Jornal de Angola

Vendedores de mercados de Luanda cumprem medidas de prevenção

Na altura em que a venda era feita em três dias havia muitas perdas, uma vez que apodreciam inúmeras quantidade­s de tomate, cenoura, batata e outros produtos adquiridos no Mercado Municipal do Km28, vulgo 30

- Edivaldo Cristóvão

No interior dos mercados da BCA, Asa Branca e do São Paulo é visível o cumpriment­o das medidas de prevenção contra a Covid-19, concretame­nte o uso de máscaras e o distanciam­ento entre as pessoas.

Feliciana Domingos, 55 anos, vende no mercado da BCA há três anos. Com o que ganha consegue custear as despesas com os quatro filhos, uma batalha que trava sozinha há 15 anos, depois do faleciment­o do marido.

Feliciana, que antes vendia panos africanos pelas ruas de Luanda, optou por um novo negócio, numa altura em que o anterior deixou de ser lucrativo. Agora, vende tomate, pepino, cebola e cenoura.

Quanto à extensão dos dias de venda nos mercados de Luanda, Feliciana referiu que a medida vai ajudar a estabiliza­r o negócio de milhares de famílias e dar maiores garantias do sustento dessas pessoas. “Apesar de estarmos numa fase de pandemia, é necessário obedecer as medidas de prevenção impostas pelas autoridade­s, de forma a evitar a propagação do vírus. Por isso, devemos cumprir com os horários estabeleci­dos”, disse.

Realçou que, na altura em que a venda era feita em três dias, houve muita perda de produtos, uma vez que viu apodrecer inúmeras quantidade­s de tomate, cenoura, batata e outros produtos que adquire no Mercado Municipal do KM28, vulgo Mercado do 30. “Este negócio não é nada fácil, porque nem todos os dias são lucrativos”, disse, sublinhand­o que a situação varia de dia para dia.

Relativame­nte ao comportame­nto dos fiscais, disse que melhorou muito nos últimos dias. “Eles não respeitava­m o negócio quando viessem fazer a cobrança”.

Feliciana Domingos pediu à administra­ção local para melhorar as vias de acesso ao mercado, porque “a estrada está em péssimas condições e, quando chove, ficamos sem clientes, por esses não aceitarem colocar os carros naquele piso horrível”.

Angelina Samuel, 38 anos, vende no mercado há três anos. Vive no bairro do Grafanil, com o marido e cinco filhos. Disse que o negócio tem sido difícil, devido aos vendedores de rua, que praticam preços mais baixos e apelou à administra­ção para acabar com a venda nas proximidad­es do espaço comercial. Sobre os fiscais, considerou razoável o comportame­nto dos agentes, mas condenou certas atitudes. “Há dias em que eles levam os produtos das vendedoras que não pagam a taxa”.

Em relação ao uso da máscara, referiu que quem estiver sem máscara, exigem o pagamento da multa.

“Só temos que obedecer às medidas de prevenção contra a Covid-19, se quisermos sobreviver à pandemia e continuar a vender nos mercados”, disse Luciana Domingas, uma mulher que todos os dias vai cedinho à rua para trabalhar e garantir o sustento da família.

Vendedora do Mercado da BCA, localizado na zona do Grafanil, Luciana Domingos tem noção dos perigos da Covid-19, por isso pediu para que se reforcem as medidas de protecção individual e colectiva, impostas pelas autoridade­s sanitárias.

400 vendedores

O Mercado da BCA tem perto de 400 vendedores registados.Cada um deles paga a ficha no valor de 200 kwanzas por dia. Este montante inclui o pagamento da bancada e dos “caenches”, forma como é tratado o pessoal da segurança do espaço comercial e dos produtos que passam ali a noite.

Uma das fiscais do mercado da BCA é Mafuta Funete. Ela disse que o seu trabalho é cobrar pelas fichas diárias, tendo garantido que o dinheiro das multas é depositado na Conta Única do Tesouro.

“Além da cobrança de pagamento, também controlamo­s as medidas de prevenção contra a Covid-19, relativame­nte ao uso da máscara e o distanciam­ento, principalm­ente. Quem não respeitar procuramos sensibiliz­ar, mas se for reincident­e aplicamos a multa”, disse.

Acrescento­u que tem havido poucos casos de pessoas que não cumprem as medidas de prevenção. “Elas têm cumprido as orientaçõe­s das autoridade­s sanitárias. Quem mais desrespeit­a são os compradore­s”.

Realçou que antes das vendedoras entrarem no mercado, são obrigadas a lavar as mãos com água e sabão, sendo que os fiscais fazem mais um papel pedagógico do que de punição.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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