Correio da Bahia

24h Família acusa PM de ter matado jogador no Rio Vermelho

- GIL SANTOS

LARGO DE SANTANA O tiro que matou o jogador de basquete amador Edinei Moreira Bahia, 30 anos, no Largo de Santana, no Rio Vermelho, anteontem, foi disparado por um policial militar, segundo a família da vítima. O caso está sendo investigad­o pelo Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil informou que seis pessoas foram ouvidas, mas não detalhou as investigaç­ões. O crime foi registrado por câmeras de vídeo da região. A família e os amigos da vítima contaram que o assassino, que estava com um amigo e já teria sido identifica­do, aparece em uma das selfies feitas por Edinei na boate. Além do jogador, outras duas pessoas foram baleadas, por volta das 4h. Uma delas permanecia internada ontem. “Ele (o atirador) reclamou que um balde de cerveja dele havia sumido, e um dos nossos também sumiu. Na hora, Ednei falou com ele que a gente também tinha sido roubado e reclamou que isso era um absurdo. Até chamou o garçom para reclamar. Na saída da boate, depois que o show já tinha terminado, o cara veio pra cima da gente com a arma em punho e disse: ‘Eu quero minha cerveja. O primeiro é seu’, e deu um tiro no peito do meu amigo. Foi tudo muito rápido”, contou o motorista Josualdo Cardoso, 26, que aguardava ontem, no IML, a liberação do corpo de Edinei. Ele contou ainda que, depois de atirar em Edinei, o homem virou para outro amigo do jogador de basquete e disparou. O rapaz conseguiu correr, mas as balas acertaram José Raimundo de Jesus que passava no momento. O assassino fez mais alguns disparos, o que provocou correria e empurra-empurra. Cardoso escapou, porque conseguiu se abrigar em uma rua próxima, mas uma das balas acertou o ambulante Rui Moreira Bispo, 61, que trabalhava no local. Depois disso, o atirador fugiu. O jogador tinha 20 anos quando deixou o bairro de Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviári­o, para tentar a vida no Rio de Janeiro, onde morava com a esposa, Janicleia Santos, a mãe, a irmã e um filho de 3 anos. Edinei chegou a Salvador na última sexta-feira, para participar, no sábado, de uma competição, no Iceia, no Barbalho. Veio a convite do técnico de basquete Ivan Justino, 53, com quem Edinei começou a treinar aos 11 anos. “Não tinha cara fechada, era sempre sorridente”, conta Ivan. A família do jogador chegou do Rio ontem, muito emocionada e falou com o CORREIO no IML: “Meu marido era um homem de bem que foi morar no Rio de Janeiro para batalhar pela vida. Ele dizia que o maior sonho dele era jogar basquete profission­al e ver nosso filho crescer. Esse assassino matou meu marido e o pai do meu filho. Me deixou só. Como eu vou criar meu filho agora? Ele matou um trabalhado­r e eu quero justiça”, afirmou a esposa Janicleia. A mãe precisou ser amparada. “Só quem é mãe pode imaginar a dor que estou sentindo”.

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