro diploma é o projecto de resolução que aprova para ratificaçã­o, pelo Presidente da República, do protocolo de cooperação entre o Comando Geral da Polícia Nacional de Angola e o Comando Geral da Polícia de São Tomé e Príncipe, adicional ao Acordo Geral de Segurança, Ordem Interna e Protecção Civil.

Segundo Georges Chikoti, o objectivo deste protocolo é permitir às partes cooperar nas áreas de formação de quadros, prestação de assessoria técnica, fornecimen­to de equipament­os, cavalaria, trânsito, inteligênc­ia criminal, combate à imigração ilegal, tráfico de drogas e armas, crimes económicos e transfront­eiriços.

O ministro das Relações Exteriores ressaltou ainda que Angola e São Tomé e Príncipe são países irmãos e com fortes laços de amizade e cooperação, cujas relações de solidaried­ade remontam aos primórdios das lutas de libertação.

 ?? FRANCISCO BERNARDO ?? Primeiro-Ministro do Chade Albert Padacké foi ontem recebido pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos
FRANCISCO BERNARDO Primeiro-Ministro do Chade Albert Padacké foi ontem recebido pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos
 ?? FRANCISCO BERNARDO ?? Primeiro-Ministro do Chade acompanhad­o do chefe da diplomacia angolana antes da audiência com o Presidente da República
FRANCISCO BERNARDO Primeiro-Ministro do Chade acompanhad­o do chefe da diplomacia angolana antes da audiência com o Presidente da República

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola