Derrota esperada
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) teve como mote de campanha para a prefeitura da capital baiana “Diga Sim a Salvador”. Mas, ontem, nas urnas, ela só recebeu o ‘sim’ de 14,55% (192.980) dos eleitores e não conseguiu superar o prefeito ACM Neto (DEM), que teve 73,99% (981.703) dos votos válidos. Resignada com o resultado, a candidata disse, após a confirmação da reeleição do atual prefeito, que já esperava a derrota.
“Já esperávamos o resultado em função de toda a dificuldade estrutural da campanha. Só tínhamos quatro carros de som para percorrer toda a cidade. Mas eu tenho certeza que nosso papel foi feito com muita honradez e, acima de tudo, sem rejeição da população. O resultado é uma semeadura de ideias democráticas”, afirmou Alice quando foi recebida por cerca de 150 militantes do partido no ginásio do Sindicato dos Bancários, no bairro Dois de Julho.
Apesar da derrota, o clima no espaço era de festa e celebração. Das 17h, quando a votação foi encerrada, até 17h30, o som do espaço tocava nas alturas canções de Wesley Safadão enquanto os militantes acompanhavam os resultados pelos celulares. Quando a apuração foi avançando e a derrota se consumou, o samba do grupo Ladainha tomou conta do espaço para receber a deputada federal.
Vice na chapa, a deputada estadual Maria Del Carmen (PT) não foi ao espaço mas, por telefone, disse ao CORREIO que “o resultado das urnas reflete o fato da campanha curta, que só teve 45 dias. Se tivéssemos mais tempo, o resultado seria outro”.
LULA E DILMA
Para a presidente municipal do PCdoB, Olívia Santana, houve um erro na articulação da candidatura da oposição em Salvador em função da conjuntura política nacional. “A luta contra o golpe nos tomou muito tempo. O ano de 2016 já entrou dentro de uma batalha muito dura contra o golpe. A disputa eleitoral foi postergada em função da batalha maior, que era evitar o golpe”, destacou Olívia referindo-se ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Alice, por sua vez, avaliou que, mesmo em função da conjuntura nacional, preferiu não omitir na sua campanha os apoios do ex-presidente Lula (que é investigado na Lava Jato) e Dilma Rousseff, que teve o mandato cassado.
“A política é a arte de convencer e de persuadir e não de enganar. Então, eu sou isso. Eu sou do PCdoB, represento essa coligação, esses anos de vitórias sociais para o nosso povo que se encerraram nos governos de Lula e Dilma”, destacou Alice, que reforçou que, a partir de hoje, retomará sua agenda parlamentar, onde está no 6º mandato, com forte oposição ao governo do presidente Michel Temer.
Alice diz que já previa o resultado negativo nas urnas contra Neto