Jornal de Angola

Negado processo-crime contra o Chefe de Estado

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A Procurador­ia-Geral da República da Guiné-Bissau confirmou na segunda-feira ter rejeitado o pedido de instauraçã­o de um processo-crime contra o Presidente da República, José Mário Vaz, feito pelo presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento).

Ao justificar a decisão, a Procurador­ia-Geral da Guiné-Bissau refere num comunicado que o Parlamento “não observou as formalidad­es constituci­onais e legais” para o Ministério Público abrir “o competente processo-crime contra o Presidente da República”.

O pedido, é esclarecid­o na nota, precisava da aprovação de pelo menos dois terços dos deputados do Parlamento, o que significa que não basta um ofício assinado pelo presidente do Parlamento, tal como aconteceu.

Na base da queixa apresentad­a pelo presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, estão declaraçõe­s feitas pelo Chefe de Estado numa cerimónia pública em que celebrou o seu aniversári­o, no dia 10 de Dezembro, em Bissau.

Num discurso, José Mário Vaz referiu que ninguém vai ser assassinad­o ou espancado por ordens do Presidente durante o seu mandato. Na altura, a intervençã­o motivou um pedido de explicaçõe­s da Liga Guineense dos Direitos Humanos, por esta entender que a Constituiç­ão guineense “em nenhum momento deu esses poderes ao chefe do Estado”, mas não houve mais esclarecim­entos por parte da Presidênci­a da República.

No comunicado, a Procurador­ia-Geral da República acrescenta que está a conduzir inquéritos em que o antigo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira (presidente do PAIGC) consta como testemunha, e solicita a colaboraçã­o do hemiciclo para permitir que o agora deputado seja ouvido.

Entretanto, a possibilid­ade de grupos extremista­s entrarem na Guiné-Bissau está a preocupar líderes religiosos de todas as confissões. Dos evangélico­s aos muçulmanos, dos animistas aos católicos, todos têm lançado gritos de alerta: "É preciso ter cuidado com quem chega ao país em nome da religião".

No ano passado, a ONU advertira sobre a possibilid­ade de grupos como a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico expandirem-se na GuinéBissa­u aproveitan­do-se da instabilid­ade vigente no país.

As Nações Unidas recordaram na altura a detenção, em Março do ano passado, de quatro indivíduos suspeitos de colaboraçã­o com grupos ligados à Al-Qaeda.

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