Folha de Londrina

Bolsonaro se alinhará às pautas do mercado, avalia especialis­ta

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No último dia 28 de outubro, Jair Messias Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República com 55% dos votos válidos. A eleição do candidato da extrema direita quebra com a hegemonia do Partido dos Trabalhado­res que esteve a frente do mais alto cargo do Poder Executivo nas últimas quatro gestões. Dentre os fatores que fizeram com que 39% dos 147 milhões de eleitores optassem pela mudança de sigla, está na grave crise econômica que estagnou o País e se agravou desde que Michel Temer (MDB) assumiu a vaga deixada por Dilma Rousseff (PT), em 2016, após esta sofrer o impeachmen­t .

Com a vitória do candidato mais próximo do mercado, a avaliação era de um aceno positivo imediato do setor financeiro. Nutria-se a expectativ­a de que o dólar cairia e a bolsa de valores subisse, segundo explicou o economista Marcos Rambalducc­i. Contudo, o que se viu ao fim do primeiro dia de pregão após a vitória de Bolsonaro foi o oposto, dólar com alta de 1,51%, indo a 3,70, e a bolsa de valores em queda de 2,24%.

Apesar disso, Rambalducc­i é categórico ao reforçar o apreço do mercado com a gestão que está por vir. “Na sequência veremos a mobilizaçã­o dos agentes privados no planejamen­to para um aumento dos investimen­tos na produção, consequênc­ia imediata da melhora nos indicadore­s de confiança, tanto do setor produtivo, quanto do consumidor”, acredita.

Entre os motivos que pesam para essa grande possibilid­ade de namoro entre Governo e mercado está no nome do economista Paulo Guedes. “Com um perfil liberal, o futuro ministro da fazenda, Paulo Guedes, está alinhado com o mercado. Defensor de um estado mínimo, ele vai acelerar privatizaç­ões e buscará dar segurança jurídica aos investidor­es de maneira a atrair capital externo para aportar na produção, o que sinaliza retomada do emprego e da renda e consequent­e melhora do humor do mercado, que já vinha se posicionam­ento favorável a Jair Bolsonaro”, argumenta.

Segundo o economista, o mercado conta com um compromiss­o assumido pelo novo presidente em relação ao combate do deficit nas contas públicas, condição necessária para que haja confiança dos empresário­s em investir na produção. “Isso é fundamenta­l, pois não tomar medidas que projetem equilíbrio fiscal implicará em aumento nos juros para financiar a dívida pública e isso significar­á menor capacidade de investimen­tos e de consumo. Para que seja crível este compromiss­o, é necessário colocar na pauta, desde o primeiro momento, a questão da reforma na previdênci­a”. Outra medida apontada pelo especialis­ta como esperada pelo mercado é a de que o governo estude uma reforma fiscal que, se não diminua os impostos, ao menos os simplifiqu­e.

O Brasil que chega para o novo presidente, de acordo com os dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), é um país que fechou o primeiro trimestre de 2018 com 12,7 milhões de desemprega­dos. Para estancar esta sangria, Rambalducc­i aponta medidas que serão necessária­s para melhorar a confiança por parte do setor produtivo, tanto interno quanto do investimen­to estrangeir­o, trazendo como resultado imediato aporte de capital na produção e a criação de postos de trabalho na indústria e a reboque dela, no setor terciário.

“O desafio imediato é a construção de consenso no Congresso Nacional para aprovação de medidas impopulare­s. O segundo desafio será o de implementa­r medidas que levem ao aumento da produtivid­ade tanto no setor público, quanto no setor privado. E, por fim, a retomada do tripé macroeconô­mico de superávit primário, controle da inflação e câmbio flutuante”, diz.

Com o pleito decidido a favor do candidato com mais proximidad­e com o mercado, o economista avalia que as pautas de investimen­to serão destravada­s, podendo até surpreende­r com um cresciment­o do PIB em 2019. “Isso vai depender da aprovação das principais medidas de controle do deficit fiscal”.

“O mercado financeiro é sensível ao risco, pois é por meio do nível de risco que os investimen­tos são decididos. A vitória de Bolsonaro minimiza as incertezas do mercado, diminuindo o risco, pois a postura do candidato de não ser populista demonstra ao mercado a intenção de equilibrar as contas públicas. Por conseguint­e, tende-se a aumentar os indicadore­s de grau de investimen­to, demonstran­do que o Brasil é um bom pagador. Assim circunstan­ciado nas expectativ­as de equilíbrio de contas públicas e obtenção do grau de investimen­to, o mercado financeiro tende a reagir positivame­nte”, comenta o diretor do Sescap-Ldr, Marlon Marçal.

Leia coluna www.folhadelon­drina.com.br Fonte: Sindicato das Empresas de Assessoram­ento, Perícias, Informaçõe­s, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região (Sescap-Ldr).

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