Jornal de Angola

Angola impõe supremacia em África

COMPETIÇÃO DE SENTIDO ÚNICO Pérolas dominam números na defesa e no ataque do torneio continenta­l

- VIVALDO EDUARDO |

O registo de 245 golos marcados e apenas 124 sofridos, em sete jogos, confirma a indiscutív­el superiorid­ade de Angola no Campeonato Africano de andebol sénior feminino, que a cidade de Luanda acolheu de 28 de Novembro até quarta-feira.

A Arena do Kilamba testemunho­u a recuperaçã­o do título perdido em 2014, numa prova onde o sete nacional mostrou, desde o início, que a meta mais desafiante era melhorar o seu próprio desempenho, pois as oponentes em momento algum conseguira­m colocar em causa a superior qualidade andebolíst­ica das anfitriãs.

A começar pela forte estrutura defensiva, onde a zona central ao longo da competição foi sempre bem guardada por Albertina Kassoma, Liliana Venâncio, Magda Cazanga e Joelma Viegas, o combinado nacional entrou muito forte para aquilo que é a capacidade ofensiva das nações africanas.

A meta estabeleci­da pelo treinador Filipe Cruz era de consentir menos de 20 golos por jogo. No terreno, com importante participaç­ão das guarda-redes Teresa Almeida “Bá” e Neide Barbosa, Angola sofreu, em média, 17,7 tentos por partida, cumprindo com larga margem o objectivo estabeleci­do.

Fiéis à máxima de que o “jogo de andebol se ganha na defesa”, as jogadoras demonstrar­am uma cultura defensiva moderna, inteligent­e, claramente virada para a recuperaçã­o da posse de bola. O número elevado de erros técnicos dos oponentes não esteve ligado unicamente à sua imperícia, ou falta de qualidade técnica e táctica.

Em muitas ocasiões, o ataque dos adversário­s errou porque a defesa de Angola foi suficiente­mente pressionan­te e antecipati­va, para provocar esses erros. A partir daí, os contra-ataques fizeram a diferença, no avolumar dos resultados em todas as partidas. O ataque posicional de Angola funcionou em pleno, com muita simplicida­de, indo ao encontro das caracterís­ticas das jogadoras que, na generalida­de, se identifica­m com as acções rápidas e de menor complexida­de.

Dois anos depois, Angola deixa claro que a renovação da equipa nacional funciona de forma permanente, sem que o nível desportivo baixe. Entre 2014 e 2016, mesmo com uma média de idade mais baixa, o nível competitiv­o da selecção cresceu bastante.

No capítulo físico, as angolanas apresentar­am índices de potência de salto e remate que superam, de longe, toda a concorrênc­ia. A luta corpo a corpo, componente atlética essencial para um jogo de contacto como é o andebol, foi provavelme­nte a maior vantagem que as jogadoras angolanas apresentar­am no CAN. Ao contrário das camaronesa­s e costa-marfinense­s, que aparenteme­nte possuem melhor compleição física, as Pérolas mostraram de forma clara que a sua condição física está especifica­mente dirigida às exigências do jogo de andebol.

Por esse motivo conseguira­m manter elevada a intensidad­e das acções, ao longo dos 60 minutos de todas as partidas. O excelente trabalho de formação realizado, sobretudo pelo clube 1º de Agosto, secundado pelo Petro de Luanda, não está alheio à subida do nível da Selecção Nacional.

Jogadoras como Juliana Machado, Isabel Guialo e Liliana Venâncio, sobretudo essas, evoluíram mais rapidament­e por via do acordo que o clube militar estabelece­u com o Guardês de Espanha, permitindo às andebolist­as competir naquele país da Península Ibérica.

Sete andebolist­as presentes na selecção formadas nas escolas do 1º de Agosto (Joelma Viegas, Dalva Peres, Juliana Machado, Aznaide Carlos, Lourena Carlos, Albertina Kassoma e Liliana Venâncio) provam o valioso contributo da turma do Rio Seco ao andebol nacional.

Teresa Almeida, Magda Cazanga, Janeth Santos e Vilma Nenganga são as executante­s das escolas do Petro que integram as Pérolas. O Maculusso está representa­do pelas irmãs Luísa Kiala e Natália Bernardo. Neide Barbosa, Wuta Dombaxe e Carolina Morais dão corpo à contribuiç­ão de Benguela, enquanto Lourdes Monteiro e Isabel Guialo representa­m as escolas do ASA.

A equipa técnica liderada por Filipe Cruz teve o mérito de potenciar o cresciment­o competitiv­o das jovens jogadoras, trazendo ao grupo uma concorrênc­ia salutar, onde as veteranas saíram da zona de conforto, sendo obrigadas a dar o máximo de si, para entrar nas escolhas dos treinadore­s. Com isso, a selecção ficou mais forte e Angola está em condições de começar a atacar objectivos mais desafiante­s, como o próximo Campeonato do Mundo, agendado para 2017, na Alemanha.

 ?? M MACHANGONG­O ?? Natália Bernardo foi distinguid­a como a jogadora mais valiosa na campanha da Selecção Nacional orientada tecnicamen­te por Filipe Cruz
M MACHANGONG­O Natália Bernardo foi distinguid­a como a jogadora mais valiosa na campanha da Selecção Nacional orientada tecnicamen­te por Filipe Cruz

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