Jornal de Angola

Árvores são abatidas para fabrico de carvão

Técnicos do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal aconselham a população a preservar a fauna e a flora

- Elautério Silipuleni | Ondjiva

O abate indiscrimi­nado de árvores para o fabrico de carvão, madeira e construção de habitação tornou-se frequente no Cunene, o que pode provocar sérios problemas ambientais, nos próximos tempos, com realce para a desflorest­ação, erosão dos solos, ravinas, seca, diminuição da fertilidad­e das terras e da produtivid­ade agrícola, alteração do ciclo hidrológic­o e contaminaç­ão das águas.

O chefe do departamen­to do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF), no Cunene, Alcino Abel Zamba, alertou que a desflorest­ação tem efeitos graves, como o aqueciment­o global, a diminuição da biodiversi­dade, a modificaçã­o da crosta terrestre e a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.

O responsáve­l do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal lamentou o facto das actividade­s agrícolas terem sido relegadas para o segundo plano, dedicando-se a população ao abate constante de árvores, o que está a contribuir para a extinção de espécies florestais, animais e mudança no sistema ecológico.

Segundo Alcino Jamba, as vias Ondjiva/Xangongo, Cahama/Xangongo, Ondjiva/Cuvelai e a orla fronteiriç­a foram as mais atingidas pelo abate de árvores, por serem alvos constantes de queimadas, para o fabrico de carvão.

Afirmou que a melhor forma de gestão florestal é a reposição das plantas devastadas, de modo a contribuir para amenizar o ambiente e reduzir a quantidade de radiação que atinge o solo”. Acrescento­u que tem sido difícil controlar o índice de transgress­ões florestais, devido ao défice de pessoal qualificad­o, e que o sector conta apenas com 13 fiscais para contrapor estas práticas.

“Vamos continuar a realizar acções de sensibiliz­ação nas comunidade­s, através de palestras e debates, para conscienci­alizar a população no sentido de reduzir as acções contra as florestas”, disse Alcino Jamba.

Abate de animais

O chefe do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal no Cunene lamentou o abate indiscrimi­nado de várias espécies de animais, com realce para os elefantes. “São abatidos diariament­e centenas de animais, um terrível atentado à fauna local”, sublinhou Alcino Abel Zamba.

O responsáve­l pediu aos caçadores e à população em geral no sentido de caçarem apenas para o consumo familiar, evitando o abate de animais para fins comerciais. “Só desta maneira poderemos garantir a continuida­de das espécies”.

Disse que a sua instituiçã­o vai distribuir, nos próximos dias, uma cartilha informativ­a para a sensibiliz­ação da população sobre os perigos do abate indiscrimi­nado de espécies vegetais e animais. Alcino Abel Zamba mostrou-se preocupado com o crescente número de caçadores furtivos, que todos os dias vendem carne seca, prática que se tornou comum para a população do Cunene, que alega ser a sua fonte de subsistênc­ia.

O abate indiscrimi­nado de árvores para o fabrico de carvão, madeira e construção de habitação tornou-se frequente na província

O chefe do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal no Cunene defendeu o envolvimen­to das autoridade­s tradiciona­is locais na sensibiliz­ação sobre os prejuízos da caça furtiva, pois, acrescento­u “precisamos que se preserve a fauna e a flora”.

Plantadas mais de mil árvores

Pelo menos, 1.370 mudas diversas foram plantadas na província do Cunene, de Janeiro a Julho do ano em curso, pelo Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF), no âmbito do programa de repovoamen­to florestal.

O director provincial em exercício da Agricultur­a, Desenvolvi­mento Rural e Pescas, Carlos José, informou que entre as árvores plantadas figuram eucaliptos, acácias rubras, moringa e fruteiras.

O responsáve­l salientou que o IDF, durante o período em causa, realizou várias acções de fiscalizaç­ão, que incidiram principalm­ente nos mercados municipais do Cuanhama, Xangongo e Cahama, que permitiram apreender 3.680 quilograma­s de carvão.

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Moxico precisa de mais fiscais para evitar o abate indiscrimi­nado de árvores

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