Profissionais convivem com Síndrome de Burnout
O efeito colateral do aumento da carga horária para os profissionais de saúde, tanto no Samu quanto nas unidades hospitalares, tem levado muitos trabalhadores ao esgotamento extremo. Muitos chegam a desenvolver a Síndrome do Burnout, distúrbio psíquico que ocorre quando um indivíduo é levado à exaustão. A doença está relacionada ao trabalho.
A médica Luana Bordoni, 31 anos, passou por isso em agosto do ano passado, quando chegou a ficar um mês sem ver o filho, por estar na linha de frente do combate à pandemia. “Tive uma sonolência excessiva, dor no corpo inteiro, palpitação e aquela sensação de sufocamento, de angústia e desespero. Eu não conseguia raciocinar, fazer as atividades diárias. Era como se tivesse acabado a bateria de meu corpo, dizendo para eu desligar o interruptor e tentar descansar, ou não ia dar mais”, conta. Após uma semana afastada e com medicação psiquiátrica, Luana retomou à rotina. Porém, nos últimos 15 dias, a profissional diz que o aumento da demanda foi absurdo.
Com Jean Rios, 33 anos, o burnout já apareceu com outros sintomas: picos de ansiedade e amnésia. Mas ele não chegou a procurar tratamento, por conta da puxada carga de trabalho. O médico se divide em 120 horas por semana entre o Samu, Hospital Municipal de Salvador e UPA de Itinga, em Lauro de Freitas. Há um ano, ele só vê a família por videochamadas no celular.
Onde trabalha, ele notou crescimento das síndromes gripais. “Nas últimas semanas fugiu do normal. A UPA virou quase um covidário e o atendimento por síndrome gripais foi de quase 70% dos pacientes", relata.
Já o enfermeiro Miller Brandão, 32, afirma que a quantidade de trabalho em um plantão de 24 horas também aumentou bastante.