O estado das infra-estruturas escolares
Antes e pouco depois do início das aulas, muito se falou sobre a preparação dos professores, o estado das escolas, papel dos encarregados, entre outros factores julgados indispensáveis para os objectivos do processo docente-educativo. Mas pouca ou nenhuma atenção se deu, devidamente, às infra-estruturas das escolas ou, muito particularmente, aos meios de ensino e outros directamente ligados ao processo de ensino. Falamos da estrutura de muitas escolas, desde as paredes, as escadas, o estado do tecto, os gradeamentos que, em muitas escolas do país, se apresentam prestes a “rebentar pela costura”, como sói dizer-se.
Na maioria das escolas de Luanda, apenas para citar esta realidade, os quadros de ardósia ou de betão apresentamse em muito mau estado de conservação e, alguns casos, nem sequer apresentam condições para servir como um verdadeiro meio de ensino.
A ausência de carteiras é igualmente uma realidade que precisa de ser devidamente resolvida, sendo muito questionável um recente episódio ocorrido numa das escolas em Cacuaco onde as crianças começaram o ano lectivo sentando-se em blocos de betão.
Amplamente mediatizado pelos órgãos de comunicação, a mensagem passou ao ponto de “mexer” com as estruturas que lidam com a governação, e educação em particular, em Luanda. Estranhamente, dia seguinte novas carteiras apareceram na referida escola, tal como comunicado por uma estação de televisão privado do país, facto que levanta inúmeras perguntas.
O Governo Provincial de Luanda está plenamente ao corrente da realidade de todas as escolas de Luanda no que ao estado das suas infra-estruturas diz respeito e, por consequência, as necessidades inadiáveis destas mesmas escolas?
Embora seja normal que os poderes públicos subordinem, em parte, as suas agendas de acordo com o que é divulgado pelos órgãos de comunicação, é questionável que este estado de coisas determine decisões e intervenções dos órgãos do poder. O que ocorreu numa das escolas de Cacuaco em que, dias depois da informação da falta de carteiras, levou ao fornecimento no dia seguinte, não pode constituir uma espécie de paradigma da actuação das entidades governamentais. Onde estavam estas carteiras, que as entidades responsáveis não sabiam da existência das mesmas para rapidamente terem sido distribuídas às escolas, com crianças a sentarem em pedras ?
Não podemos, depois de ter começado o ano lectivo, esperar por interrupções das aulas por causa de necessidade de obras ou intervenções que eram completamente previsíveis antes das aulas começarem. Há situações que as direcções das escolas, a nível local, e a direcção a nível central, deviam superar, ainda que gradualmente para evitar que o seu grau de acentuação leve a paralisação das aulas.
Muitas escolas enfrentam o problema da falta de água corrente, apesar de ligação à rede, facto que inviabiliza o funcionamento normal dos quartos de banhos, expondo centenas de crianças e adolescentes a situações evitáveis.
O ensino nocturno em Luanda é uma realidade que contribui para aumentar a cobertura escolar em todo o país, empregar professores e evitar que milhares de adolescentes e jovens estejam fora do sistema escolar. No entanto, urge debelar desafios ao nível deste turno de ensino, nomeadamente problemas directamente ligados ao ensino, como o fornecimento regular de energia às escolas, e outros indirectos como a segurança.
Muitos dos problemas que as escolas enfrentam, relativamente ao estado das suas estruturas, fundamentalmente aquelas que actuam directamente no processo de ensino, não precisam de se agravar a cada dia. Mesmo no estado nem que se encontram, numerosas infra-estruturas escolares podem ainda resistir se regular e oportunamente forem alvos de intervenções necessárias.