As várias dimensões de Neto
Num encontro sobre as várias dimensões de Neto, o MPLA desafiou as universidades a promoverem estudos sobre o centenário do primeiro Presidente de Angola. A historiadora Rosa Cruz e Silva lembrou que Neto fez da poesia uma poderosa arma para a reivindicação dos direitos dos povos oprimidos. O escritor e deputado Roberto de Almeida falou em símbolo que representa o país, de Cabinda ao Cunene.
A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, desafiou, ontem, as universidades do país a promoverem a elaboração de projectos de estudos no âmbito do centenário de Agostinho Neto.
Luísa Damião, que falava na abertura da mesaredonda sobre “A dimensão política e cultural de Neto”, propôs à Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto a criação de um departamento ou estudos sobre a vida e obra de Neto, à semelhança de algumas academias do mundo.
A vice-presidente do MPLA defendeu que não se pode diminuir ou denegrir a imagem ou reduzir a dimensão de Agostinho. “O seu sentido humanista e de liderança do país fica expresso na necessidade da formação do homem novo por via da educação e dos valores e ideias do povo angolano”, disse.
No colóquio, que decorreu sob o lema “Reforçar a Unidade Nacional com o Legado de Neto”, Luísa Damião defendeu Agostinho Neto deve ser sempre promovido, para o conhecimento e estudo das novas gerações.
Lembrou que Agostinho Neto é reconhecido internacionalmente e os seus feitos ultrapassam fronteiras. No seu percurso histórico, acrescentou, além da dimensão humanista, tem as suas impressões digitais em vários domínios da vida do país.
Afirmou que Agostinho Neto é dos autores dos PALOP e da CPLP mais traduzido no mundo, além de ser estudado em universidades na Itália, Portugal, Nigéria, Brasil e Estados Unidos da América.
Luísa Damião defendeu que a obra e os ensinamentos de Agostinho Neto devem ser valorizados e perpetuados.
A poesia pela liberdade
A historiadora Rosa Cruz e Silva afirmou que Agostinho Neto fez da poesia uma poderosa arma para reivindicação dos direitos dos povos oprimidos. A estatura e grandeza de Agostinho Neto, disse, obriga, necessariamente, o estudo e o aprofundamento da sua obra.
“O seu legado deve ser a fonte primacial de inspiração para os desafios que se colocam no dia-a-dia”, sublinhou. Membro do Conselho da República, Rosa Cruz e Silva lembrou que Agostinho Neto, desde muito cedo, manifestouse defensor das ideias de justiça social, tendo se envolvido em causas que apelam à luta pela liberdade do povo.
Símbolo nacional
O escritor e deputado Roberto de Almeida disse que Agostinho Neto é o elo e símbolo que representa Angola de Cabinda ao Cunene. Lembrou que Neto assumiu, desde muito novo, uma postura de pessoa simples, sóbria e respeitadora do semelhante. Roberto de Almeida falou sobre o contexto africano e internacional em que Agostinho Neto começou a afirmar-se depois de publicar artigos e poemas, proferir palestras em circulos estudantis, em Lisboa.
O historiador Cornélio Caley disse que, para perpetuar o pensamento de Agostinho Neto, é preciso que “se transborde para fora do MPLA datas como o 17 de Setembro, 4 de Fevereiro e 15 de Abril, para tornarem-seinclusivaseabrangentes na sociedade”. Para Cornélio Caley há uma necessidade de explicar à sociedade que Agostinho Neto “trouxe a liberdade de decidirmos, nós mesmos, o nosso futuro”.
Inserida nas Jornadas do Herói Nacional, a mesaredonda contou, ainda, com a participação do crítico literário Jomo Fortunato, que discertou sobre a “música na poesia de Agostinho Neto”.