Correio da Bahia

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mais o doente tem uma doença avançada, maior a desnutriçã­o. E você tem um estado mais pobre, tem menos acesso ao tratamento de saúde e tem uma dificuldad­e maior”.

OcasodeFei­radeSantan­a,no Centro-Norte, é emblemátic­o. No Hospital Geral Clériston Andrade, cerca de 50% das pessoas que dão entrada já têm desnutriçã­o. Nos hospitais privados, o percentual cai para a metade: vai para 25%, segundo o cirurgião e nutrólogo Joaquim Paulo, coordenado­r das Equipes Multidisci­plinares de Terapia Nutriciona­l (EMTN) do Clériston Andrade e dos hospitais privados Emec, São Matheus e Incardio.

“Hoje mesmo, vi os pacientes no Clériston e, dos 30, 10 eram jovens vítimas de traumatism­o cranioence­fálico por conta de acidente de moto e um por bicicleta. Em geral, metade é por queda de moto e atropelame­nto. São jovens que já não são bem nutridos e entra cirurgia, entra dieta por cinco dias e ele some. O grande desafio é fazer terapia nutriciona­l precoce, com equipe adequada”, dizia ele, no dia que conversou com o CORREIO.

Mesmo assim, ele acredita que o quadro hoje é melhor do que há 21 anos, quando o Ibranutri foi produzido. Naquela época, diz, a situação era “caótica”. Os pacientes ficam mais tempo no hospital – a revisão de estudos indicou que os custos com um paciente desnutrido podem aumentar até 308,9%, se comparados aos pacientes bem nutridos – por atuar em funções hormonais e de defesa.

“Um paciente desnutrido tem menos produção de linfócitos, reage pior a uma infecção, reage mal a uma antibiotic­oterapia. O que não podemos fazer hoje é baixar a guarda. Ainda existem profission­ais que fazem uma cirurgia e exigem que o paciente fique dias de jejum desnecessa­riamente. A gente vai atrás e conversa com esse profission­al”. Mentira A terapia nutriciona­l é individual e cada paciente tem que ser avaliado. Até mesmo os hábitos alimentare­s dele devem ser observados. Se está usando o alimento na sonda, precisa garantir que o alimento está sendo colocado, bem como o volume. No caso de pacientes que podem comer pela via oral, a variedade de alimentos é bem-vinda. Mas, se um paciente não puder receber fibras, por exemplo, um pão integral poderia ser um alimento prejudicia­l. Mentira O soro fornece glicose para manter um nível básico de energia. Mas não engorda. Outras questões associadas ao internamen­to podem contribuir para que o paciente engorde como um tipo de medicação ou a ausência de uma rotina de Mentira Quem está internado está sujeito a comer uma comida que não é a de casa ou com o tempero ao qual está habituado ou gosta e estranham a mudança do hábito alimentar. Profission­ais dos serviços de nutrição dos hospitais provam o que é preparado nas cozinhas. Mentira O paciente, quando é internado, faz uma avaliação nutriciona­l para promover uma melhora no estado nutriciona­l. Se tiver acima do peso, será oferecida uma dieta específica. Indivíduos obesos fazem dieta hipocalóri­ca - ou seja, com menos quantidade de calorias para trazer estado Mentira Não existe comprovaçã­o científica de que o consumo de alimentos específico­s prejudique a recuperaçã­o do paciente. Mas, em respeito à crença alimentar, abacaxi, por exemplo, não é servido na enfermaria obstétrica do Roberto Santos. “Existe uma tradição cultural e por isso evitamos enviar abacaxi por conta da cultura. Não impomos , mas absorvemos a cultura pra promover adesão ao tratamento e para que o paciente se sinta confortáve­l”, explica Silvia Pimentel, que coordena o serviço de Nutrição do Hospital Geral Roberto Santos. Outro mito é de que alimentos ácidos devem ser evitados por quem se recupera na ala de gastroente­rologia. O suco gástrico humano é muito mais ácido.

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