Bolsonaro é moderado e sensato, afirma Sergio Moro
Juiz, que chefiará Justiça, exibe mais concordâncias que discordâncias com o seu futuro chefe
Em sua primeira entrevista coletiva desde que aceitou o convite para ser ministro da Justiça, o juiz federal Sergio Moro caracterizou o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) como uma figura moderada, ponderada e sensata, que não ameaça o Estado de Direito nem as minorias.
“Eu não vejo, em nenhum momento, risco à democracia e ao Estado de direito‘, afirmou o magistrado ontem.
Quando confrontado pela reportagem com declarações polêmicas de Bolsonaro, ele afirmou que elas estão no passado e são muitas vezes “colocadas fora de contexto”, e que, em sua opinião, o pesselista modulou o discurso ao longo das eleições.
Para ele, não há nada concreto que indique que as minorias ou a democracia serão atingidas no futuro governo.
“Quais as propostas concretas do governo que afetam ou ofendem minorias? Até o presente momento, nenhuma”, disse. “Existe uma política persecutória contra homossexuais? Não existe. Não existe a possibilidade de isso acontecer. Zero. Existe um receio de algo que não está nem potencialmente presente”, disse.
Moro afirmou ainda que, como juiz, “jamais admitiria qualquer solução que fosse fora da lei”.
Discordâncias
Mas, apesar disso, admitiu estar numa posição subordinada a Bolsonaro, e disse que cabe ao presidente “a última palavra”.
“A decisão final é dele. Eu vou tomar minha decisão, se continuo ou não”, declarou, sobre eventuais divergências com Bolsonaro.
Como principal discordância, Moro mencionou na a entrevista, a qualificação de organizações sociais como grupos terroristas, proposta por Bolsonaro, o que, para ele, “não é consistente”.
Foram mais numerosas, porém, as convergências com Bolsonaro, ainda que com ressalvas como a defesa da flexibilização da posse de armas (mas não excessiva, sob pena de facilitar o acesso a armas por organizações criminosas).