O que Londrina perde na cultura
Parado desde janeiro, o projeto “Musicando na Escola”, que há 15 anos atende 150 crianças por ano na cidade, não teve condições de retornar as aulas de música de câmara, prática de orquestra, treinamento didático instrumental, musicalização e canto coral. “O projeto é dividido em duas frentes: a instrumental e a de canto e teoria. Apenas há duas semanas é que recebemos o valor referente aos projetos ‘estratégicos’ e iniciamos as aulas de instrumentos com metade dos alunos. Mas, a frente de canto coral e teoria, a qual seria contemplada na categoria ‘independentes’, está parada e sem previsão de retornar. Esta frente é indispensável, pois trata de toda a parte teórica que as crianças precisam para tocar os instrumentos. Desde o início do ano estamos tentando viabilizar o projeto com outras alternativas ou recursos, mas não conseguimos nenhum tipo de auxílio”, explica a coordenadora Nicole Bergamo.
O mesmo aconteceu com o projeto “Faces de Londrina”, com 15 anos de existência, que leva a dança para seis bairros da periferia da cidade, considerados localidades de alta vulnerabilidade social. Segundo a coordenadora Carina Corte, mais de 300 crianças e adolescentes de 6 a 18 anos estão sem qualquer aula desde o início do ano. “São bairros extremamente carentes, em que a cultura não chega. A dança que levamos era um dos únicos contatos e experiências que traziam uma pequena perspectiva para vislumbrarem uma vida dife- rente.” Após nove meses de aula, as crianças preparam uma grande apresentação que era realizada em diversos espaços culturais e públicos da cidade. “O valor repassado dava uma média de R$ 20 de custo mensal por aluno; um valor muito baixo diante dos ganhos que sempre trouxe à comunidade”, desabafa.
Com o intuito de levar um pouco de alegria e descontração para crianças no ambiente hospitalar, o projeto “Plantão Sorriso – Arte em Hospitais”, que completará 22 anos em janeiro, só não suspendeu as atividades por conta de um caixa que possuía referente a shows e apresentações particulares que o grupo realiza, mas que já foi utilizado. De acordo com o coordenador Gérson Bernardes, o valor repassado pelo Promic chega a corresponder a cerca de 70% do custeio do projeto. “É usado, basicamente, para pagamento de cachê dos seis atores, uma psicóloga e um administrativo. Além do preparo contínuo, os profissionais dedicam mais de 30 horas por semana para levar a arte que ajuda no processo de recuperação dos pacientes”, resume. O projeto atende gratuitamente seis hospitais de Londrina e região, que recebe a visita uma vez por semana.
(M.T.)