Agora

Mariana, dois anos depois

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O rompimento de uma barragem em Mariana (MG) completou dois anos neste domingo (5).

A maior tragédia da mineração mundial fez desaparece­r um subdistrit­o da cidade e encheu de lama o rio Doce, com uma quantidade de rejeitos do tamanho do morro do Corcovado, onde está o Cristo Redentor.

Por aí dá para ter uma ideia da dificuldad­e de recuperar tudo o que foi destruído. Dez meses depois do desastre, foi criada a Fundação Renova, com grana dos culpados pelos estragos (a mineradora Samarco e as empresas que a controlam, Vale e BHP Billiton).

Por enquanto, a reparação ambiental tem andado mais depressa que a compensaçã­o às famílias atingidas. A Renova já limpou e reconstrui­u as margens de 101 afluentes do rio Doce. O replantio também avança, mesmo onde ainda há lodo da barragem no solo.

Na questão da ajuda aos moradores que perderam tudo, a situação é menos animadora. Já foram distribuíd­os 8.274 cartões para um auxílio emergencia­l de um salário mínimo, o que não alivia quase nada.

A bolada para indenizaçõ­es é de uns R$ 500 milhões, mas o cadastrame­nto dos be- neficiados é lento, porque nem sempre as pessoas conseguem toda a papelada exigida.

As 362 famílias que ainda precisam ser realojadas sofrem discrimina­ção em Mariana, porque a população de lá, na verdade, quer a Samarco de volta para trazer os empregos outra vez.

Ninguém imaginou que fosse ser fácil resolver os problemas. Por enquanto, porém, dá para acreditar que a Renova e as outras entidades envolvidas podem conseguir recuperar a natureza e oferecer aos atingidos uma vida mais digna.

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