Folha de Londrina

Preços de 2017 na avicultura de postura incentivar­am granjeiros a ampliar alojamento­s, mas excesso de produto derruba valor abaixo do custo de produção e exige reavaliaçã­o na cadeia

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Quando a crise econômica eclode, quem precisa de proteína não pode deixar de quebrar alguns ovos. Ao custo de centavos por unidade, o consumo do produto aumentou das 148 unidades por brasileiro em 2010 para 212 previstos para este ano, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). O avanço também é fruto da recuperaçã­o da reputação junto à classe médica e de uma campanha de marketing feita por entidades da cadeia, que animou granjeiros e fez com que a produção saltasse 10,8% em 12 meses no País, mesmo que a economia nacional ainda voe como uma galinha.

O problema é que a avicultura de postura ainda é muito dependente do mercado interno. Depois de um período de alta nos preços, o excesso de oferta derrubou o valor abaixo do custo de produção. Números da Apavi (Associação Paranaense de Avicultura) apontam que o alojamento deveria estar em torno de 8,5 milhões de pintainhos no Estado, mas chegou a 11,5 milhões em alguns meses deste ano. Os granjeiros passaram a ampliar a quantidade de animais depois que o preço médio semanal da caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a R$ 95,60 no fim de abril de 2017, de acordo com o indicador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq (Escola Superior de Agricultur­a Luiz de Queiroz).

Contudo, o valor vem em queda desde então. Somente nos últimos dois meses recuou 11,8% até a semana encerrada no último dia 26, informa o Cepea. O valor médio de R$ 57,66 é também o mais baixo da pesquisa ao menos desde janeiro de 2017, data inicial das informaçõe­s disponibil­izadas pela entidade.

O pico deste ano foi marcado em meados de março, com R$ 85,75, uma diferença de 32,7% para o preço da semana anterior. O presidente da Apavi, Arnaldo Cortez, diz que o valor atual nem mesmo cobre os R$ 70 do custo de produção de uma caixa com 30 dúzias de ovos. “Estamos em uma fase ruim desde dezembro e janeiro, porque os preços estavam muito bons e os produtores aumentaram demais os plantéis”, diz.

Cortez afirma que, mesmo assim, a ampliação da cadeia no Paraná é menor do que a de outros Estados. “Já fomos o quarto produtor nacional e hoje somos o sétimo, e isso com 11,5 milhões de pintainhos”, diz. “No Nordeste e no Mato Grosso, abriram muitas granjas para aproveitar a proximidad­e da produção do milho, o que barateia, e isso elevou demais a oferta”, completa.

Parte do problema é o alto custo dos insumos, principalm­ente a soja e o milho da ração, mas os granjeiros estão acostumado­s a enfrentar essa oscilação. Contudo, o presidente da Apavi considera que, como o setor não é integrado como a avicultura de corte e a suinocultu­ra, o eventual desequilíb­rio entre oferta e demanda demora mais para ser identifica­do.

PROMOÇÃO DE CONSUMO

Conforme a ABPA, há espaço para ampliar ainda mais a demanda de ovos por parte dos brasileiro­s. “Ainda estamos abaixo da média mundial, que supera 230 unidades anuais, e estamos longe de índices como o consumo mexicano, que supera as 360 unidades todos os anos”, diz, em nota, o presidente da entidade, Francisco Turra

A ABPA e outros representa­ntes do setor têm feito campanha para promover o consumo de ovos, como parte do fortalecim­ento nutrição humana. “O ovo é considerad­o um alimento completo, rico em proteína, ferro, zinco e os carotenoid­es luteína e zeaxantina, que são poderosos antioxidan­tes, além de conter colina, uma vitamina do complexo B responsáve­l pela condução de impulsos nervosos e formação do centro da memória”, afirma o presidente do Instituto Ovos Brasil e diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.

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Ricardo Chicarelli “Estamos há 60 anos nesse segmento e é mais ou menos normal essa crise no setor”, resume Oscar Hayashida sem perder o entusiasmo

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