24h Cresce o número de homens negros desempregados na RMS
RACISMO Após vários anos de expansão, caiu o número de homens negros no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Salvador. Foi o que evidenciou a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-RMS) divulgada ontem pela Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI). Os números são de 2015 e mostram que o nível de ocupação diminuiu em igual proporção para negros e não negros (-2,9%), mas atingiu mais os homens que as mulheres. Na população negra, a redução foi de 3,1% para os homens e de 2,7% para as mulheres, e na população não negra foi de 3,8% e de 1,9%, respectivamente. “É incontestável que o racismo é um componente estrutural do mercado de trabalho na RMS. O mercado se organiza considerando a raça como fator determinante na inserção dos indivíduos”, ressaltou o analista da SEI Luiz Chateaubriand.
De acordo com ele, a queda mais acentuada da população masculina no mercado de trabalho pode ser explicada, entre outros aspectos, pela diminuição de postos de trabalho na construção civil. “Quase um em quatro trabalhadores deste setor perdeu seu emprego, e isso atingiu principalmente a população masculina negra”, disse. Entre os setores, os que mais registraram perdas de postos foram a indústria de transformação (-1,7%), a construção (-19,4%) e o comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (-4,4%). Apenas o setor de serviços apresentou pequeno aumento (0,6%). Quanto à taxa de desempregados, houve um aumento geral de 6,2%, sendo 5,5% entre os negros e 16,4% entre os não negros. Em termos absolutos e considerando o gênero, o destaque foi o aumento de 18 mil homens negros ao número de desempregados, enquanto o de mulheres negras ficou praticamente estável (- mil). O número de homens não negros em desemprego teve pequeno aumento (2 mil pessoas) e o de mulheres não negras também ficou praticamente estável ( mil).
Chateaubriand destacou que um dos pontos que mais chamaram atenção no estudo foi o aumento do rendimento entre as mulheres negras. Entre 2014 e 2015, o rendimento médio real mensal dos negros passou de R$ 1.409 para R$ 1.401 e o dos não negros declinou de R$ 2.194 para R$ 1.785. No grupo dos negros, as mulheres elevaram seu rendimento de R$ 1.200 para R$ 1.231 e os homens diminuíram de R$ 1.609 para R$ 1.564. Entre não negros, as mulheres reduziram os rendimento de R$ 1.898 para R$ 1.556, e os homens, de R$ 2.474 para R$ 2.017. “O rendimento das negras aumentou, mas elas permanecem com o nível mais baixo de rendimento”, falou Chateaubriand.