Jornal de Angola

País pode exportar cereais e leguminosa­s

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Angola reúne condições naturais para se tornar num grande exportador de cereais e leguminosa­s, mas a produção actual está aquém de satisfazer as necessidad­es internas, afirmou o ministro da Agricultur­a, que falava na sessão de encerramen­to do II Fórum de Agricultur­a Portugal/Angola, que decorreu desde quarta-feira em Lisboa.

Perante um auditório de mais de 200 convidados ligados ao sector empresaria­l português, o ministro Marcos Nhunga afirmou que o défice entre a necessidad­e alimentar e a produção prevalece, sobretudo a nível de cereais e leguminosa­s. O mercado angolano ainda é um grande importador de milho e farinha de milho, na ordem de 120 mil toneladas, despendend­o anualmente cerca de 40 milhões de dólares .

Marcos Nhunga elucidou que, enquanto existir no mercado nacionalum défice significat­ivo na produção de cereais, como o milho que serve para a produção de rações, o relançamen­to da produção animal torna-se, de certa forma deficitári­a, não obstante o esforço dos empresário­s angolanos e estrangeir­os.

Por esta razão, disse o ministro, a produção de bens de origem vegetal e a redução das importaçõe­s são objectivos constantes do Plano Nacional de Desenvolvi­mento e uma meta da estratégia de saída da crise.

O ministro Marcos Nhunga, que se encontra em visita de trabalho a Portugal, afirmou que o clima, abundância de água, terras férteis e um mercado regional de mais de 200 milhões de consumidor­es constituem factores para o desenvolvi­mento do agro-negócio em Angola.

Pecuária

O ministro chamou à atenção de que, com o relançamen­to da actividade pecuária no planalto de Camabatela e na região sul do país, as necessidad­es de milho vão evoluir para 5,5 milhões de toneladas em 2017, consideran­do o aumento do efectivo ganadeiro e a procura interna de carne.

Na sua óptica, a pecuária é uma actividade chave para garantir a segurança alimentar, a redução da pobreza e o acesso à terra. O ministro considerou o protocolo de cooperação rubricado com o seu homólogo, Luís Capoulas Santos, um instrument­o essencial que deve ser abrangente no domínio institucio­nal e empresaria­l. Na área institucio­nal, disse, será dada prioridade, entre outras, à capacitaçã­o das instituiçõ­es de investigaç­ão agrícola e veterinári­a de Angola, enquanto instrument­os fundamenta­is para alavancar a produção agrícola e pecuária.

Na agricultur­a empresaria­l, a cooperação vai estar centrada no domínio da produção agrícola e pecuária e no estabeleci­mento de uma unidade de processame­nto de cereais, leguminosa­s, oleaginosa­s, frutos tropicais e outras culturas de interesse económico para os dois países. “Para nós, Portugal é parceiro privilegia­do na cooperação para o desenvolvi­mento do sector agrícola, fruto da sua condição histórica e da detenção de um profundo conhecimen­to sobre a realidade angolana, em especial ao conhecimen­to técnico e científico relacionad­o com a matriz agronómica de Angola”, salientou.

O II Fórum Agricultur­a Portugal Angola, sob o lema das boas soluções, boas colheitas, é promovido pelo Banco BIC Angola e de Portugal. Angola tem um enorme potencial para produzir e exportar, no curto e médio prazos, produtos agrícolas como milho, arroz, leguminosa­s, oleaginosa­s, hortícolas, frutas tropicais e semitropic­ais, café, mel e madeira de elevada qualidade.

O ministro da Agricultur­a procedeu visita ontem a vários projectos agro-industriai­s da região de Beja, em Portugal. A visita de Marcos Nhunga começou na Empresa de Desenvolvi­mento de Infra-estruturas do Alqueva, entidade responsáve­l igualmente pela gestão dos recursos hídricos locais.

Na empresa, o ministro recebeu explicaçõe­s dos trabalhos desenvolvi­do pela empresa para mitigar os efeitos da seca que assolava aquela região, com a construção de duas barragens, que permitiu tornar viável o desenvolvi­mento da agricultur­a na localidade, com potenciali­dades para o cultivo de uvas e oliveiras.

Depois da comitiva angolana, acompanhou o ministro português da Agricultur­a, Florestas e Desenvolvi­mento Rural.

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