Queda de avião deixa 26 mortos e um ferido
Num discurso onde assinalou o Dia da Herança Cultural, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, defendeu a “reposição e realocação” de monumentos que “glorificaram” o racismo
O Presidente Cyril Ramaphosa defendeu, quinta-feira, num discurso transmitido através das redes sociais, que os monumentos que “glorificam o racismo” na África do Sul devem ser “reposicionados e realocados”.
Ao assinalar o Dia da Herança Cultural (Heritage Day), Ramaphosa salientou que a reclassificação dos nomes próprios de lugares e cidades, assim como a edificação de novas estátuas e monumentos, “é parte da estratégia” do Governo do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder desde 1994.
“Monumentos que glorificam o nosso passado divisionista devem ser reposicionados e realocados”, declarou o líder sul-africano, salientando que a decisão do partido no poder, de que é também presidente, “gerou polémica, com alguns a afirmar que estamos a tentar apagar a nossa própria história”.
Nesse sentido, Ramaphosa considerou que “a construção de uma sociedade verdadeiramente não racial significa ser sensível às experiências vividas por todos os povos deste país”. O Presidente sul-africano acrescentou: “Qualquer símbolo, monumento ou actividade que glorifique o racismo, que represente o nosso terrível passado, não tem lugar na África do Sul democrática”.
“O Governo do apartheid denegriu a cultura dos nossos povos e tentou envergonhar-nos das nossas tradições, línguas e da nossa imagem”, disse Ramaphosa, no discurso divulgado no sítio oficial da Internet da Presidência da República.
Na óptica do Chefe de
Estado sul-africano, a edificação de uma nação unida “significa que devemos estar cientes e verificar continuamente os nossos próprios actos de racismo e preconceito”.
Ramaphosa sublinhou, ainda, que o país possui “11 línguas oficiais que também celebra outras línguas frequentemente usadas por várias comunidades na África do Sul, incluindo o alemão, grego, gujarati, hindi, português, tâmil, telugu e urdu”.
O Presidente sul-africano salientou que o Governo decidiu dedicar o mês de Setembro a três “tesouros humanos vivos” por serem “repositórios de conhecimento, costumes e tradições” da cultura. Trata-se da artista plástica Ndebele, Esther Mahlangu, a rainha da música tradicional de Pondoland, Madosini Latozi Mpahleni, e a embaixatriz cultural do povo San, Ouma Katrina Esau.
A data de 24 de Setembro foi instituída na África do Sul, em 1996, como feriado nacional passando a designar-se de Dia da Herança Cultural, após um compromisso alcançado entre o Parlamento e o ANC, o partido no poder de Nelson Mandela, na sequência de uma objecção do Partido Livre Inkatha (IFP), de etnia Zulu, por ter sido excluída da lista de feriados nacionais proposta ao novo Parlamento democrático.
No anterior regime do apartheid, a data era assinalada no país como o ‘Dia de Shaka’, em homenagem ao Rei Shaka, o monarca Zulu, que terá falecido nesta data em 1828.
Manifestações xenófobas
Um grupo de sul-africanos manifestou-se, quinta-feira, frente à Embaixada da Nigéria, em Pretória, contra a suposta presença no país de estrangeiros irregulares. “Primeiro os sul-africanos”, gritavam os manifestantes que marcharam do lugar da Igreja em direcção à Embaixada da Nigéria, noticiou a Reuters.
Na África do Sul, os actos xenófobos são cada vez mais visíveis numa altura em que a ONG Human Rights Watch (HRW) alerta sobre a chantagem, violência e discriminação contra os estrangeiros. Segundo a ONG, apesar do plano de acção governamental lançado em Maio de 2019, para combater a intolerância, a xenofobia naquele país africano continua a expandir-se.
A África do Sul atrai cada vez mais migrantes provenientes dos países vizinhos, tais como o Lesotho, Moçambique e Zimbabwe. Como consequência, o sentimento anti-imigrante degenera em violência colectiva, como foi o caso de Setembro de 2019, quando 12 estrangeiros foram mortos por manifestantes armados. Um recenseamento efectuado em 2011 indica que a África do Sul acolhe pelo menos 2,2 milhões de estrangeiros, entre refugiados, políticos e migrantes económicos, bem como trabalhadores qualificados.