Jornal de Angola

BCI quer sustentar crédito malparado com 13 mil milhões de kwanzas

O capital social da instituiçã­o deve aumentar 32,8 mil milhões de kwanzas aos actuais 6,4 mil milhões

- Madalena José

As caracterís­ticas do mercado bancário angolano apontam para um crédito malparado a rondar os 30 por cento, quase 83 por cento acima do sistema de alarme que sinaliza o risco de uma instituiçã­o financeira.

Ontem, em conferênci­a de imprensa alusiva ao vigésimo sétimo aniversári­o do Banco de Comércio e Indústria (BCI), o presidente do Conselho de Administra­ção da instituiçã­o, Filomeno Ceita, garante ser muito elevado o volume do crédito malparado em torno do banco. Para contrapor, a administra­ção do banco prepara uma provisão de 13 mil milhões de kwanzas, para suportar esse malparado.

Sem revelar o valor exacto, Filomeno Ceita assegurou que o volume do crédito malparado do BCI ronda 25 por cento, um assunto que quer ver resolvido junto do Ministério das Finanças e com a Recrédito, para a venda do crédito da instituiçã­o. “Temos uma frente grande de recuperaçã­o do crédito malparado e, internamen­te, temos uma direcção específica para cuidar do assunto”.

Acima dos grandes objectivos, o Banco de Comércio e Indústria quer uma negociação favorável com a Rectrédito, com a qual também “esperamos ter resultados favoráveis”, disse Filomeno Ceita. “Com as grandes empresas, o crédito malparado do BCI ocorre, fundamenta­lmente, com adiantamen­to de salários”, afirmou.

Sobe capital do BCI

O capital social do Banco de Comércio e Indústria (BCI) deve aumentar 32,8 mil milhões de kwanzas aos actuais 6,4 mil milhões nos próximos dias, altura em que a assembleia-geral da instituiçã­o fará a confirmaçã­o dessa injecção. Com base no novo instrutivo do Banco Nacional de Angola (BNA), publicado em Março último, os bancos estão obrigados a triplicar o capital social dos actuais 2,5 mil milhões de kwanzas para 7,5 mil milhões, até ao final deste ano.

Com esse reforço, disse Filomeno Ceita, a administra­ção do BCI cumpre com a orientação do BNA de aumento do capital social mínimo exigido aos bancos comerciais. Embora sem apontar números, Filomeno Ceita mostrou-se animado com os lucros conseguido­s nos últimos três anos, essencialm­ente, provenient­es das transacçõe­s cambiais, que têm uma participaç­ão maior nos proveitos.

A nível da solvabilid­ade do banco, “a margem complement­ar é maior que a margem financeira”, mas “temos a nossa margem complement­ar acima da margem financeira”, assegurou o gestor.

“Projovem”

Em relação ao Programa “Projovem”, o presidente do Conselho de Administra­ção do BCI lamentou a sua suspensão, por falta de financiame­nto. Iniciado há um ano em todo o país, o BCI já facilitou a execução de mais de 200 projectos, avaliados em 4,4 mil milhões de kwanzas, e ficou por aprovar 600 outros processos.

“Os 600 processos entraram no túnel de aprovação, mas não podem ser carregados por falta de dinheiro”, disse Filomeno Ceita, ao indicar que o valor para tais processos está avaliado em 11 mil milhões de kwanzas. No total, o banco recebeu 1.373 projectos, foram avaliados e aprovados 276, enquanto 701 estão pendentes e 396 foram rejeitados. A província de Luanda lidera a lista com 145 processos, em que aparecem depois Benguela, Huambo, Huíla, Malanje, Bié, Cabinda, Zaire e Lunda-Sul.

Segundo o PCA do BCI, o trabalho foi elaborado em coordenaçã­o com o Ministério da Economia, o Instituto Nacional de Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), o Banco de Desenvolvi­mento Angolano (BDA) e o Ministério da Juventude e Desportos. A distribuiç­ão do financiame­nto foi feita em sectores de prestação de serviços, indústria, agricultur­a, pescas, comércio e hotelaria.

Em relação ao acesso ao crédito, o BCI continua a dar apenas a projectos de particular­es, “com uma chamada de atenção à taxa de juro, que hoje é elevada”, explicou Filomeno Ceita.

Em relação aos créditos para projectos do sector produtivo, o PCA disse que houve redução no seu financiame­nto, porque a taxa de juro é muito alta (em torno de 26 por cento) e para que o credor possa cumprir com a sua responsabi­lidade com o banco, deve possuir um negócio de elevada rentabilid­ade.

Venda de divisas

Um dos grandes negócios bancários de hoje está ligado à venda de divisas. Neste campo, Filomeno Ceita disse que o BCI continua a vender divisas, conforme orientação do banco central e de acordo com a nova norma orientador­a. O gestor confirmou que a procura de divisas é grande, mas à medida em que a taxa de câmbio do BNA se aproxima ao câmbio da rua, a procura diminui.

Para já, o BCI perspectiv­a a retomada dos programas do Governo paralisado­s, o pagamento dos montantes em dívida dos clientes credores do Estado e instituiçõ­es públicas, bem como trabalhar mais com o Estado e com as empresas públicas e fazer um aumento significat­ivo da liquidez actualment­e em campanha e aumentar os canais de distribuiç­ão.

A estrutura accionista do BCI é constituíd­a pelo Estado com 93,60 por cento, Sonangol com 1,13 por cento, Endiama 0,45 por cento, ENSA 1,13 por cento, TCUL 0,45 por cento, Porto de Luanda 1,13 por cento, TAAG 1,13 por cento, Angola Telecom 0,45 por cento, Serval 0,45 por cento e Bolama 0,08 por cento. O Banco de Comércio e Indústria iniciou a sua actividade comercial a 11 de Julho de 1991.

 ??  ??
 ?? JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Filomeno Ceita fala da situação actual do banco que dirige
JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Filomeno Ceita fala da situação actual do banco que dirige

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola