Pondo sons para circular
Shows de Lívia Nestrovski e Fred Ferreira e, na sequência, da cantora Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik, abrem a primeira edição do Projeto Circulasons em Londrina
Oprojeto Circulasons 2018 estreia sua primeira edição com atração em dose dupla, ou melhor, quádrupla. evento de abertura terá dois shows nunca única noite, que acontece nesta quintafeira (20), às 20h, no Teatro Ouro Verde. Sobem ao palco a cantora Lívia Nestrovski e o guitarrista Fred Ferreira e, na sequência, a cantora Ná Ozzetti e o pianista Zé Miguel Wisnik. Apesar de terem carreiras paralelas que se cruzam, os quatro artistas dividem o palco pela primeira vez. Os ingressos para a noite de apresentações continuam à venda na internet pela plataforma Sympla (www.sympla.com.br) e outros estabelecimentos. O projeto ainda inclui uma série de atividades, oficinas e workshops. A programação completa está disponível na página oficial do Facebook. A idealização, curadoria e produção é de Janete El Haouli frente à TOCA: arte ação criação. Até o final do ano haverá outros três shows de músicos brasileiros fora do circuito comercial.
Nomes já consagrados da música brasileira, Ná Ozetti e Zé Miguel Wisnik se reúnem em voz e piano para celebrar três décadas de parceria. Neste espetáculo, irão mostrar - com viés mais intimista - canções que estão no disco que gravaram juntos, “Ná e Zé” (2015), considerado uma das obras mais impactantes da música atual. “Recentemente nos encontramos e tivemos vontade de criar um novo show. O músico da banda, mais especificamente Márcio Arantes, foi quem teve a iniciativa de produzir um disco e nos convenceu. Foi um trabalho incrível em trio (Zé Miguel, Márcio Arantes e eu), com muita interação dos músicos da banda”, conta Ozetti, que iniciou a carreira musical em 1976, com o grupo Rumo, uma experiência que rendeu muitos shows e 6 LP’s e trabalhos em andamento. Em 1999, lançou o aclamado CD “Estopim”, com canções inéditas e parcerias com Luiz Tatit, Dante Ozzetti, Itamar Assumpção e Zé Miguel Wisnik.
Conhecida por desenvolver trabalhos diversos diferentes parcerias, sempre com sua marcom ca de interpretação personalizada, a cantora considera “a técnica fundamental para termos em mãos as ferramentas que nos possibilitem ‘voar’”. “Quanto maior o domínio, maior a liberdade para se expressar, seguir a intuição, desde que você não fique apenas condicionado a ela, obviamente.” Para ela, que já esteve em Londrina em outras ocasiões (sempre com teatro lotado), projetos como Circulasons são da maior importância, considerando que há uma produção musical muito rica no país. “E isso engloba diferentes gerações, que pouca gente conhece, infelizmente. Todos ganham com iniciativas como estas, a cidade, as pessoas, os artistas, o país.”
ENTRONCAMENTOS
Além da relação entre Ná e Zé, essa história possui outros entrocamentos. Zé Miguel Wisnik é amigo de Arthur Nestrovski, com quem já fez várias apresentações. A partir de 2014, a parceria ganhou com a voz de Lívia Nestrovski, filha de Arthur. O trio se apresentou em vários lugares, incluindo a Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Em 2016, Lívia e Arthur lançaram o disco “Pós Você e Eu”. Considerada, então, uma das novas vozes da música nacional, Lívia Nestrovski, agora com o guitarrista Fred Ferreira, vai apresentar, em Londrina, um show inédito baseado na canção brasileira e sons que os dois vêm experimentando nos últimos tempos. “Testamos muitas canções, de muitas formas, até chegar num resultado que seja interessante esteticamente e que seja coerente com o conjunto de canções que vão se formando”, conta a cantora, sobre o processo de criação do duo e que poderá ser conferido na noite de estreia do projeto.
Solista do compositor Arrigo Barnabé, a cantora lançou, ainda, ao lado dele e de Luiz Tatit o disco “De Nada Mais a Algo Além” (2014). “Para que eu grave uma canção, ela precisa me provocar de alguma maneira: pela beleza, pela estranheza, pela história que conta, pela sonoridade. É interessante, porque essa escolha passa mais pelo âmbito da “magia” do que da racionalidade. Acredito que um canto criativo parta de um olhar criativo para o mundo e para si. Tem a ver com liberdade para se experimentar e com a construção de uma estética pessoal, que está ligada à maneira como uma pessoa se coloca no mundo e no afrontamento com as coisas e as pessoas”, detalha.
Já Fred Ferreira atua como arranjador, diretor musical, trilhista e instrumentista em diversos projetos, tanto no meio erudito quanto popular. Em sua carreira acompanhou diversos nomes de peso da música brasileira e, neste espetáculo, escreveu especificamente para a voz de Nestrovski. “Convivemos há muito tempo e tenho o privilégio de conhecer bastante a voz dela, que facilita meu processo. Outra vantagem é que Lívia é uma cantora com muita qualidade técnica, além de ser muito organizada com o estudo. Sobre a recriação, tento sempre tratar de tudo com o cuidado devido ao texto”, comenta o guitarrista. Para isso, busca equilíbrio entre alguns pilares, dentre os quais cita: “Entender e desenvolver a canção dentro da sequência do concerto, dentro de uma ideia central de repertório; e experimentar versões diferentes da mesma canção, abrindo tempo para explorar os timbres e possibilidades da guitarra, da voz e do que mais for”.
SELO
Projeto Circulasons 2018 prevê ainda a parO ceria com a Circus Produções, que além de produzir shows de vários artistas, desde 2009 tem um trabalho voltado para a distribuição de discos, o selo Circus, tornando-se o braço fonográfico da produtora, que estará em vários espaços culturais da cidade para oferecer ao público londrinense uma gama variada de CDs, LP’s e livros. Na quarta-feira (19), a Circus monta uma lojinha no hall do Sesi/AML a partir das 16h. Na quinta-feira (20), a lojinha será instalada no Teatro Ouro Verde, a partir das 19h.