Estigma faz seropositivos “fugir” ao tratamento
Dos mais de 400 mil pessoas com VIH/Sida, aproximadamente, 100 mil fazem a medicação em comunidades de Angola
Angola tem mais de 400 mil pessoas com VIH/Sida, das quais, aproximadamente, 100 mil estão em tratamento, disse ontem, em Luanda, o representante da ONUSIDA no país.
Michel Kouakou, que falava em alusão ao Dia Mundial de Combate à Sida, que se assinala hoje, acrescentou que muitos dos infectados não fazem o tratamento devido ao estigma, discriminação e factores culturais.
O representante da ONUSIDA em Angola defende o reforço dos sistemas de saúde, bem como o combate ao estigma e à discriminação, que comprometem os esforços de combate e tratamento do VIH em algumas zonas.
Michel Kouakou acrescentou que, apesar de o tratamento ser gratuito, o grande problema em Angola são as novas infecções, que aumentam todos os anos. “A taxa das pessoas em tratamento ainda é baixa, mesmo sendo gratuito, e o número de pessoas que perdem a vida com a doença anda à volta de três mil por ano, situação que merece maior atenção”.
A ONUSIDA, referiu, cada ano faz simulações, dando assim projecções a partir dos dados que recebe dos centros de saúde espalhados pelo país e conta com o apoio da Embaixada americana, PNUD, Ministério da Saúde e outros parceiros.
Segundo Michel Kouakou, o número de adolescentes e jovens infectados tende a crescer. Deu a conhecer que um total de 30 mil crianças vivem com o VIH/Sida em Angola e destas cinco mil estão em tratamento e que o número de novas infecções está a baixar, graças a intervenção de um programa implementado pela Primeira Dama da República, Ana Dias Lourenço. “A cobertura das mulheres grávidas em tratamento era de 41 por cento em 2018 e passou a 63 por cento em 2019, devido ao projecto “Nascer livre para brilhar”, promovido pela Primeira Dama Ana Dias Lourenço”, disse o representante da ONUSIDA.
Em relação aos retrovirais, Michel Kouakou disse que houve ruptura de stock nos meses de Maio e Junho do ano em curso, situação que foi prontamente resolvida, apesar da Covid-19, que surpreendeu a todos, com o fecho das fronteiras.
Dados universais apontam que 38 milhões de pessoas estão infectadas com HIV/Sida e destas um total de 690 mil morreram de doenças relacionadas com a Sida.
Segundo o representante da ONUSIDA em Angola, pode haver entre 123 a 293 mil novas infecções de VIH e 69.148 mortes relacionadas com a Sida, entre 2020 e 2022.