24h Polícia Federal desarticula esquema de venda ilegal de armas em Feira
FRAUDE A Polícia Federal (PF) desarticulou ontem uma organização criminosa voltada para o comércio ilegal de armas de fogo na Bahia. Segundo a investigação, o grupo fraudava processos administrativos de aquisição e registro de armas de fogo da própria Polícia Federal, com o objetivo de ocultar as suas vendas ilegais. Para isso, a organização tinha o apoio de uma loja de armas, além de despachantes, instrutores de tiro e servidores públicos, sendo um agente administrativo da PF, lotado em Salvador, um policial militar de Feira de Santana e um guarda municipal de São Gonçalo. A loja Militar Coldres – Armas e Fardamentos, em Feira de Santana, em um ano vendeu 60 armas de fogo (pistolas calibre 380) sem autorização da PF. Durante o período de investigação, apenas sete armas vendidas ilegalmente foram recuperadas. “Não tivemos prisão, mas tivemos cumprimento de medidas cautelares, o afastamento dos servidores e o fechamento da loja”, explicou o delegado Marcelo Siqueira. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Salvador, Feira de Santana e Serrinha. Segundo a polícia, os detentores das outras armas já foram identificados. A Justiça Federal determinou a suspensão do exercício da função pública dos servidores públicos envolvidos no esquema e a suspensão das atividades econômicas tanto da loja quanto de um instrutor de tiro que fornecia comprovantes falsos de capacidade técnica para manuseio de arma de fogo para pessoas que não realizavam os testes necessários. Os envolvidos no esquema vão responder por organização criminosa, comércio ilegal de arma de fogo, posse irregular de arma de fogo de uso permitido, inserção de dados falsos em sistemas de informações e falsidade ideológica. As penas somadas podem chegar a mais de 30 anos de prisão. Segundo o delegado federal Marcelo Siqueira, o servidor da Polícia Federal atuava no setor de registro e porte de armas de fogo da PF . A Operação Hefetus foi deflagrada ontem, mas as investigações começaram há cerca de seis meses. Segundo o delegado, as armas irregulares eram incluídas no sistema da PF – que concede o registro – como se fossem legais, com o objetivo de despistar a fraude, caso o registro de alguma delas fosse consultado. “Detectamos no nosso controle interno algumas operações ilegais, inclusive com a participação de um servidor nosso”. Para fraudar o sistema, instrutores de tiro emitiam os laudos. “O instrutor de tiro falsificava laudos de capacidade técnica de tiro para subsidiar os processos irregulares dessa loja de arma de fogo e a venda das armas”, explicou. A loja vendia pistolas 380 PT838, que no mercado são encontradas por cerca de R$ 3.500, por até R$ 15 mil.