POLÊMICA
Zona de amortecimento deve ‘esquentar’ discussões do Plano Diretor
Seguindo as regras estabelecidas no Estatuto das Cidades, o novo Plano Diretor Participativo de Londrina precisa ser apresentado à Câmara Municipal até 24 de dezembro deste ano, mas o prazo não deve demorar tanto assim. Segundo apurou a reportagem da FOLHA, o projeto deve ser encaminhado ao Legislativo na semana que vem. Mesmo assim, entidades já demonstram preocupação com alguns pontos do texto em reuniões que vêm sendo realizadas com o prefeito Marcelo Belinati (PP).
Segundo o engenheiro civil e ex-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná) Gerson Guariente o encontro realizado na quarta-feira (31) para discutir o tema foi muito produtivo e vários questionamentos foram feitos à Prefeitura pelas entidades. Questionado sobre a diminuição no perímetro total permitido para a construção em detrimento da ocupação dos vazios urbanos, Guariente lembrou que este ponto deve demandar maior cuidado, especialmente na zona sul de Londrina, onde há a zona de amortecimento da Mata dos Godoy.
“Eles (o Ippul, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) fizeram uma redução de perímetro e aí foi argumentado que está indo contra a legislação que já está aprovada no município desde 1998 e a argumentação dos técnicos é de que já existe uma disputa judicial a respeito disso e que eles estão se antecipando. Mas antecipar como se não sabemos o resultado?”, questionou o engenheiro.
Segundo o presidente do Ippul, Roberto Alves, as preocupações são normais devido a dúvidas sobre a aplicabilidade do texto. Entretanto, ele ressalta que todas as entidades já vêm participando das discussões. Alves afirma que foram constatadas muitas áreas que já estão parceladas, mas não ocupadas, principalmente na área central da cidade, e outras que estão no perímetro urbano mas que ainda não passaram por um processo de parcelamento do solo. Desta forma, segundo o presidente, não faria sentido ampliar o perímetro urbano, uma vez que Londrina já conta com áreas que poderiam atender à demanda de construção.
“Então, o modelo que projetamos de desenvolvimento para a cidade prevê o que as grandes capitais têm adotado, de cidade compacta. Concentra-se os usos e atividades nas áreas dotadas de infraestrutura e de equipamentos comunitários de saúde, educação e lazer, aí a Prefeitura não precisa gastar levando transporte coletivo, tratamento de resíduos, instalar novos postos de saúde em áreas muito distantes. A tendência é formar novos bairros onde já tenham estes equipamentos pra usar a infraestrutura existente”, explica.
Gerson Guariente lembra que outra reunião deve ser realizada na semana que vem já com as respostas da Prefeitura. Questionado nesta semana, o prefeito Marcelo Belinati diz que confia no trabalho dos técnicos do Ippul. “O principal é Londrina voltar a crescer”, afirma.
BUROCRACIA
Para o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Cláudio Tedeschi, é preciso cuidar com a burocracia para não “travar” ainda mais a cidade. Ele também ressalta que Londrina fica prejudicada sem um “Master Plan”, um estudo para nortear o planejamento a médio e longo prazo para toda a Região Metropolitana.
“Às vezes você faz um plano com um viés socialista, como foi feito Brasília, e o que aconteceu, uma distorção total do mercado imobiliário. Óbvio que deve haver um controle, mas com regras absolutamente claras e que não dependam de interpretações para depois não haver aquilo de dificultar pra vender facilidades lá na frente”, afirma.
Projeto deve ser encaminhado à Câmara Municipal na próxima semana