Temer quebra tradição e indica segunda da lista para lugar de Janot
PGR O presidente Michel Temer (PMDB) escolheu para o cargo de procurador-geral da República Raquel Dodge, segunda colocada da lista tríplice da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O anúncio foi feito ontem pelo Palácio do Planalto. Com a indicação, Temer quebrou uma tradição que vinha sendo mantida desde o primeiro governo Lula e por sua sucessora Dilma - ambos prestigiaram o primeiro colocado da lista tríplice.
Raquel não é alinhada ao atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer. Na última segunda-feira, Janot denunciou criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. Temer partiu para o enfrentamento e, em manifestação pública, desafiou o procurador a apresentar provas contra ele.
O mandato de Janot vai até setembro. O nome de Raquel será submetido a uma sabatina no Senado. Se for aprovada, ela assume o mandato por dois anos. Ao contrário de Janot, a escolhida de Temer mantém boas relações com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), crítico recorrente dos métodos do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. Os procuradores, em todo País, haviam eleito, anteontem, os subprocuradores-gerais da República Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia, pela ordem, para a lista tríplice. Nicolao teve 621 votos, Raquel, 587 e Mário, 564. A diferença entre Nicolao e Raquel foi de 34 votos. A lista foi entregue pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho, em audiência com o presidente. A Constituição confere ao presidente a prerrogativa de escolher o chefe do Ministério Público Federal, sendo que ele não é obrigado a seguir nenhuma indicação da lista. Raquel Elias Ferreira Dodge, mestre em Direito pela Universidade de Harvard, é subprocuradora-geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça em matéria criminal. Integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6ª Câmara e Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta. O substituto de Janot chefiará, pelo período de dois anos, o Ministério Público da União, que abrange os ministérios públicos Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e dos estados. A função é de representar o MP junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).