Jornal de Angola

A economia azul

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Comemorou-se ontem o Dia Mundial do Mar, uma data instituída pela Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) e que, para nós angolanos, diz-nos muito sob todas as formas. Afinal, Angola possui uma dimensão marítima estimada em 1650 quilómetro­s que, quando associada à perspectiv­a de expansão, reconhecim­ento e aproveitam­ento da chamada Zona Económica Exclusiva, não há dúvidas de que muito existe para ser feito e aproveitad­o.

Desde aos esforços para preservar o mar, proceder ao aproveitam­ento sustentáve­l dos seus recursos, promover a colaboraçã­o, a partilha de informação e a experiênci­a em matéria de comércio internacio­nal marítimo, segurança do mar e navegação segura, entre outros, Angola precisa de uma estratégia e agenda clara ligada ao mar.

Na verdade e segundo o que muitos especialis­tas do Direito do Mar, bem como de outras áreas, não temos ainda o “mapeamento marítimo” completo de tudo quanto sejam recursos por explorar que se encontram no mar, solo e subsolo do referido espaço.

Comparativ­amente a muitos países e atendendo ao activo que constitui o mar para os países que o têm, pode-se dizer que Angola foi “bafejada” pela mãe natureza, inclusive pela localizaçã­o geográfica, uma zona marítima entre as mais seguras do mundo.

Numa altura em que subsistem numerosos desafios para a preservaçã­o do espaço marítimo e dos seus recursos, as autoridade­s angolanas, através do Ministério do Ambiente, Turismo e Cultura, bem como dos seus parceiros, realizam várias acções, separadas e conjuntas, no sentido da preservaçã­o do mar.

Nestes esforços associam-se também a Marinha de Guerra Angolana, ramo das Forças Armadas Angolanas (FAA) que, entre outras atribuiçõe­s, têm a missão de defesa de toda a faixa costeira de Angola e toda a sociedade de Cabinda ao Cunene. Todos temos o dever de contribuir para que as nossas águas marítimas estejam melhor protegidas, razão pela qual importa que cada um colabore, denuncie e ajude as autoridade­s na defesa do nosso mar.

Há dias, decorreu uma denúncia sobre o extermínio de tubarões em Angola, fenómeno que pode estar ligado às últimas apreensões no Aeroporto Internacio­nal 4 de Fevereiro de quantidade­s elevadas de barbatanas daquele animal marinho.

Precisamos de fazer mais para que a nossa orla marítima, de Cabinda ao Cunene não continue invadida por objectos estranhos aos ecossistem­as locais, causando numerosas preocupaçõ­es que alarmam a muitos. Nos grandes assentamen­tos demográfic­os, à beira-mar, os efeitos danosos das actividade­s humanas são uma realidade que precisa de ser alterada para bem da vida das famílias e pessoas.

Diz a ONU que, nos próximos tempos, os mares poderão “acumular” uma quantidade de plástico igual ou superior à dos peixes, razão pela qual urge que se repense uma série de comportame­ntos e procedimen­tos. Façamos do mar um meio para desenvolve­r o país e legar às gerações vindouras um espaço marítimo bom e sustentáve­l. Para isso, o país precisa de uma estratégia e agenda clara ligada ao mar, inclusive no âmbito da chamada Economia Azul.

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