Suspeito de racismo em vídeo tem arma apreendida
A Polícia Civil de Londrina apreendeu a arma utilizada pelo estudante Pedro Bellintani Baleotti, 25, suspeito de incitação ao racismo, na gravação de vídeos em que faz ameaças a negros. Além do revólver calibre 38 e munições, uma espingarda de pressão foi recolhida.
No dia 28 de outubro, segundo turno das eleições, Baleotti divulgou um vídeo em que ele diz: “indo votar... com arma, faca, pistola e o diabo. Louco pra ver um vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo. Ó (vira o celular para um motociclista que está a sua frente), tá vendo essa ‘negraiada’ aí? Vai morrer, vai morrer! Aqui é capitão!” A gravação foi feita dentro de um veículo e o estudante usava a camisa do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Conforme a Polícia Civil, um segundo vídeo gravado anteriormente na casa dele, em Londrina, também veio à tona. Nas imagens, Baleotti manuseia uma arma registrada no nome do pai. Após a divulgação, o estudante tentou apagar os arquivos das mídias sociais.
Baleotti prestou depoimento na última sexta-feira (2), na 10ª Subdivisão da Polícia Civil em Londrina. De acordo com o delegado chefe Osmir Ferreira Neves, o estudante negou que tenha comportamento racista e alegou que o vídeo representa apenas um fato isolado. “Ele negou que se trate de uma pessoa envolvida em qualquer tipo de ação racista ou que seja uma pessoa vinculada a grupos extremistas. De fato, ele relatou também que se tratou de um ato isolado e que, imediatamente após se dar conta da gravidade do que gravou, ele acabou por tentar retirar das mídias sociais”, afirmou.
A Polícia Civil não encontrou materiais de cunho político-partidário ou de grupos extremistas na casa do estudante. O celular dele foi apreendido e deve passar por perícia. O vídeo em que o estudante está com a arma em mãos foi gravado meses antes no quarto do pai, que possui o registro do revólver. A cena, segundo o delegado, gerou divergências em relação ao crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo por parte do estudante. “O que chama a atenção nesse caso é que ele fez o uso, portou a arma de fogo em cunho intimidatório estando no interior da casa. Tudo isso está sendo avaliado para ter uma tipificação adequada”, explicou.
O advogado Marcos Prochet Filho, que representa o estudante, destacou que “tal arma está devidamente registrada e em posse da família há décadas, o que foi confirmado para a polícia através de documentação. Ele nunca se furtou da Justiça e está à disposição, razão pela qual compareceu espontaneamente à delegacia para prestar depoimento, o qual estava agendado tão somente para esta semana”.
O inquérito instaurado pela Polícia Civil de Londrina no último dia 30 deve ser concluído no final de novembro.
Além do revólver calibre 38 e munições, uma espingarda de pressão foi recolhida