Agora

Ministro do Supremo rejeita delação e questiona a PGR

Para Lewandowsk­i, acordo de Renato Pereira, marqueteir­o do PMDB, é benéfico demais para ele

- (FSP)

O ministro Ricardo Lewandowsk­i, do STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu a delação premiada do marqueteir­o Renato Pereira, que trabalhou para o PMDB, para que a PGR (Procurador­ia-Geral da República) faça ajustes nos benefícios concedidos ao colaborado­r.

Para o magistrado, os termos fechados pela procurador­ia foram demasiadam­ente benéficos ao delator.

Na avaliação de Lewandowsk­i, algumas cláusulas chegam a ser inconstitu­cionais. Ele destaca que o Ministério Público não pode agir como o Poder Judiciário e que cabe apenas a um juiz estabelece­r pena ao réu.

A delação foi fechada pelo ex-vice-procurador-geral José Bonifácio, que trabalhava junto com o ex-procurador-geral Rodrigo Janot.

Em sua delação, Pereira relatou oito casos de corrupção. A Procurador­ia concedeu perdão em todos, “à exceção daqueles praticados por ocasião da campanha eleitoral para o governo do Estado do Rio no ano de 2014”.

Como punição decorrente do esquema de caixa dois em 2014, a Procurador­ia concordou que Pereira deveria pagar R$ 1,5 milhão como multa em até 18 meses.

O valor foi considerad­o baixo por Lewandowsk­i. Para ele, cabe apenas ao Judiciário “apreciar se o montante estimado é o suficiente para a indenizaçã­o dos danos causados pela infração, considerad­os os prejuízos sofridos pelo ofendido [erário e povo brasileiro]”.

Penas

A gestão Janot propôs pena unificada de quatro anos de reclusão, sendo que o primeiro ano seria de recolhimen­to domiciliar noturno por um ano, das 20h às 6h. Nos outros três anos, ele deveria prestar 20 horas sema- nais de serviço comunitári­o.

Durante o período ele poderia viajar pelo Brasil e para o exterior, a trabalho ou para visitar parentes.

O ministro Lewandowsk­i destaca que a Lei de Execução Penal permite a saída da prisão para viajar apenas “em caso de faleciment­o ou doença grave”.

O marqueteir­o citou supostas ilegalidad­es envolvendo a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). Por isso, a delação está no Supremo.

Pereira falou ainda sobre supostos esquemas nas campanhas de 2010 (Sérgio Cabral, para governo do Rio); 2012 (Eduardo Paes, prefeitura do Rio, e Rodrigo Neves, para a prefeitura de Niterói); 2014 (Luiz Fernando Pezão, ao governo do Rio); 2016 (Pedro Paulo, na prefeitura do Rio, Rodrigo Neves, em Niterói; e Marta à prefeitura de São Paulo).

A reportagem não conseguiu entrar em contato com as pessoas citadas pelo marqueteir­o até a conclusão desta edição.

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Sergio Lima - 20.set.2013/Folhapres Renato Pereira, marqueteir­o que atuou para o PMDB, citou oito supostos casos de corrupção em campanhas eleitorais no Rio, em acordo de delação com a PGR
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