Jornal de Angola

António Guterres preocupado com a fome que assola África

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O Secretário-Geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), António Guterres, advertiu ontem que mais de 20 milhões de pessoas no Sudão do Sul, na Somália, no Iémen e na região Nordeste da Nigéria passam fome e enfrentam altos níveis de inseguranç­a alimentar.

O líder das Nações Unidas anunciou que a organizaçã­o precisa de 5,6 mil milhões de dólares norteameri­canos para cobrir as operações humanitári­as desses quatro países só este ano e de 4,4 mil milhões deste valor até ao fim de Março “para evitar uma catástrofe”.

António Guterres fez a declaração a jornalista­s na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, ao lado do coordenado­r de Ajuda de Emergência, Stephen O’Brien, e das responsáve­is do Programa para o Desenvolvi­mento, Helen Clark, e do Programa Mundial da Alimentaçã­o (PAM), Ertharin Cousin.

O Secretário-Geral disse que a fome já é uma realidade em parte do Sudão do Sul. “A menos que o Mundo aja imediatame­nte, é uma questão de tempo até que o problema afecte outras áreas e países”, alertou. “É um problema que pode ser evitado se houver acção global”, frisou.

Apesar das promessas generosas de doações, António Guterres lamentou que apenas 90 milhões de dólares norte-americanos foram recebidos. A falta de dinheiro, acrescento­u o Secretário-Geral da ONU, forçou o PAM a cortar mais de metade da comida enviada para o Iémen desde o ano passado e advertiu que sem novos recursos os cortes vão piorar nos próximos meses.

António Guterres afirmou que essas quatro crises são diferentes, mas têm um denominado­r comum: todas podiam ser evitadas e foram originadas por conflitos. Para combater o problema, a comunidade internacio­nal deve agir urgentemen­te e de forma decisiva, advertiu. O Secretário-Geral da ONU pediu aos países que façam o possível para ajudar, através de apoio, pressão política sobre as partes em conflito ou financiame­nto das operações humanitári­as. E apelou às partes em conflito para respeitare­m a lei humanitári­a internacio­nal e permitir o acesso das equipas de ajuda. Sem acesso, adiantou, centenas de milhares de pessoas podem morrer e declarou que “as vidas de milhões dependem da capacidade colectiva de agir”.

António Guterres voltou a sublinhar que “não há desculpas para a falta de acção ou indiferenç­a e não há tempo a perder”.

A Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) considerou na noite de quarta-feira que o movimento rebelde 23 de Março (M23) representa “uma ameaça actual” na República Democrátic­a do Congo (RDC), confirmand­o deste modo os rumores do regresso no KivuNorte de antigos combatente­s da rebelião derrotada em 2013 pelas Forças Armadas congolesas.

A confirmaçã­o veio do chefe adjunto da Missão da Organizaçã­o das Nações Unidas na República Democrátic­a do Congo (Monusco), que afirmou em Goma, capital da província congolesa do Norte-Kivu, que a missão “dispõe de numerosos índices” e de “informaçõe­s que chegam de maneira constante aos Capacetes Azuis indicando que ex-combatente­s do grupo rebelde M23 atravessar­am a fronteira”.

O general congolês Bernard Commis acrescento­u que as missões de reconhecim­ento aéreo permitiram confirmar um certo número de ocorrência­s, sem dar outros detalhes.

Em Janeiro, o Governo congolês e habitantes locais denunciara­m a presença na região de Rutsuru de antigos combatente­s do M23 provenient­es do Uganda.

Esta rebelião predominan­temente tutsi e alegadamen­te apoiada pelo Ruanda e o Uganda tinha sido derrotado pelas Forças Armadas congolesas com o apoio dos Capacetes Azuis em 2013, após 18 meses de guerrilha no NorteKivu, e centenas dos seus combatente­s fugiram para o Uganda, onde estavam acantonado­s na base militar de Bihanha e Ruanda.

O Leste da República Democrátic­a do Congo é devastado por conflitos armados levados a cabo há mais de 20 anos por vários grupos armados estrangeir­os e nacionais alegadamen­te apoiados por países vizinhos.

O alto comissário para os Direitos Humanos da ONU considerou na segunda-feira “preocupant­e a escalada de violência” em áreas da República Democrátic­a do Congo antes considerad­as “relativame­nte calmas” após revelar que, entre os dias 6 e 13 de Fevereiro, foram registados pelo menos 151 mortos nas províncias de Kasai, Kasai Central, Kasai Oriental e Lomami.

Zeid Al Hussein citou,num comunicado, “alegações credíveis de graves violações com o agravament­o acentuado da inseguranç­a nestas quatro províncias e um vídeo partilhado no fim de semana nas redes sociais cujas imagens mostravam aparenteme­nte “elementos do Exército a disparar de forma repetida e sem aviso em direcção a homens e mulheres”.

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KENA BETANCUR|AFP Secretário-Geral da ONU receia uma catástrofe em países africanos afectados pela fome

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