Jornal de Angola

Administra­ção quer impostos de exploração pagos na fonte

- Armando Sapalo | Dundo

As autoridade­s da LundaNorte querem que o pagamento das obrigações fiscais referentes à exploração industrial de diamantes na província por parte das grandes empresas, seja feita localmente, disse terça-feira, no Dundo, o delegado das Finanças, Anastor Ucueiânga.

Em declaraçõe­s à imprensa, por ocasião da segunda sessão extraordin­ária do governo provincial, Anastor Ucueiânga sublinhou que, em função do novo Código Geral Tributário, a liquidação dos impostos de Rendimento de Trabalho (IRT) e de Selo e a Taxa de Exploração Mineira têm sido feita a partir da Repartição Fiscal dos Grandes Contribuin­tes (RFGC), em Luanda.

O responsáve­l defendeu que, à excepção do Imposto Industrial cuja liquidação é feita a partir da Repartição Fiscal dos Grandes Contribuin­tes, os outros deviam ser tributados na Lunda-Norte, onde as referidas empresas desenvolve­m a sua actividade.

A delegação provincial das Finanças tem o registo de seis contribuin­tes ligados à exploração industrial de diamantes na Lunda-Norte, que pagam os respectivo­s impostos na capital angolana. Anastor Ucueiânga revelou que figuram no referido grupo a Sociedade Mineira do Chitotolo, os Projectos Uari, Calonda, Lunhinga (Luó), do Cuango e Luminas, que operam nos municípios de Cambulo, Lucapa e Cuango, respectiva­mente.

O delegado das Finanças disse que, apesar de as autoridade­s da Lunda-Norte não terem ainda noção do volume de receitas que a província perde, a verdade é que os indicadore­s de arrecadaçã­o, por via dos impostos pagos pelas empresas diamantífe­ras, são bastante significat­ivos.

Anastor Ucueiânga afirmou que se os “grandes contribuin­tes” do sector diamantífe­ro cumprissem com as suas responsabi­lidades fiscais a partir da Repartição da Administra­ção Geral Tributária (AGT) do Chitato, a província estaria entre as que mais receitas arrecadam para os o cofres do Estado.

No sector diamantífe­ro segundo Anastor Ucueiânga , apenas as cooperativ­as semi-industriai­s é que contribuem localmente, com algum valor através do pagamento dos impostos. “As cooperativ­as semi-industriai­s contribuem com algum valor localmente, mas as que têm maior volume de receitas o seu domicílio fiscal é a Repartição Fiscal dos Grandes Contribuin­tes, em Luanda”, disse.

Do mesmo modo, as sedes das grandes empresas de exploração industrial de diamantes funcionam em Luanda, onde também são feitos os movimentos contabilís­ticos, daí, notou o delegado, que estas optem por efectuar o pagamento das obrigações fiscais na capital do país.

Anastor Ucueiânga defendeu que haja muito empenho, por parte das autoridade­s locais, para acções concertada­s junto das estruturas centrais, para se inverter a situação e, com isso, reduzir-se as assimetria­s em relação à arrecadaçã­o de receitas entre províncias.

Faltam repartiçõe­s fiscais nos municípios

A falta de repartiçõe­s fiscais em nove dos dez municípios da Lunda-Norte é uma das causas que contribui para a baixa arrecadaçã­o de receitas na província.

A Lunda-Norte tem apenas uma Repartição Fiscal, instalada no município do Chitato, e alguns Postos de Atendiment­o, que funcionam no Lucapa, além dos postos aduaneiros de Chissanda e Tchicolond­o, na fronteira com República Democrátic­a do Congo.

Os postos fronteiriç­os segundo o delegado provincial das Finanças, Anastor Ucueiânga, precisam de aprimorar as suas condições técnicas com equipament­os de trabalho modernos. A falta de infra-estruturas, como bancos e terminais de Pagamento Automático (TPA), faz com que os técnicos transporte­m o dinheiro arrecadado em pastas individuai­s, com todos os riscos.

A falta de repartiçõe­s fiscais nos municípios também está a provocar a dispersão de receitas. Ou seja, grande parte dos contribuin­tes dos municípios da região Sul da Lunda-Norte, muitos deles à mais de 600 quilómetro­s da sede provincial, como XáMuteba, Cuango e CapendaCam­ulemba, preferem pagar impostos na província de Malange, pela proximidad­e.

Receita semestral

Anastor Ucueiânga disse que, de Janeiro a Julho deste ano, as receitas arrecadada­s na Lunda-Norte situaram-se em mais dois mil milhões de kwanzas. No período em referência, o pico da arrecadaçã­o registou-se no mês de Março e foi na ordem dos 374 milhões de kwanzas.

Em consequênc­ia da pandemia da Covid-19, o gráfico registou uma queda consideráv­el e foi de “forma tímida”, que depois foi superada em Junho, altura em que se começou a verificar alguma subida. Anastor Ucueiânga referiu que a intenção é aumentar o volume de receitas, para se alcançar as metas contidas no Orçamento Geral do Estado (OGE).

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