Suíça devolve milhões desviados por Abacha
Oposição que antes aplaudiu a demissão de Mugabe agora critica as escolhas do novo Presidente que aposta em pessoas ligadas a Mugabe para o Governo
Apenas dois dias depois de ter sido empossado, o Governo do Zimbabwe continuava ontem a ser alvo de fortes críticas internas, em especial de membros da oposição que antes haviam aplaudido a demissão de Robert Mugabe e dado o benefício da dúvida ao novo Presidente Emmerson Mnangagwa.
As críticas subiram de tom quando ontem se soube que Joshua Malinga se juntou a Christopher Mutsvangwa na lista de conselheiros especiais do novo Presidente da República.
Tal como Mutsvangwa, Joshua Malinga é outro líder da poderosa organização dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra a quem são atribuídas responsabilidades directas por incidentes de violência contra agricultores na década de 1980 e que terão provocado dezenas de mortos.
Na segunda-feira, ao mesmo tempo que o governo era empossado na State House, a população concentrou-se em alguns pontos de Harare a exigir que o Presidente escolhesse conselheiros menos comprometidos com um passado que todos querem esquecer.
Até ao momento, Emmerson Mnangagwa apenas cedeu em retirar Victor Matemadanda do posto para que havia sido inicialmente indicado, viceministro da Defesa, colocando-o como comissário junto da ZANU-PF.
Tudo indica que não há mais alterações, uma vez que a partir de hoje o Governo entra em funções aprovando as suas primeiras medidas legislativas.
Segundo o Jornal de Angola apurou por contacto telefónico com um membro ligado ao Governo, a primeira medida é a publicação em diário oficial de uma lei que amnistia todos os crimes económicos que estejam a ser julgados ou em processos de instauração, desde que os implicados devolvam aos cofres do Estado, num prazo de três meses, as verbas que tenham eventualmente desviado para o estrangeiro.
Esta lei já havia sido anunciada pelo próprio Presidente da República mas passa a ter, a partir de hoje, carácter oficial com força de lei.
Uma outra prioridade do novo Governo é a apresentação urgente do Orçamento Geral do Estado para 2018, um documento que está a ser preparado por uma vasta equipa de economistas liderada pelo novo ministro das Finanças Patrick Chinamasa.
No seu discurso de tomada de posse, proferido no passado dia 24 de Novembro, Emmerson Chinamasa referiu que a base para a recuperação económica do país assentava no desenvolvimento da sua agricultura.
Por isso, é expectável que o Orçamento Geral do Estado para 2018 canalize grande parte das suas verbas para o apoio à agricultura, em especial para o financiamento a projectos de desenvolvimento e também para o repovoamento e devolução das terras expropriadas aos fazendeiros brancos.
O Zimbabwe até há 15 anos era considerado o “celeiro de África”, o que garantia ao país a sua autosustentação alimentar e manter uma balança comercial inclinada para o lado das exportações.
Mas nem só na agricultura assentam as esperanças dos zimbabweanos num futuro melhor, pois no mesmo discurso de 24 de Novembro, Emmerson Mnangagwa garantiu a aplicação de medidas políticas e económicas que favoreçam o regresso do investimento estrangeiro.
O investimento estrangeiro é fundamental para que o Zimbabwe possa reorganizar e por a funcionar de novo a sua indústria que neste momento está parada por incapacidade do empresariado nacional ter acesso ao financiamento para importar as matérias-primas de que necessita.
Ainda por definir está saber qual será a decisão em relação à política monetária e cambial, nomeadamente se a economia continua a estar directamente anexada ao dólar norteamericano ou se iremos assistir ao regresso do dólar zimbabweano.
Alguns especialistas locais referem que, para já, o melhor é manter o dólar norte-americano como moeda oficial do país, para depois das eleições de 2018 se pensar no eventual regresso de uma moeda nacional específica que, até por razões meramente psicológicas, pode não ser o dólar zimbabweano, que enquanto funcionou chegou a ter uma desvalorização diária de quase 100 por cento.
Isto fez com que a inflação no país fosse das mais altas do mundo, atingindo mais de mil por cento ao ano, altura em que um dólar norteamericano valia mais de um milhão de dólares zimbabweanos.
As críticas subiram de tom quando ontem se soube que Joshua Malinga se juntou a Christopher Mutsvangwa na lista de conselheiros especiais do novo Presidente da República