Violência étnica no Cassai Sul ameaça a paz
Os conflitos que se registam na região do Cassai e do Cassai Central, na República Democrática do Congo (RDC) e que têm gerado implicações para Angola devido ao fluxo de refugiados, são motivo de preocupação para a Organização das Nações Unidas, afirmou ontem, em Luanda, o enviado especial do Secretário-Geral para a Região dos Grandes Lagos, Said Djinnit.
O diplomata, que falava à imprensa no final de uma audiência que lhe foi concedida pelo ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, referiu que o encontro teve como propósito principal analisar a situação vigente na RDC. Angola preside actualmente à Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e, nesta qualidade, o ministro João Lourenço presidiu no ano passado, em Nairobi, Quénia, uma reunião dos ministros da Defesa da organização.
“Reuni com o ministro da Defesa de Angola para verificar a implementação das recomendações saídas desta reunião”, disse Said Djinnit, que manifestou preocupação com o clima de tensão na RDC, protagonizado por antigas milícias e grupos rebeldes. Said Djinnit disse ainda que o encontro com João Lourenço se estendeu à sua condição de candidato do MPLA a Presidente da República nas eleições gerais marcadas para 23 de Agosto. “Aproveitei o encontro para felicitá-lo e pedir que as próximas eleições em Angola decorram de forma transparente e pacífica”, disse. O enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Região dos Grandes Lagos realçou que as agências da ONU estão ao total dispor de Angola para auxiliar no processo eleitoral, de modo que seja um exemplo de transparência e pacificação. “Acreditamos que as autoridades angolanas e seus parceiros hão-de tudo fazer para que as eleições decorram com transparência e que o processo continue a ser um exemplo para o mundo”, reforçou. Em relação à prevalência de conflitos em outras zonas sob a tutela da CIRGL, Said Djinnit considerou que as Nações Unidas estão atentas à situação do Burundi, República Centro Africana (RCA) e Sudão do Sul. O trabalho realizado no Burundi, disse, tem o apoio de organizações regionais, tendo acrescentado que as Nações Unidas sempre defenderam o diálogo inclusivo para a resolução de conflitos. “Apoiamos todos os esforços feitos pelo Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, para encontrar as melhores soluções.”
Said Djinnit lembrou que, no Sudão do Sul, a tarefa das Nações Unidas também tem o apoio de países da região e incide na execução do acordo de paz, enquanto na RCA a prioridade recai para a execução dos acordos pré-estabelecidos.