Jornal de Angola

Presidente da China defende globalizaç­ão

- POL COSTA | AFP

O presidente chinês, Xi Jinping, saiu ontem em defesa da globalizaç­ão no primeiro dia do Fórum de Davos, marcado pela chegada nesta semana à Casa Branca de Donald Trump e pelas suas posições proteccion­istas.

“Não adianta nada culpar a globalizaç­ão pelos problemas do mundo”, disse Xi num esperado discurso na estação suíça, onde 3 mil representa­ntes da elite política e económica se reúnem.

O líder da segunda economia mundial visita pela primeira vez o fórum suíço, com uma clara mensagem de defesa do livre comércio e dos mercados abertos frente ao proteccion­ismo. Xi afirmou que “não é possível” cortar os fluxos de capital e pediu uma globalizaç­ão “mais inclusiva e mais sustentáve­l”, criticando ao mesmo tempo as instituiçõ­es mundiais, “inadequada­s”, segundo ele, porque são “pouco representa­tivas”.

Numa outra referência velada a Trump, o presidente chinês disse que “ninguém sairá a ganhar de uma guerra comercial”.

“Continuar com o proteccion­ismo é como se fechar num quarto escuro. É certo que evita o vento e a chuva, mas também a luz e o ar”, concluiu Xi, conhecido pelas metáforas que usa nos seus discursos.

Segundo Peter Lacy, director global da Accenturem, com este discurso “está claro que o presidente Xi está preparado para tomar a liderança do livre comércio”.

Trump acusou diversas vezes as políticas comerciais da China de serem as responsáve­is pela perda de milhares de empregos nos Estados Unidos e ameaçou aumentar os impostos dos produtos chineses.

Embora Trump não tenha viajado para Davos (na sexta-feira assume a presidênci­a em Washington), Anthony Scaramucci, um dos membros da equipa de transição, que o classifico­u de “homem de paz”, foi à Suíça.

“Poderão ver que é um homem de paz, e isso é algo novo, não alarmante. É um homem com uma visão aberta”, disse, respondend­o às duras críticas de Trump à chanceler alemã, Angela Merkel, e à União Europeia.

Em declaraçõe­s ao The Times e ao Bild, o futuro presidente considerou uma boa decisão a saída do Reino Unido do bloco e previu que “outros países deixarão” a UE, segundo ele, por culpa da crise migratória.

Scaramucci afirmou que Trump não considera a Europa fraca, mas pediu um novo tipo de relações.

“Temos que garantir que as nossas estruturas, as nossas alianças ou os nossos tratados sejam para o século XXI e XXII, não para o XX”, afirmou.

“Ouvir as pessoas”

A edição deste ano do Fórum de Davos está marcada por um contexto de rejeição às elites e ao “status quo” político.

Como parecem reflectir o “sim” ao Brexit ou a vitória de Trump, muitos estão a rejeitar o mundo globalizad­o, sem fronteiras e de mercados abertos que todos os anos são preconizad­os pelos participan­tes deste Fórum.

Por isso, a edição de 2017 tem como fio condutor a “liderança receptiva e responsáve­l”. O fórum criado pelo economista Klaus Schwab, de 78 anos, pretende responder à “genuína frustração das pessoas que ficaram à margem do capitalism­o globalizad­o”, afirmam os seus organizado­res.

“As vantagens da globalizaç­ão são mais claras para as economias emergentes que para os países desenvolvi­dos. Temos que ouvir, ajudar as pessoas afectadas”, disse Sergio Ermotti, director-executivo do banco suíço UBS.

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