OUTRAS DOENÇAS
Quando está em desequilíbrio, o nível glicêmico pode ser a causa de diversas outras doenças
Quando a glicemia está desregulada não é só o diabetes que pode surgir. Confira!
VOCÊ SABIA QUE A PRINCIPAL CAUSA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES É O DIABETES? Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma a cada 11 pessoas possui o distúrbio e 90% dos casos são diagnosticados como sendo do tipo 2. Esse número, por si só, já é um alerta. Porém, dados da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) afirmam que a doença aumenta em até 50% o risco de danos cardiovasculares nas mulheres e 40% nos homens. Todos esses aspectos, somados às principais causas do tipo 2 da doença - obesidade, excesso de açúcar e falta de exercícios -, criam uma bomba relógio que pode ser detonada a qualquer momento. Veja como escapar desses problemas e viver com mais saúde!
FATOR DE RISCO
“O diabetes aumenta as chances de doenças cardiovasculares por conta da hiperglicemia. O problema, associado às oscilações glicêmicas, gera um quadro de inflamação vascular e contribui com a liberação de radicais livres na corrente sanguínea, interferindo em todo o organismo. Vale ressaltar que o diabetes é uma doença sistêmica e atinge diversas partes do corpo: olhos, coração e rins são os que mais sofrem com o problema, pois seus vasos sanguíneos são mais delicados, além do próprio sistema nervoso periférico, que está ligado à sensibilidade das mãos e dos pés”, explica a endocrinologista Ana Elisa Alcântara.
COMO ACONTECE
A alta concentração de glicose no sangue, acentuada pela resistência à insulina dos diabéticos, faz com que as artérias e as veias percam sua elasticidade, aumentando o risco de entupimento dos vasos e, consequentemente, as chances de infarto. Outro problema gravíssimo e bastante comum é a trombose: o sangue de quem sofre tende a ficar mais viscoso do que ele deveria ser e as plaquetas se agregam com maior facilidade, criando os trombos.
DOENÇAS CAUSADAS PELO DIABETES
Pé diabético: o pé diabético é um ferimento de grande proporção que surge com o descontrole da glicemia. O problema é uma associação da falta de circulação - por agressão às artérias das pernas - com a neuropatia diabética, uma lesão causada aos nervos periféricos. Isso gera algumas deformidades, úlceras e falta de sensibilidade nos pés. Nem todos os diabéticos sofrem com a doença, porque ela tende a aparecer se não for controlada durante anos, mas o problema merece atenção, tendo em vista que, se não for tratado, ele pode levar à amputação do membro atingido. “O diabetes é uma doença sistêmica e atinge diversas partes do corpo: olhos, coração e rins são os que mais sofrem com o problema, pois seus vasos sanguíneos são mais delicados, além do próprio sistema nervoso periférico, que está ligado à sensibilidade das mãos e dos pés”, ressalta Ana Elisa. Retinopatia diabética: segundo o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), o diabetes pode causar entupimento nos pequenos vasos da retina, além de enfraquecimento da região. Dessa maneira, deformidades conhecidas como microaneurismas frequentemente se formam e rompem, causando hemorragias e acúmulo de gordura na região da retina, o que pode levar à perda parcial ou total da visão. Acúmulo de gordura abdominal: boa parte dos pacientes possui uma grande quantidade de triglicérides na corrente sanguínea e isso contribui para a concentração de gordura na região da barriga e do fígado.
Cetoacidose diabética: ela ocorre geralmente em pacientes com diabetes tipo 1, mas também acontece em pacientes com diabetes tipo 2. O problema pode ser caracterizado como uma emergência médica, que acontece quando o nível de açúcar no sangue do paciente diabético encontra-se muito alto, acompanhado de aumento no percentual de cetonas presentes no sangue. A falta de insulina é grande causadora disso tudo: quando há pouca quantidade do hormônio, o açúcar no sangue aumenta e as células corporais sofrem com falta de energia. Assim, o organismo passa a utilizar a gordura como fonte de energia para as células, gerando como resíduo, as cetonas, substâncias ácidas que desequilibram o Ph do sangue e causam problemas, podendo levar a um quadro de coma e até mesmo à morte.
Nefropatia diabética: segundo a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a nefropatia diabética é uma alteração nos vasos sanguíneos dos rins, que leva à perda de proteínas por meio da urina. Nessa complicação, o órgão pode reduzir sua função lentamente, porém de forma progressiva, até a paralisação total. O problema não apresenta muitos sintomas, mas pode ser identificado através de exames que verificam a quantidade da proteína albumina presente na urina.
Esteatose hepática: também conhecida popularmente como fígado gorduroso, a doença se caracteriza pelo acúmulo de células gordurosas nas paredes do fígado. O problema tende a surgir com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes, sobrepeso, colesterol e triglicérides elevados e também uma alimentação desregrada. O diagnóstico é feito por exames de sangue e também de imagem que consigam revelar diferenças no tamanho do fígado. O grande problema é que as células do hepáticas começam desencadear um processo inflamatório se o problema não for combatido e, assim, a esteatose pode se transformar em uma doença mais grave que é a cirrose.
Pessoas que possuem diabetes têm 25 vezes mais chances de perder a visão do que as que não sofrem com a doença CONSULTORIA Ana Elisa Alcântara, endocrinologista FOTO iStock.com/Getty Images