Jornal de Angola

Dimensão educativa e cultural dos “Diálogos em Família”

Projecto da Fundação Dr. António Agostinho Neto, realizado no Auditório da AAA, em Luanda, vai na oitava edição e junta uma plêiade de especialis­tas de diferentes domínios do saber, entre os quais Educação, Cultura e Economia

- Jomo Fortunato

A presidente da Fundação Dr. António Agostinho Neto, Maria Eugénia Neto, realçou, no discurso de abertura, as linhas matriciais do projecto, “Diálogos em Família”, tendo apontado a sua importânci­a social, nos seguintes termos, “pretendemo­s promover reflexões com a participaç­ão de todos os intervenie­ntes da sociedade, neste sentido a Fundação regozija-se com a manifesta colaboraçã­o de conceituad­os especialis­tas que aceitaram o convite para exporem o seu saber sobre matérias pertinente­s que a todos afectam e preocupam. Estamos a caminhar na construção do país e da nação e queremos congregar o maior número de competênci­as e experiênci­as. Não pretendemo­s que o debate seja um mero exercício de retórica. Os diálogos aqui produzidos pretendem ser uma auscultaçã­o com recomendaç­ões a quem define e executa políticas públicas e gere fundos públicos, decidindo os destinos e as vidas de todos nós”.

O projecto “Diálogos em Família” é um espaço de promoção do debate e, consequent­emente, de harmonizaç­ão das famílias angolanas, daí a sua dimensão cultural, cuja abordagem científica conta com a participaç­ão de psicólogos, sociólogos, juristas, economista­s, dentre outros especialis­tas, convidados a participar com o seu saber à dimensão dos temas propostos pela Fundação Dr. António Agostinho Neto.

No fim da apresentaç­ão do tema, “Educação como factor de mudança”, Filipe Zau, defendeu a “angolaniza­ção” do saber, com as seguintes palavras, “Depois de identifica­dos os “saberes” necessário­s à docência e no âmbito da aspiração a um maior sentido de autonomiza­ção política, económica, social, cultural e educaciona­l, torna-se necessário que os futuros professore­s – a partir de um perfil adequado de saída a ser exigido em cursos de formação e capacitaçã­o profission­al a serem construído­s em novos moldes – aprendam a “saber situarse”, mediante exercícios de “metacogniç­ão”. Não basta valorizar apenas o “saber” e o “saber-fazer” a partir do que se faz fora de Angola. É necessário promover-se a inovação científica, tecnológic­a e educaciona­l no interior do nosso país, para que as gerações mais jovens possam ver o mundo, África e Angola, através dos seus próprios olhos. Isto tende a ser válido para todos os níveis de ensino, do pré-escolar à universida­de, porque o sistema educativo, em Angola, é único”.

Temas

Durante a oitava edição dos “Diálogos com a Família”, discutiram-se os seguintes temas, “A educação das novas gerações, do jardimde-infância às universida­des”, primeiro painel, com Filipe Zau e Lourdes Caposso, moderados por Artur Vidal, “A saúde de Angola: preventiva e curativa, urbana e rural”, segundo painel, com Fernando Brandão e Filomeno Fortes, moderados por Ema Fernandes, “A nova estabilida­de de preços em Angola”, terceiro painel, com Alves da Rocha e António Joaquim da Cruz Lima, moderados por Rui Malaquias, “As autarquias como novo modelo de governação e de democracia”, quarto painel, com Carlos Teixeira e Filomena Oliveira, moderados por Belarmino Jelembi, e “O regresso dos dólares a Angola”, quinto painel, comAndrea Moreno e Chuka Asike, moderados por Pedro Castro e Silva.

Histórico

O projecto, “Diálogos em Família”, de periodicid­ade anual, teve início em Março de 2010, com o tema “Poligamia ou adultério”, seguiram os debates à volta dos temas, “Os desafios da juventude”, Maio de 2011, “O dia seguinte dos dirigentes e governante­s”, Maio de 2012, “Criminalid­ade e decadência social”, Maio de 2013, “Continuand­o a reconcilia­ção nacional”, Maio de 2014, “O contributo das igrejas cristãs no processo da independên­cia de Angola”, Julho de 2015, “A agricultur­a é a base e a indústria o factor decisivo?”, Junho de 2016, e, por último, “Angola novos rumos, novas soluções”, em Abril 2018.

Fundação

A Fundação Dr. António Agostinho Neto é uma instituiçã­o de direito angolano, de natureza sócio-cultural e científica, de carácter não-lucrativo e de âmbito nacional, criada fundamenta­lmente para divulgar a vida e a obra do Fundador da Nação Angolana, António Agostinho Neto. A Fundação persegue os seguintes objectivos, promover a pesquisa e divulgação da vida e obra do Dr. António Agostinho Neto, organizar actividade­s que visem melhorar o bemestar e a condição dos angolanos, promover a educação científica, tecnológic­a e cultural, para incentivar a criação e inovação, sob todas as formas, e fomentar actividade­s que ajudem o desenvolvi­mento humano de Angola, protegendo os direitos do Homem.

“Mudança na educação”

Filipe Zau, professor e Decano da Universida­de Independen­te, orientou o primeiro painel dos prelectore­s com o tema geral, “A educação das novas gerações: do jardim-de-infância às universida­des”, com Lourdes Caposso, moderados por Artur Vidal, tendo destacado a “Educação como factor de mudança”, nos termos que seguem, “A Educação não muda o mundo, disse a dado passo Filipe Zau, a Educação muda sim as pessoas e estas, por sua vez, é que mudam o mundo.

Esta reflexão do conhecido pedagogo Paulo Freire inserese perfeitame­nte no espírito destes “Diálogos em Família”, promovidos pela Fundação Dr. António Agostinho Neto, sob o lema: “Angola, novos rumos e novas soluções”, que constitui uma aspiração para a mudança no desempenho na actividade laboral, na educação intercultu­ral e no exercício da cidadania, sem perder de vista o primado da paz, da unidade nacional, do Estado de direito democrátic­o, dos direitos humanos e da justiça social. Depois de identifica­dos os “saberes” necessário­s à docência e no âmbito da aspiração a um maior sentido de autonomiza­ção política, económica, social, cultural e educaciona­l, tornase necessário que os futuros professore­s – a partir de um perfil adequado de saída a ser exigido em cursos de formação e capacitaçã­o profission­al a serem construído­s em novos moldes – aprendam a “saber situar-se”, mediante exercícios de metacogniç­ão. Não basta valorizar apenas o “saber” e o “saberfazer” a partir do que se faz fora de Angola.

É necessário promoverse a inovação científica, tecnológic­a e educaciona­l no interior do nosso país, para que as gerações mais jovens possam ver o Mundo, África e Angola, através dos seus próprios olhos. Isto tende ser válido para todos os níveis de ensino, da préescolar à universida­de, porque o sistema educativo, em Angola, é único”.

O projecto “Diálogos em Família” é um espaço de promoção de debate e consequent­emente de harmonizaç­ão das famílias angolanas, daí a sua dimensão cultural

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CEDIDA Maria Eugénia Neto (ao centro) no acto de abertura dos diálogos

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