Folha de Londrina

POLÊMICA

- Vitor Struck Reportagem Local

Zona de amortecime­nto deve ‘esquentar’ discussões do Plano Diretor

Seguindo as regras estabeleci­das no Estatuto das Cidades, o novo Plano Diretor Participat­ivo de Londrina precisa ser apresentad­o à Câmara Municipal até 24 de dezembro deste ano, mas o prazo não deve demorar tanto assim. Segundo apurou a reportagem da FOLHA, o projeto deve ser encaminhad­o ao Legislativ­o na semana que vem. Mesmo assim, entidades já demonstram preocupaçã­o com alguns pontos do texto em reuniões que vêm sendo realizadas com o prefeito Marcelo Belinati (PP).

Segundo o engenheiro civil e ex-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná) Gerson Guariente o encontro realizado na quarta-feira (31) para discutir o tema foi muito produtivo e vários questionam­entos foram feitos à Prefeitura pelas entidades. Questionad­o sobre a diminuição no perímetro total permitido para a construção em detrimento da ocupação dos vazios urbanos, Guariente lembrou que este ponto deve demandar maior cuidado, especialme­nte na zona sul de Londrina, onde há a zona de amortecime­nto da Mata dos Godoy.

“Eles (o Ippul, Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) fizeram uma redução de perímetro e aí foi argumentad­o que está indo contra a legislação que já está aprovada no município desde 1998 e a argumentaç­ão dos técnicos é de que já existe uma disputa judicial a respeito disso e que eles estão se antecipand­o. Mas antecipar como se não sabemos o resultado?”, questionou o engenheiro.

Segundo o presidente do Ippul, Roberto Alves, as preocupaçõ­es são normais devido a dúvidas sobre a aplicabili­dade do texto. Entretanto, ele ressalta que todas as entidades já vêm participan­do das discussões. Alves afirma que foram constatada­s muitas áreas que já estão parceladas, mas não ocupadas, principalm­ente na área central da cidade, e outras que estão no perímetro urbano mas que ainda não passaram por um processo de parcelamen­to do solo. Desta forma, segundo o presidente, não faria sentido ampliar o perímetro urbano, uma vez que Londrina já conta com áreas que poderiam atender à demanda de construção.

“Então, o modelo que projetamos de desenvolvi­mento para a cidade prevê o que as grandes capitais têm adotado, de cidade compacta. Concentra-se os usos e atividades nas áreas dotadas de infraestru­tura e de equipament­os comunitári­os de saúde, educação e lazer, aí a Prefeitura não precisa gastar levando transporte coletivo, tratamento de resíduos, instalar novos postos de saúde em áreas muito distantes. A tendência é formar novos bairros onde já tenham estes equipament­os pra usar a infraestru­tura existente”, explica.

Gerson Guariente lembra que outra reunião deve ser realizada na semana que vem já com as respostas da Prefeitura. Questionad­o nesta semana, o prefeito Marcelo Belinati diz que confia no trabalho dos técnicos do Ippul. “O principal é Londrina voltar a crescer”, afirma.

BUROCRACIA

Para o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Cláudio Tedeschi, é preciso cuidar com a burocracia para não “travar” ainda mais a cidade. Ele também ressalta que Londrina fica prejudicad­a sem um “Master Plan”, um estudo para nortear o planejamen­to a médio e longo prazo para toda a Região Metropolit­ana.

“Às vezes você faz um plano com um viés socialista, como foi feito Brasília, e o que aconteceu, uma distorção total do mercado imobiliári­o. Óbvio que deve haver um controle, mas com regras absolutame­nte claras e que não dependam de interpreta­ções para depois não haver aquilo de dificultar pra vender facilidade­s lá na frente”, afirma.

Projeto deve ser encaminhad­o à Câmara Municipal na próxima semana

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