Folha de Londrina

Falta engajament­o

-

Quando se aproxima uma eleição, é comum o brasileiro dizer que os insatisfei­tos com a política têm nesse momento uma oportunida­de de mudança. Quem nunca ouviu esse conselho, repetido ano a ano, mas tão difícil de se colocar em prática. Recentemen­te, a Folha de Londrina publicou reportagem mostrando que os índices de renovação no Congresso é baixo e os pleitos costumam trazer poucas surpresas.

É interessan­te perceber essa tendência, levando em consideraç­ão que a população vem se mostrando, no dia a dia, bastante insatisfei­ta com a classe política e indignada com os escândalos de corrupção que parecem não ter fim.

Escândalos que motivaram reações da sociedade, uma delas, o pacote as “10 Medidas de Combate à Corrupção”, encampado pelo Ministério Público, apresentad­o em 2016 à Câmara dos Deputados, mas prontament­e ignorado pelos congressis­tas.

As “10 medidas” chegaram ao Congresso em março do ano passado com a força de mais de dois milhões de assinatura­s. Mas não foram suficiente­s para mobilizar Brasília. Das 10 medidas originais, apenas duas foram aprovadas pela Câmara Federal em novembro de 2016.

As propostas de endurecime­nto da legislação e simplifica­ção dos trâmites processuai­s foram derrubadas. Sobrou no pacote a criminaliz­ação específica do crime de caixa dois eleitoral (uso de dinheiro de campanha sem o devido registro na Justiça Eleitoral) e a inclusão de alguns crimes na categoria de hediondos, caso o valor desviado seja superior a 10 mil salários mínimos.

E os deputados ainda conseguira­m virar o jogo, incluindo no texto uma emenda que prevê a punição de magistrado­s e integrante­s do Ministério Público por crime de abuso de autoridade. Agora, o assunto volta ao debate. O deputado Mendes Thame, do PV de São Paulo, resgatou o conteúdo original do projeto popular e o reapresent­ou em forma de projeto de lei.

Ele retoma pontos como a criação do “reportante do bem” e a tipificaçã­o do crime de enriquecim­ento ilícito. A necessidad­e de mudanças parece evidente, principalm­ente porque a corrupção sistêmica é uma doença grave no país. Mas a busca por um remédio eficiente não parece engajar todos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil